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É verdade que os bebês nascem com hipermetropia?

Sim, eles nascem enxergando mal, mas a visão tende a evoluir naturalmente com o desenvolvimento do bebê. Entenda!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 20 jan 2021, 12h40 - Publicado em 20 jan 2021, 12h38

Com tantos órgãos e sistemas envolvidos no funcionamento do corpo humano, é lógico pensarmos que, mesmo depois de nove meses na barriga da mãe, o bebê não saia “prontinho” e ainda tenha muito a desenvolver.

Mas além do mais óbvio, que sabemos que só com tempo e aprendizado a criança irá adquirir – como a fala, os movimentos específicos e o raciocínio lógico -, a oftalmopediatra Dra. Marcela Barreira nos conta que existe outro sentido que não está 100% estruturado com a chegada do pequeno: a visão.

A criança nasce enxergando mal, porque está com a visão ainda em desenvolvimento, com sua via cerebral ainda não completamente formada”, afirma ela.

“O olho é o último órgão a terminar de se formar, com cerca de sete anos de idade”, acrescenta. Neste sentido, a habilidade de enxergar nada mais é que um processo de aprendizado que acontece conforme o crescimento da criança, à medida em que recebe estímulos.

Segundo a médica, podemos inclusive dizer que todo recém-nascido tem hipermetropia. “Isso porque seus olhos são menores que o do adulto e esse diâmetro pequeno é característica dos hipermétropes”, explica ela.

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No entanto, Marcela tranquiliza os pais, ressaltando que a condição nos bebês não significa necessariamente um problema. “Temos uma curva do que é considerado ‘normal’ para cada idade e podemos considerar algo patológico apenas se ela está fora do esperado para a faixa etária”, pontua.

Além disso, como a oftalmopediatra já adiantou, a visão tende a se estabilizar com o passar do tempo, então essa hipermetropia inicial muitas vezes acaba desaparecendo. “Neste processo chamado de emetropização, o olho vai ficando com ‘grau zero’ ao longo dos primeiros dois a três anos de vida”, esclarece.

Ah! E ela ainda esclarece um mito: apesar dos olhinhos pequenos do bebê e de ainda não ter aprendido a fixar a visão de perto, a especialista desmistifica a questão de que eles enxergam “embaçado”. “A criança tem uma capacidade de compensação dessa hipermetropia muito grande, então ela consegue adquirir a nitidez necessária para a visualização”, afirma.

Quando levar o pequeno ao oftalmologista? 

Ainda na maternidade, o bebê realiza o teste do olhinho, o que pode levar os pais a acreditarem que este cuidado já é suficiente. Porém, não é o que dizem os médicos da área.

“O teste não é considerado um exame oftalmológico, pois é apenas para triagem, detectando algumas condições que podem prejudicar o desenvolvimento visual, como alguma cicatriz de retina. No entanto, não é um procedimento feito por um oftalmologista, nem com a pupila dilatada, além de não conseguir identificar o grau da criança”, revela Marcela.

Por isso, a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica recomenda que os pequenos passem em uma consulta oftalmológica de rotina entre seis meses e um ano de vida, para que os profissionais identifiquem se a visão está normal, se não há diferença de grau entre os olhos ou alguma outra condição que possa ser prejudicial, como lesão de retina e outros problemas congênitos. Veja outras doenças oftalmológias que afetam os bebês.

“Defendemos os exames precoces justamente porque a criança não demonstra que não está enxergando. Para ela, mesmo se tiver hipermetropia ou miopia, por exemplo, aquilo é o normal, e assim irá aprender a se desenvolver com o que tem, apresentando sinais muito tardios”, conclui a doutora.

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