Crianças também sofrem com doenças da tireoide

O mau funcionamento dessa glândula pode afetar o desenvolvimento físico, neurológico e cognitivo dos pequenos para a vida toda.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 26 out 2023, 09h07 - Publicado em 24 Maio 2016, 17h53
Alívio e tratamento para inflamação de garganta em bebês e crianças
Alívio e tratamento para inflamação de garganta em bebês e crianças (Zsolt Nyulaszi/Thinkstock/Getty Images)
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Disfunções na tireoide são problemas de gente grande, certo? Não é bem por aí. Engana-se quem pensa que falhas no funcionamento dessa glândula só se tornam uma preocupação quando ficamos mais velhos. É verdade que elas acometem os adultos (em especial as mulheres) com mais frequência, mas os pequenos também podem sofrer com as doenças tireoidianas. E muitas pessoas não sabem disso.

É o que aponta uma pesquisa encomendada pela farmacêutica alemã Merck para a 8a Semana Internacional da Tireoide, que acontece entre os dias 23 e 29 de maio de 2016. Participaram do levantamento 1 600 mulheres de 16 países, incluindo o Brasil, todas com mais de 18 anos e mães de crianças e adolescentes com idades entre 0 e 15 anos. As participantes responderam a questionários online sobre o conhecimento que tinham a cerca dos problemas da tireoide nos pequenos.

Os resultados globais se mostraram preocupantes: 63% das entrevistadas disseram que seu filho nunca havia sido examinado para descartar distúrbios da tireoide. Entre aquelas que não tinham histórico familiar dessas complicações, esse número subiu para 85%. Quando perguntadas se já haviam conversado com um médico sobre essas disfunções em seus pequenos, 58% responderam que nunca bateram esse papo com um especialista. Nas famílias que não contavam com esses casos, o índice foi de 84%.

Por aqui, as mamães se mostraram mais bem-informadas: 90% afirmaram saber que as crianças podem sofrer com falhas no funcionamento da tireoide. Além disso, 65% das brasileiras declararam já ter recebido orientações de profissionais sobre esse assunto, e 66% dos pequenos do nosso país foram submetidos alguma vez a exames para diagnosticar problemas na glândula.

Se você não está no time daquelas que já receberam informações sobre distúrbios da tireoide em crianças, não se preocupe. A seguir, explicamos tudo sobre as disfunções mais comuns no público infantil, baseado em um uma cartilha elaborada pela Merck em parceria com a Thyroid Federation International, uma organização global de apoio a pacientes que enfrentam complicações tireoidianas.

A tireoide

Essa glândula endócrina está localizada na parte da frente do pescoço, logo abaixo do pomo de Adão. Em formato de borboleta, a tireoide desempenha funções vitais no organismo: além de controlar o metabolismo, ela produz hormônios essenciais (o T3 e o T4) para que tecidos e órgãos funcionem adequadamente e na velocidade certa. Nos pequenos, ela é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento cerebral.

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Para exercer todos esses papeis com maestria, a tireoide precisa trabalhar no ritmo certo. Porém, às vezes, ela pode passar a funcionar mais lentamente ou de forma acelerada – quando a velocidade cai, dá-se o nome de hipotireoidismo; quando sobe, trata-se do hipertireoidismo. Ambos os distúrbios podem acometer a criançada e causar problemas sérios.

Hipotireoidismo

Crianças cuja tireoide produz pouco hormônio e que não recebem diagnóstico e tratamento precoces podem ter prejuízos no processo de aprendizagem e no crescimento de ossos e dentes. Os sintomas mais comuns são cansaço e sonolência constantes, constipação e problemas na alimentação, como dificuldade de deglutição.

Causas

O hipotireoidismo pode estar presente desde o nascimento. Esses casos são chamados de hipotireoidismo congênito e ocorrem em cerca de 1 a cada 2 000 a 4 000 recém-nascidos. Eles acontecem quando a glândula tireoide do bebê não se desenvolve adequadamente ainda no útero. Na maioria das vezes, isso se dá por uma falha no processo de formação do embrião, mas outros fatores podem contribuir para que esse problema apareça: além do histórico familiar, a falta de iodo na alimentação da gestante também pode impedir que a tireoide do bebê se forme corretamente (daí a importância da suplementação nutricional durante a gravidez).

Outra possível causa da baixa atividade tireoidiana é a chamada Tireoidite de Hashimoto, que costuma aparecer em crianças maiores. Essa condição é marcada por um ataque do próprio sistema imunológico à glândula, afetando a produção de T3 e T4.

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Diagnóstico e tratamento

Embora o hipotireoidismo congênito possa ser identificado durante a gravidez, o mais comum é que ele seja detectado por meio do teste do pezinho, realizado geralmente no terceiro dia após o parto. Quando o bebê que acabou de chegar ao mundo é diagnosticado com a doença, a recomendação é que ele já receba a reposição dos hormônios tireoidianos. O tratamento deverá ser seguido pelo resto da vida, ajustando apenas a dosagem, de acordo com a idade e a necessidade da criança.

Nos casos do hipotireoidismo tardio, a descoberta é feita por exames de sangue que avaliam o funcionamento da glândula. A terapia também é à base de suplementação hormonal.

Hipertireoidismo

Quando a tireoide produz hormônios além da conta, todas as funções do corpo e os processos metabólicos trabalham mais rápido do que o normal. Como consequência, o pequeno apresenta falta de concentração, irritabilidade, temperamento emotivo, diarreia e mãos trêmulas, por exemplo. Essa disfunção é mais rara: atinge 1 em cada 1 milhão de crianças menores de 4 anos de idade.

Causas

O que mais provoca hipertireoidismo em meninos e meninas é uma condição chamada doença de Graves. Essa enfermidade autoimune leva o organismo a produzir anticorpos que estimulam a tireoide a fabricar hormônios em excesso. Os baixinhos que sofrem com essa alteração têm sintomas como inchaço do pescoço e olhos saltados.

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Diagnóstico e tratamento

A identificação de um quadro de hipertireoidismo pode ser feita tanto com base em sinais clínicos quanto em testes sanguíneos. Há várias opções de tratamento: radioterapia, betabloqueadores para frear o ritmo cardíaco e a agitação da criança, medicamentos antitireoidianos para controlar a produção hormonal excessiva e até cirurgia para retirar parte da glândula. Se o seu filho for diagnosticado com esse distúrbio, converse com o pediatra ou um endocrinologista para saber qual dessas opções é a mais indicada.

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