Um novo estudo publicado na última terça-feira, 22, apontou que, diferentemente do que se pensava, a aparência saudável do bebê no nascimento pode esconder a microcefalia. Isso porque os primeiros sintomas não precisam aparecer, necessariamente, ainda no útero ou logo após o parto – trata-se da chamada “microcefalia adquirida”, quando os sinais da malformação só se manifestam depois de alguns meses de vida.
Publicada na revista Morbility and Mortality Weekly Report (Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade, em português), a pequisa foi desenvolvida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e contou com médicos e pesquisadores de Pernambuco, Goiás, Ceará e dos EUA.
No trabalho, foram avaliados 13 bebês diagnosticados com a síndrome de zika congênita – termo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) associou aos problemas causados pelo vírus. Das 13 crianças com circunferência craniana normal, 11 desenvolveram a microcefalia gradualmente, que só foi diagnosticada entre os 5 e 10 meses de vida.
A dificuldade motora foi observada em todos os bebês, em maior ou menor grau, e outros sintomas também foram notados, como dificuldade para engolir, epilepsia, irritabilidade, problemas para mexer as mãos voluntariamente e rigidez excessiva dos músculos. De acordo com os especialistas, esses transtornos estariam relacionados ao crescimento mais lento da cabeça a partir dos cinco meses, mas não se sabe ainda a extensão da malformação, já que a microcefalia adquirida tende a ser mais leve do que a congênita.
De acordo com o CDC, os resultados dessa nova pesquisa alertam para a importância de dar continuidade ao longo dos anos às avaliações das crianças que foram expostas ao vírus zika durante a gestação, justamente para avaliar como está o desenvolvimento delas. “A ausência de microcefalia no nascimento não descarta a infecção congênita ou a presença de anormalidades cerebrais após o nascimento”, afirmou em nota o CDC.