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Entenda o que é a depressão pós-parto

Muitas mulheres ficam pra lá de melancólicas depois de darem à luz. Entenda por que isso acontece e saiba contornar a situação.

Por Michelle Veronese (colaboradora)
Atualizado em 14 mar 2019, 11h40 - Publicado em 10 jun 2015, 10h02

O bebê acaba de nascer! É tempo de festejar e fazer muitos planos. Mas algumas semanas depois a mulher está diferente. Ela se sente angustiada, mergulha numa melancolia sem fim. Não tem pique para cuidar do recém-nascido e até simples tarefas, como trocar as fraldas e amamentar, exigem dela um grande esforço. Sem dúvida nenhuma, há algo errado com essa mãe.

A vilã por trás dessa história atende pela alcunha de DPP, ou depressão pós-parto. “É um problema sério e, infelizmente, muitas famílias ainda deixam passar despercebido”, conta Florence Kerr-Corrêia, professora de psiquiatria da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. A solução, nesse caso, é ficar de olho nos sintomas e aprender, tintim por tintim, como lidar com a situação.

Pra começar, a DPP geralmente dá as caras um mês depois do parto. Mas é bom tomar cuidado para não confundi-la com baby blues. “Essa expressão em inglês refere-se a uma tristeza leve, considerada normal e que passa em poucos dias”, lembra Marco Antônio Brasil, chefe do serviço de psicologia e psiquiatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. “A mulheres com baby blue ficam mais emotivas e choram com facilidade.” Já na DPP, os sintomas são mais intensos e semelhantes aos de uma depressão clássica. A lista inclui desânimo, baixa autoestima, falta de prazer e alteração no sono e no apetite. “Em casos mais graves, a mulher pode deixar de cuidar da criança, ter raiva dela e até pensar em suicídio”, adverte o especialista.

Os médicos ainda não descobriram a causa da depressão pós-parto nem por que os sintomas aparecem numa fase que deveria ser sinônimo de alegria para as mulheres. “A suspeita recai sobre vários fatores e, entre eles, sem dúvida, devemos considerar as alterações hormonais”, conta o ginecologista João Bortoletti Filho, professor da Universidade Federal de São Paulo. Acontece que, assim que o bebê nasce, os níveis dos hormônios femininos caem vertiginosamente. E o corpo, como de costume, responde com perturbações no ânimo e no humor.

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Outro provável gatilho é a mudança de vida. Cá entre nós: a chegada do bebê, especialmente se for o primeiro filho, causa uma revolução na rotina de qualquer pessoa. Mudam os horários de dormir, comer, acordar. O desgaste físico é imenso, sem falar na preocupação com o filho, que requer atenção o tempo inteiro. “Se a mãe não estiver preparada para esses desafios, pode ficar mais vulnerável a problemas emocionais”, afirma Florence.

Alguns especialistas também desconfiam de que as mulheres que já sofreram de depressão têm mais probabilidade de ter DPP. “O estresse e a ansiedade causados pela chegada do filho poderiam abrir caminho para uma crise”, conta Marco Antônio. Para essas mães, é essencial procurar imediatamente a orientação médica ao notar os primeiro sintomas. Aliás, a dica vale para todas as mães que desconfiam de uma depressão pós-parto. “Se a mulher não perceber que está diferente ou não quiser buscar ajuda, cabe ao companheiro ou à família darem o primeiro passo”, sugere João Bortoletti Filho. O tratamento vai depender do grau de depressão e, de acordo com o caso, pode ou não incluir o uso de medicamentos. “Tudo isso é avaliado com muito critério, levando sempre em consideração a saúde da mãe e do bebê”, explica Florence.

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