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Nove em cada dez crianças respiram ar poluído no mundo, diz OMS

E correm perigo por isso. A entidade calcula que 600 mil crianças morreram em decorrência de infecções respiratórias causadas pela poluição só em 2016.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 1 nov 2018, 17h07 - Publicado em 1 nov 2018, 17h04
 (veeterzy/Unsplash)
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Em relatório divulgado essa semana, a OMS (Organização Mundial de Saúde) alerta para a alta exposição das crianças aos poluentes do ar. Segundo a entidade, 93% dos menores de cinco anos vivem em regiões tão poluídas que colocam em risco sua saúde. Em 2016, foram 600 mil mortes nesta faixa etária, provocadas por infecções respiratórias relacionadas à qualidade do ar.

Além das infecções, o relatório traz evidências sólidas sobre os diferentes efeitos dos gases tóxicos nesta faixa etária: aumento do risco de parto prematuro, impacto no desenvolvimento neurológico, função pulmonar prejudicada, aumento na incidência de bronquites, asma e otite, obesidade e até alguns tipos de câncer infantil.

“A poluição do ar está tolhendo o crescimento do cérebro das crianças e afetando sua saúde em mais maneiras do que suspeitávamos”, comentou em comunicado à imprensa Maria Neira, médica diretora do Departamento de Saúde Pública, Ambiental e Determinantes Sociais de Saúde da OMS. Um dos motivos para isso é o fato delas respirarem mais rápido e perto do chão que os adultos e, assim, absorverem mais toxinas, o que é perigoso para o organismo que ainda está em formação. 

Brasil merece atenção

É um problema global, mas os países que mais sofrem são os de baixo e médio nível socioeconômico, especialmente na África, Sudeste Asiático, Leste Mediterrâneo e Leste Pacífico. Nessas regiões, a contaminação doméstica do ar é maior por conta do uso de combustíveis e tecnologias poluentes para cozinhar, aquecimento e iluminação.

Nas Américas, o relatório estima que 87% dos menores de cinco anos estejam expostos a níveis alarmantes de toxinas no ar, sendo 3 mortes a cada 100 mil menores de cinco anos no Brasil. No total, até 75% da população nacional vive em áreas onde a concentração de partículas do tipo PM2.5, poluentes emitidos por escapamentos e fábricas, é maior que a considerada segura para os humanos.

Em maio deste ano, a OMS divulgou uma análise exclusiva do país que contabiliza mais de 50 mil mortes em 2016 provocadas pela poluição. Além da poluição do ar, más condições do ambiente como falta de saneamento básico e acesso à água tratada são determinantes para os índices de mortalidade infantil. A poluição ambiental — que considera todos esses fatores, incluindo o ar — vitima 1,7 milhão de crianças ao ano no planeta.

Como parte do alerta, a OMS recomenda medidas imediatas para reduzir a poluição, especialmente do PM2.5. Entre elas, acelerar a adoção de combustíveis e tecnologias sustentáveis, além de medidas públicas que promovam o uso de transportes e abastecimento de energia mais limpos.

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