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Isabeli Fontana: “Nenhuma criança deve sofrer com uma doença que pode ser evitada”

Além de modelo e mãe, Isabeli também é ativista na erradicação da poliomielite. Em entrevista exclusiva ao Bebê.com.br, ela fala sobre as experiências vividas nessa luta e os desafios que ainda precisamos enfrentar para acabar com a enfermidade.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 00h15 - Publicado em 21 abr 2016, 08h00
Jean-Marc Giboux
Jean-Marc Giboux (/)
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Isabeli Fontana começou a carreira cedo: aos 13 anos, a modelo já vencia o concurso da agência Mega Models. Em pouco tempo, ficou famosa por desfilar nas principais passarelas do Brasil e do mundo e estrelar grandes campanhas. A maternidade também veio rápido. Em 2002, aos 19 anos, ganhou seu primeiro filho, Zion. O pai do garoto é o também modelo Álvaro Jacomossi. Em 2007, chegava ao mundo o segundo filho de Isabeli, Lucas, fruto do casamento com o ator Henri Castelli.

A maternidade trouxe ainda mais responsabilidades – e prestígio. “Na minha carreira, notei um respeito maior por parte das pessoas depois que me tornei mãe. Talvez pela influência na minha atitude, talvez pela maturidade que eu mostrei no retorno ao trabalho”, analisa a modelo, em entrevista exclusiva ao Bebê.com.br. Quando se trata dos cuidados com os filhotes, Isabeli não mede esforços. “Eu me preocupo muito com a qualidade da alimentação, da educação e dos hábitos diários dos meus filhos”, garante a top.

Inclusive, a preocupação com o bem-estar de Zion e Lucas despertou nela o interesse por ajudar outros pequenos, em especial aquelas que enfrentam dificuldades. Isabeli já apoiou um hospital dedicado a tratar pacientes com câncer, campanhas para doação de sangue e colaborou com a Fundação Abrinq na elaboração de roupas cujas vendas foram revertidas para ajudar crianças carentes. Atualmente, ela atua junto à Rotary International, uma rede global de voluntários que buscam vencer grandes desafios da humanidade. Um deles é a erradicação da poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. Isabeli é a embaixadora da Rotary por essa causa.

Em 2015, a modelo fez uma viagem à Índia, país que já foi reduto da pólio. Lá, a modelo vacinou crianças e conversou com representantes da Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entrevistamos Isabeli para saber mais sobre essa experiência, a importância da vacinação e os desafios que ainda precisamos enfrentar no combate à enfermidade. Confira a seguir:

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Jean-Marc Giboux
Jean-Marc Giboux ()

Por que você decidiu se engajar na causa da vacinação contra a pólio?

Isabeli Fontana: Foi um resultado natural do cuidado que tenho com os meus filhos e da importância que a família tem para mim. Começa com querer proteger os filhos da melhor maneira possível, passando pela certeza de que todas as crianças merecem uma chance de vida feliz e produtiva e, finalmente, a conclusão de que, para isso, não posso ser indiferente aos problemas que afetam o mundo ao meu redor, especialmente quando eles podem ser evitados.

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A poliomielite não tem cura, mas é possível evitar a propagação do vírus protegendo os pequenos com a vacinação. Nenhuma criança deve sofrer com uma doença que pode ser evitada. O último registro de paralisia infantil no Brasil foi em 1989, mas a descoberta do vírus selvagem da pólio em amostras de esgoto no Brasil em 2014 nos faz lembrar que todos os países – mesmo aqueles com excelentes programas de vacinação de rotina – continuam em risco até que a transmissão do vírus seja interrompida em todo o mundo.  

Segundo especialistas, se ela não for erradicada agora, poderá se espalhar novamente, causando até 200 mil novos casos por ano em uma década. O Rotary começou sua luta contra a pólio há mais de 20 anos. Desde então, juntamente com seus parceiros, conseguiu reduzir em 99% os casos da doença em todo o mundo. Eu me juntei à campanha dessa organização humanitária para incentivar mais pessoas a apoiarem a iniciativa de erradicação. 

Como foi a experiência na Índia?

