Impressão 3D ajuda a salvar vida de bebê que nasceu sem parte do crânio
A tecnologia permitiu que os cirurgiões treinassem um procedimento raro e extremamente delicado antes de operar a criança polonesa
Uma garotinha nascida na cidade de Rzeszow, na Polônia, imediatamente chamou a atenção da equipe médica de seu parto por vir ao mundo com uma parte do crânio faltando – problema não identificado pelos exames de imagem durante a gestação. O espaço, equivalente a um quinto da formação craniana, é um defeito congênito raro e grave, pois deixa o cérebro exposto.
Diante do quadro, ela foi transferida para o University Children’s Hospital, especialista em pediatria na Cracóvia, onde os profissionais estabeleceram um limite de quatro dias para que fosse operada. A cirurgia, extremamente delicada, deveria usar pele e tecidos moles de outras áreas do corpo da bebê para remendar a parte faltante. Para isso, era imprescindível que os médicos pudessem treinar e se sentissem prontos em tempo hábil.
A tecnologia, então, foi essencial: a partir das imagens detalhadas da cabeça da recém-nascida feitas por tomografia e ressonância magnética, foi realizada a impressão 3D de dois crânios na capital polonesa, Varsóvia, que durou 26 horas do início ao fim. Depois de prontos, os modelos foram enviados ao hospital e os cirurgiões puderam simular o delicado procedimento, identificando problemas que poderiam acontecer durante a operação.
Nesse meio-tempo, a bebê foi mantida isolada em uma incubadora, uma vez que o cérebro exposto era uma porta de entrada a infecções graves – até mesmo o aleitamento materno era feito por um tubo.
Procedimento delicado
Em uma cirurgia de duas horas, o tecido mole de seu crânio foi construído a partir de pele, músculo e gordura da própria criança. O professor Łukasz Krakowczyk, que liderou a operação, contou ao jornal britânico Daily Mail que, em 20 anos de experiência, aquela foi a primeira vez que ele realizou o procedimento. “Para mim foi muito inovador. Por volta de um quinto da superfície do crânio estava faltando, então era algo muito grande”, relatou.
O caso aconteceu em fevereiro deste ano, mas só foi relatado agora. Sabe-se que, ainda, a garotinha precisará passar por outros tratamentos enquanto seus ossos se desenvolvem. “A criança espera por outra operação, agora para reconstruir o crânio, mas nós sabemos que os ossos dela estão crescendo e é por isso que devemos esperar por essa fase”, explicou Krakowczyk. Na próxima etapa, espera-se que a impressão 3D auxilie novamente, desta vez para que a reconstrução óssea encaixe da forma ideal.