Infertilidade: quando o problema está no homem
O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.
A infertilidade masculina é responsável pela metade dos casos de casais que não conseguem engravidar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% das taxas de infertilidade são atribuídas aos homens. Os outros 40% se aplicam à mulher e de 30% a 40% dos casos em que o casal não consegue engravidar são por motivos que envolvem a infertilidade de ambos, homem e mulher.
Fato curioso é que os homens não se preocupam muito com a sua fertilidade. Geralmente, a companheira descobre que não consegue engravidar por algum motivo que não diz respeito a ela. É incomum que rapazes apareçam sozinhos nas clínicas de reprodução assistida para checar se possuem algum problema de fertilidade. Alguns só encaram uma visita ao médico quando a parceira procura ajuda de um especialista e, ao fazer o teste, confirma que pode ter filhos. Então, resta uma possibilidade: a causa vem do homem e não da mulher.
A resistência de alguns homens pode estar ligada à fatores culturais como o machismo, que associa a infertilidade masculina a uma suposta falta de virilidade. Isso é um pensamento retrógrado, e prova disso é que muitos não vêm problema nenhum em acompanhar suas mulheres aos consultórios para resolverem juntos o a dificuldade de engravidar.
O primeiro passo para que o homem identifique algum problema que o impeça de ter filhos é a realização do espermograma, um exame simples e esclarecedor do que se passa exatamente com o potencial fértil. O médico analisa amostras seminais colhidas pelo próprio paciente através de masturbação. O material coletado será encaminhado para a análise da quantidade, motilidade e morfologia dos espermatozoides. A partir de então, junto aos exames da mulher, o especialista saberá dizer com maior precisão quais as melhores medidas a serem tomadas para que o casal consiga ter um bebê.
O homem produz espermatozoides de três em três meses, e sua produção continua ativa mesmo após os 50 anos, idade em que a reserva ovariana já teria se esgotado. Os motivos que impedem a fertilidade são diversos: a má formação das células reprodutivas masculinas, a baixa concentração delas no espermograma ou problemas como a varicocele, que aumenta a temperatura dos testículos provocando a desnaturação dos espermatozoides. Outro fator que impede a gravidez é a vasectomia, cirurgia realizada voluntariamente pelo homem, que obstrui os ductos deferentes para bloquear a saída do esperma.
Hoje, já existem técnicas muito úteis para auxiliar o paciente que deseja ser pai, como a Injeção Intra-Citoplasmática (ICSI), que introduz, através de uma agulha, o espermatozoide diretamente dentro do óvulo.
Não importam quais sejam os motivos, ambas as partes envolvidas no tratamento devem apoiar uma a outra, independente de qual delas provem o problema de infertilidade. Tentar gerar um filho para resolver situações conflituosas de relacionamento conjugal pelas quais os dois estejam passando é um grande erro. Querer ter um filho é uma experiência que precisa ser pensada com cuidado, porque muitas vezes o desafio é ainda maior após o nascimento do bebê.