Entenda o que é o GH e como ele atua no crescimento da criança
O hormônio é utilizado no tratamento do déficit de crescimento infantil. Saiba a quais sinais estar atento para diagnosticar a condição o quanto antes.
Desde que o pequeno sai do útero, uma das principais preocupações dos pais é: será que ele está crescendo como deveria? Para quem convive com a criança todo dia, porém, fica difícil solucionar essa questão sozinho. Adiantamos: marcar a altura na parede é divertido, mas não basta na hora de avaliar o crescimento do filho.
O ideal mesmo é que o bebê seja levado logo cedo ao pediatra e que as consultas sejam periódicas, variando entre 4 e 6 meses. Como cada processo de crescimento é individual, apenas um especialista poderá dizer se o desenvolvimento da criança está dentro dos parâmetros.
Apesar disso, os adultos devem ficar atentos a alguns sinais que podem indicar déficit de crescimento, como: estatura abaixo da média inferior do canal familiar, presença de condições predisponentes – como tumores, síndromes genéticas, radioterapia na região da cabeça ou bebês nascidos muito pequenos (em torno de 43 centímetros) – e redução na velocidade de crescimento.
“É importante prestar atenção principalmente se a criança está crescendo menos de 4 centímetros por ano. Por exemplo, se ela foi no pediatra e na visita seguinte cresceu apenas um centímetro. Pode estar normal, mas é bom investigar”, afirma a Dra. Bruna Tincani, endocrinologista pediátrica pela Universidade Estadual de Campinas.
Outro sinal pode ser observado na própria escolinha do pequeno, notando a diferença de altura dele em relação aos outros da mesma idade. “Devemos suspeitar quando a criança é uma das mais baixas da sala – sempre lembrando que quem é do primeiro semestre costuma ser um dos mais novos. Mas, se está muito abaixo dos amiguinhos, é importante procurar um especialista para avaliar se está tudo bem ou não”, acrescenta a médica.
No entanto, o déficit de crescimento pode ocorrer a qualquer momento da infância, até mesmo quando a criança é uma das mais altas em determinado momento e depois seu ritmo de crescimento se lentifica mais do que o normal. Segundo a curva de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), a baixa estatura é definida quando a altura da pessoa se encontra abaixo do percentil 3.
É por isso que as visitas regulares ao especialista são tão fundamentais. Quanto antes o problema for diagnosticado, melhor a resposta ao tratamento, que é feito por meio da reposição do GH, o famoso “hormônio do crescimento”.
O que é o GH e como funciona o tratamento
“O hormônio de crescimento é uma substância produzida por uma glândula no cérebro, denominada hipófise, que ajuda os ossos, dentes e músculos a se desenvolverem como devem. Ele também afeta a maneira como o corpo usa proteína, gordura e açúcar provenientes da alimentação. Quando o corpo não produz naturalmente hormônio do crescimento suficiente, o paciente pode obter uma quantidade extra do GH que precisa, tomando medicamento”, explica Bruna.
O tratamento com o hormônio é indicado em qualquer indivíduo que apresente deficiência da produção de GH pela hipófise. Ele é feito a partir de injeções diárias, por via subcutânea, e ainda não existem outras formas de administração, como por comprimidos. No mercado, é possível encontrar seringas e canetas aplicadoras, tanto descartáveis quanto reutilizáveis, que duram até 3 anos a partir do primeiro uso.
De acordo com o DATASUS (Departamento de Informática do SUS), em pesquisa conduzida em 2017 pelo IMS (Instituto Moreira Salles), existem cerca de 25.000 pacientes em tratamento por ano no mercado. No entanto, o diagnóstico da criança gira em torno dos 8 anos, o que ainda é uma idade tardia.
O GH atua nas cartilagens de crescimento, que ficam “abertas” até o fim da puberdade. Nesse período, após o estirão puberal, o organismo tende a apresentar maior resistência à aplicação do hormônio. Por isso, quanto antes ele for administrado, melhor.
Os pais podem ficar temerosos de início, mas é importante deixar claro que os benefícios de tratar a baixa estatura vão para além da questão estética. “Uma pessoa com deficiência de GH possui maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto ou AVC precoces. Isso porque ele é um hormônio anabólico, que aumenta os músculos. Então, quando em falta, a proporção de lipídios (gordura) no corpo da pessoa é maior – e isso está relacionado à obesidade e aos problemas nos vasos sanguíneos e no coração”, aponta a endocrinologista.
Outras áreas da vida da criança também podem ser favorecidas com a regulação do crescimento, como a melhora da autoestima e até de questões motoras. “Tenho uma paciente que disse ‘doutora, eu estava na dúvida se valia a pena o tratamento ou não, até que a letra do meu filho melhorou’. Tem coisas pequenas que só vemos no dia a dia: essa criança tinha uma hipotonia motora, tinha dificuldade na escrita e fazia aula de caligrafia… Assim que começou a usar o GH, antes mesmo do crescimento, a mãe observou que a coordenação do menino, a letra e sua escrita melhoraram”, conclui a médica.