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Distanciamento social reduz outras infecções respiratórias entre crianças

Achado de estudo finlandês contesta crença de que o público infantil fica naturalmente mais doente.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 25 ago 2020, 16h35 - Publicado em 25 ago 2020, 16h07

Um novo estudo conduzido na Finlândia durante a pandemia de Covid-19 mostra que o distanciamento social no país ajudou a diminuir a incidência de outras doenças entre as crianças, como a gripe e o vírus sincicial respiratório (VSR)

A pesquisa analisou dados de dois grandes hospitais, responsáveis pelo atendimento de 20% das crianças do país, quatro semanas antes e quatro semanas depois da quarentena implementada em 16 de março para conter o novo coronavírus. As visitas ao pronto-socorro caíram mais de 60% entre os dois períodos. 

Era de se esperar uma redução na procura pelo serviço, por conta do medo de contrair a Covid-19, mas outros dados indicam que mesmo os casos mais graves, que exigiriam a ida imediata ao hospital, foram mais raros. Houve queda de 80% nos atendimentos de pneumonia e bronquiolite, e menos encaminhamentos de outros centros de saúde. 

O trabalho, publicado no The Pediatric Infectious Disease Journal, foi uma colaboração entre o Instituto Nacional de Saúde e Bem-Estar da Finlândia e universidades do país. Ele também mostra que, durante o período avaliado, nenhuma criança foi diagnosticada com Covid-19 nas duas instituições.  

Menos gripe e VSR 

Os cientistas também compararam a circulação dos vírus causadores de VSR e gripe na temporada 2019/2020 com os registros de anos anteriores. Eles descobriram que tanto o agente por trás da bronquiolite quanto o influenza deixaram de circular bem antes do tempo no país europeu. Foram 8 semanas de pico esse ano contra 13 a 20 semanas no passado. 

“Estamos acostumados com a ideia de que as crianças contraem infecções respiratórias o tempo todo, e de que é comum as menores de um ano serem internadas por isso, mas nossos achados mostram que medidas de isolamento têm um grande papel para reduzir novos casos, visitas à emergência e hospitalizações”, comenta o pediatra Marko Renko, da Universidade do Leste da Finlândia, um dos participantes do trabalho. 

A Finlândia foi pouco atingida pelo Sars-Cov-2 – até agora, o país teve menos de 8 mil infecções confirmadas e 334 mortes. Para isso, o governo finlandês implementou um lockdown com restrição severa de circulação, que durou menos de dois meses. 

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