I.F.: Pessoalmente foi muito gratificante. Aprendi muito sobre o processo de erradicação da doença, fiquei encantada com a receptividade amorosa e sem julgamento dos indianos e descobri que são muitas as formas e oportunidades de se fazer a diferença neste mundo. Em relação à campanha, vi em primeira mão o impacto da estrutura desenvolvida para que o combate à paralisia infantil fosse bem sucedido. A Índia, que foi por muito tempo reduto da doença, hoje é um exemplo de como líderes comunitários, o governo e entidades diversas podem se reunir e criar um modelo de saúde eficaz, mesmo com tantas dificuldades. Na minha estada, visitei representantes de dois parceiros do Rotary na Inciativa Global de Erradicação da Pólio, o Unicef e a OMS, e vacinei crianças pequenas contra a pólio. Foi uma experiência excepcional saber que, dando as duas gotinhas, eu estava protegendo-as para a vida toda. 

Mas nem tudo foi alegre. Visitei o Hospital St. Stephen, em Nova Délhi, o único do país com uma ala dedicada exclusivamente à reabilitação de crianças afetadas pela paralisia infantil. Esses pacientes, que contraíram a doença antes que ela fosse controlada, são uma lembrança de que a nossa luta não acabou e precisamos fazer mais.

Há alguma história dessa visita que marcou muito você?

Jean-Marc Giboux
Jean-Marc Giboux ()

I.F.: Fiquei muito emocionada ao encontrar com os sobreviventes de pólio no hospital e ao vacinar as crianças. Falar com as agentes de saúde que vão de porta em porta, embaixo de chuva ou sol, também foi extremamente gratificante. Essas pessoas levam vacinas, vitaminas, noções básicas de saúde e apoio às comunidades distantes e de difícil acesso.

Mas, se tiver que escolher uma única história, fico com a da mãe que se sentou ao meu lado para que eu vacinasse o seu bebê contra pólio e não queria sair até receber todas as outras vacinas (eu era treinada somente para dar as gotinhas). Mesmo vivendo em países de cultura e costumes absolutamente diferentes e com experiências de vida também muito distintas, nos compreendemos ali neste sentimento poderoso que tínhamos em comum: a dedicação e o amor por um filho

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A OMS afirmou recentemente que a pólio deve ser erradicada dentro de 12 meses. Na sua opinião, estamos próximos desse objetivo?

I.F.: Estou muito confiante. Na década de 1980 havia 350.000 casos de pólio por ano – afetando cerca de 1.000 crianças por dia. Em 2015, menos de 75 casos foram registrados. A Índia, que já foi o epicentro mundial da poliomielite, foi finalmente certificada como livre da doença em março de 2014, após três anos sem casos. A Nigéria foi declarada livre da pólio no ano passado, depois de passar um ano sem casos e está a caminho da certificação. Atualmente, só Paquistão e Afeganistão são considerados países endêmicos. E, embora apresentem dificuldades particulares para a imunização efetiva, essas áreas se beneficiam de todo o aprendizado conquistado no processo de erradicação e atenção global. Por isso é tão importante que todos suportem este último esforço, para que os investimentos feitos não se percam.

Você acha que há muita desinformação atualmente sobre a importância da vacinação? O que fazer para combater e melhorar isso?

I.F.: São muitas as opiniões conflitantes sobre o assunto propagadas pela internet. Acho essencial que as pessoas busquem se educar e se informar muito bem sobre o impacto de suas ações. No caso da pólio, qualquer um que tenha vivido o auge das infecções que aconteciam no Brasil até o fim da década de 1980 pode contar como era a vida antes e depois das campanhas de imunização. A poliomielite não tem cura, pode matar e tem efeitos terríveis com a paralisia, podendo comprometer das extremidades aos pulmões, impedindo que a criança respire por conta própria. 

Também é importante lembrar que a doença somente é controlada no Brasil por conta da cobertura vacinal, mas o vírus sempre pode ser importado, e quem não estiver protegido corre riscos. Ainda mais com o vírus da pólio sendo de fácil transmissão: ele é carregado pelas fezes e gotículas expelidas durante a fala, a tosse ou o espirro da pessoa contaminada. Falta de higiene e de saneamento na moradia, além da concentração de muitas crianças desprotegidas em um mesmo local, favorecem a transmissão. Para quê correr esse risco? Ainda mais no caso de uma vacina segura e testada amplamente.

Jean-Marc Giboux
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