Apenas uma TPM forte? Talvez não… Entenda o que é o TDPM
O transtorno disfórico pré-menstrual é uma condição que surge no mesmo período da TPM, mas gera sintomas ainda mais intensos - inclusive de depressão
Os distúrbios pré-menstruais femininos acontecem devido às oscilações de hormônios na fase pré-ovulatória. É o caso da TPM (tensão pré-menstrual), uma “conhecida” de quase todas as mulheres durante o ciclo. Mas você já ouviu falar em TDPM? Para quem sofre com sintomas incomuns durante o período, é importante conhecer a sigla.
O transtorno disfórico pré-menstrual vai muito além de uma TPM forte. “Não se trata de um desequilíbrio hormonal em si, mas de uma reação acentuada do cérebro às alterações dos hormônios”, explica o ginecologista Marcelo Ponte.
O TDPM também ocorre de sete a quinze dias antes da menstruação. As principais diferenças entre o transtorno e a tensão “habitual”, no entanto, estão na intensidade e na natureza dos sintomas. Enquanto na TPM as mudanças são físicas, no TDPM, o psicológico da mulher é afetado.
“Na TPM comum, apesar de aparecerem sintomas emocionais, eles são menos intensos e acompanhados por mudanças físicas, como inchaço, sensibilidade nos seios, cólicas, entre outros”, afirma o ginecologista. “No TDPM, os efeitos são de origem psíquica”, diz Marcelo. Entre eles, podemos citar:
- Depressão;
- Descontrole emocional;
- Melancolia e irritabilidade;
- Distúrbio de apetite;
- Insônia;
- Letargia (níveis de energia abaixo do normal);
- Pensamentos autodepreciativos;
- Dificuldade de concentração.
Eu tenho TDPM?
Segundo o especialista, este é um distúrbio que acomete de 3 a 10% da população feminina. A causa é multifatorial, ou seja, está associada a uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Assim, envolve o histórico familiar da paciente – como antecedentes de depressão – e pode ser agravado por comorbidades.
Para caracterizar um quadro de TDPM, os sintomas devem estar presentes durante a maioria dos ciclos menstruais do último ano, além de serem “severos” a ponto de impactar negativamente a vida da mulher. “Diagnosticar TDPM não é fácil. Há muitos critérios para avaliar e não há exames laboratoriais para isso”, comenta Marcelo.
O diagnóstico é feito através de uma anamnese – conversa entre médico e paciente. Com base nas informações coletadas, o profissional vai avaliar se o caso se trata do transtorno. Dessa forma, não existe um padrão de diagnóstico e cada mulher deve ser analisada individualmente.
“É comum que as mulheres normalizem os sintomas do TDPM e o encarem como uma tensão ou estresse”, alerta o ginecologista. Para que não haja dúvidas sobre o que é comum ou não durante o período, a dica é se perguntar: “Até que ponto esse sentimento está interferindo na minha rotina?”. Caso a pessoa entenda que sua vida pessoal ou profissional está sendo afetada, é necessário consultar um especialista.
“Por se tratar de uma forma de depressão, que ocorre apenas durante os dias que antecedem o ciclo menstrual, o tratamento pode ser feito através de medicamentos, como inibidores da ovulação e antidepressivos, nos casos graves. Já para pacientes com sintomas menos intensos, a psicoterapia pode ser uma ótima opção para minimizar os efeitos”, orienta Marcelo.