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Como usar o bebê-conforto e a cadeirinha de carro de maneira segura

Recentemente, um bebê morreu nos Estados Unidos devido ao mau uso do equipamento que, por outro lado, é indispensável para a segurança dos pequenos.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 out 2019, 10h44 - Publicado em 17 out 2019, 17h42

Em janeiro desse ano, Anders, um bebê norte-americano de 11 meses, morreu enquanto cochilava em sua cadeirinha de carro na creche que frequentava. A causa, atestada com uma investigação policial, foi uma asfixia provocada pela posição de sua cabeça: suas vias aéreas foram obstruídas por que o queixo dele caiu pra frente durante o cochilo.

“A morte de Anders era 100% prevenível, e queremos garantir que isso nunca mais aconteça com ninguém”, comentou o pai, Ryne Jungling, na última semana ao site Today, dos Estados Unidos. Ele e a esposa, Rachel, agora se dedicam a alertar outras famílias sobre o risco de deixar os bebês dormindo em superfícies inadequadas.

A Associação Americana de Pediatria recomenda que recém-nascidos não passem mais de uma hora seguida em dispositivos como o bebê-conforto, carrinhos de bebê e cadeiras de ninar. A entidade diz que manter o pequeno dormindo em equipamentos que impeçam sua movimentação, em especial os com assento inclinado, é perigoso porque o bebê pode acabar preso em uma posição em que não consiga respirar direito.

“No início da vida, eles não conseguem manter a sustentação do pescoço ou da coluna”, explica Nelson Douglas Ejzenbaum, pediatra membro da Sociedade Brasileira de Pediatria.

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O perigo fora do veículo é maior

Bebê-conforto e cadeirinhas foram projetadas para serem encaixadas na curvatura do banco, numa inclinação que fica em torno dos 45º. “Dentro do veículo, desde que as especificações do fabricante sejam seguidas e a cadeirinha seja apropriada para a criança, a posição da cadeirinha é segura”, comenta o pediatra Danilo Blank, também da SBP.

Em uma superfície plana, ela pode ficar em uma angulação perigosa para o bebê, mais vertical, aí o perigo aumenta. “Os fabricantes deveriam ter mecanismos que impeçam condutas inadequadas, como alertas em cores chamativas que deixem bem claro a orientação de não tirar o equipamento do automóvel”, aponta Blank.

 Dentro do veículo, algumas condutas também devem ser adotadas para garantir a segurança do pequeno. Vamos a elas. 

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Escolhendo a cadeirinha apropriada

O primeiro deles é escolher uma cadeirinha adequada para o tamanho do bebê. Legalmente, elas são divididas por idade, mas os fabricantes seguem a divisão sugerida pelo Inmetro de grupos de massa:

Mais recentemente, o mercado ganhou opções chamadas de multigrupo. São equipamentos que servem para diversos tamanhos, com ajustes na estrutura do produto e no posicionamento conforme a idade avança.

Além de ter o selo do Inmetro, é interessante levar a criança junto para comprar a cadeirinha e observar se ela está confortável e bem acomodada no dispositivo. Os especialistas contraindicam a aquisição de equipamentos usados. “A não ser que os pais conheçam muito bem a procedência da cadeirinha, porque, caso já tenha passado por um acidente, o dispositivo pode estar prejudicado por dentro mesmo que pareça normal por fora”, ensina Vania Schoemberner, gerente executiva da ONG Criança Segura. 

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Comprar no exterior exige atenção. Há as certificações europeias e norte-americanas de segurança, mas os produtos podem ter sistemas diferentes de encaixe que não usam o cinto, como o Isofix, considerado mais seguro pelos especialistas, mas ainda incompatível com alguns veículos nacionais. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) tem uma resolução que determina que, a partir de janeiro de 2020, todos os modelos fabricados no país deverão utilizar o Isofix ou Latch, outra espécie de ancoragem com princípio semelhante.

Como instalar a cadeirinha

Depois de comprada, a cadeirinha deve ser posicionada de acordo com o manual de instruções — sim, ele precisa ser lido, pois as marcas podem ter mecanismos diferentes. O lugar do bebê conforto é sempre de costas para os ocupantes da frente do veículo. “A lei orienta que a criança vire a partir de um ano de idade, mas hoje temos evidências sólidas de que, quanto mais tempo viajar de costas, melhor”, comenta Blank.

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O lugar mais seguro é no meio do banco de passageiros. “Isso diminui o risco em uma colisão lateral, mas, se não houver cinto de três pontas neste assento, ele não poderá ser instalado ali”, orienta Vania. Além de ser de três pontas, o cinto deve estar bem esticado e nunca torcido. Para garantir que o equipamento está mesmo fixado, mexa bem a base. Se ela se deslocar mais de 2 cm para os lados, sinal de que precisa de ajustes.

A posição certa do bebê

Ponto fundamental para evitar asfixias e lesões em acidentes de trânsito. Primeiro, ele deve ser colocado sem nada entre o corpo e o assento, nem objetos extras como almofadas, seguradores de testa e mantinhas. “O próprio equipamento costuma fornecer acessórios para acomodar a criança, que são testados com ele e, por isso, podem ser utilizados”, orienta Vania. 

Também é importante que o bebê esteja bem preso no cinto. O que acontece geralmente é que, com medo de causar desconforto, os pais o deixam meio frouxo, então a criança vai deslizando para baixo e pode dobrar o pescoço. Vania recomenda um teste da pinça. “Tente pegar o cinto usando o polegar e o indicador, se conseguir com facilidade, ele precisa ser mais apertado”. 

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Se o tempo no veículo for maior do que uma hora no primeiro ano de vida, o ideal é fazer paradas estratégicas nesse intervalo para verificar as necessidades da criança e tirá-la da posição um pouco. “Se ela for menor do que um mês, até menos que isso, e recomendo também que, se possível, um adulto viaje atrás supervisionando o bebê”, ensina Ejzenbaum. 

A cadeirinha é indispensável

Apesar de não poderem ser usados como berços, bebês-confortos e cadeirinhas são imprescindíveis para preservar a vida de crianças no trânsito. Tanto que a Associação Americana de Pediatria lançou um estudo em maio desse ano com dados de mais de 348 mortes infantis ocorridas em dispositivos para sentar (carrinhos de bebê, cadeiras de ninar e bebês conforto), e descobriu que, embora 62% dos óbitos tenha acontecido nos assentos para carro, em menos de 10% deles o equipamento estava sendo usado do jeito correto.

Estudos mostram que eles evitam em até 71% dos casos o óbito da criança no trânsito, desde que bem instalados”, destaca Vania. O Brasil conta com dados robustos sobre a proteção garantida pela cadeirinha, que é obrigatória desde 2008, mas há uma proposta em trâmite (PL 3267/2019) para derrubar sua obrigatoriedade, proposto pela Presidência da República. “Isto atenta contra segurança das crianças, pois, ao tirar a lei, dependemos da educação e do comportamento das pessoas”, destaca Blank. 

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