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A importância do teste da orelhinha em recém-nascidos

Simples e indolor, o exame detecta deficiências auditivas precocemente, evitando que comprometam o desenvolvimento da linguagem.

Por Adriana Toledo (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 04h34 - Publicado em 8 jun 2015, 14h16

A cada mil bebês nascidos, de 1 a 6 apresentam algum tipo de deficiência na audição. A estatística tem respaldo em uma série de estudos epidemiológicos realizados nos quatro cantos do planeta. Desde que flagradas e tratadas em estágio inicial, até os seis meses de vida, essas alterações não são sentença de prejuízos sociais e cognitivos. Mas, “um diagnóstico tardio – por volta dos 3 ou 4 anos – pode acarretar perdas significativas nas etapas de aquisição da linguagem”, alerta o otorrinolaringologista Mario Munhoz, da Universidade Federal de São Paulo. 

É argumento mais do que suficiente para justificar a triagem neonatal e garantir, aos pequenos, as intervenções necessárias para um aprendizado bem semelhante ao de uma criança sem nenhuma disfunção. Obrigatório e gratuito nos hospitais e maternidades públicos desde 2010, o teste da orelhinha é, normalmente, aplicado em recém-nascidos já no segundo ou terceiro dia de vida. Conversamos com especialistas renomados para esclarecer as questões mais relevantes sobre o exame. Assim, você se tranquiliza em relação ao procedimento e se convence, de vez, da importância de exigir que ele seja realizado na instituição de saúde. 
 
Como é feito o teste?
Uma espécie de fone de ouvido é colocado na orelhinha do bebê. Em seguida, são emitidos estímulos sonoros, enquanto um aparelho registra a resposta auditiva, proveniente da contração e distensão das células cocleares, as responsáveis por captar os sons. O processo dura, apenas, de 3 a 5 minutos, e não provoca desconforto ao pequeno. A prova disso é que pode ser aplicado enquanto ele dorme.
 
Que problemas podem ser flagrados com o exame?
Ele acusa eventuais anormalidades na cóclea, região do ouvido repleta de células ciliadas, cuja função é captar ondas sonoras. Uma vez danificadas, estas unidades não são repostas pelo organismo.
 
Quem são os profissionais habilitados a aplicar o teste da orelhinha?
Médicos e fonouadiólogos.
 
Qual o prazo ideal para que o teste seja realizado?
É recomendado que a criança seja submetida à avaliação antes do primeiro trimestre de vida, para que comece a ser estimulada, se necessário, assim que completar o sexto mês. Mas, não convém ultrapassar 28 dias, contando a partir do nascimento, porque o bebê começa a diminuir seus períodos de sono e tem a atividade motora aumentada, o que interfere na execução do exame. O conselho dos especialistas é exigir que ele seja feito antes da alta hospitalar.
 
O resultado é preciso?
A cada 100 testes realizados, cerca de 98% apresentarão resultado positivo, ou seja, indicarão que a criança dispõe de uma audição perfeita. Aproximadamente 2% acusarão negativo, o que não significa, necessariamente, que o pequeno tenha algum déficit. Ocorre que o tamanho reduzido das estruturas auditivas e o acúmulo de secreções no pós-parto podem fazer soar um alarme falso. Nesse caso, não há motivo para sofrer por antecipação. Basta repetir o procedimento após um mês. Se, novamente, o resultado for negativo, aí sim é preciso submeter a criança a um teste mais preciso, o BERA, que registra a atividade elétrica no sistema auditivo, em todo o percurso entre a orelha e o cérebro. Se o BERA também apontar problemas, aí, sim, existe indicação de partir para um tratamento específico.
 
E quais seriam os recursos mais eficazes?
A estimulação fonouadiológica precoce, já a partir do sexto mês de vida, e o uso de aparelho auditivo, quando prescrito, possibilitam um bom desenvolvimento cognitivo infantil. Se problemas neurológicos forem os culpados por não deixar o pequeno escutar, implantes cocleares podem ser considerados pelo médico.
 
Existe um grupo de maior risco para perdas auditivas?
Sim. É preciso redobrar a atenção com recém-nascidos que se enquadrem nas seguintes condições: tamanho muito pequeno para a idade gestacional; lesões neurológicas; síndromes congênitas; meningite; infecções como rubéola, citomegalovírus e sífilis; tumores; prematuridade; uso de antibióticos ototóxicos pela mãe, principalmente no primeiro trimestre de gestação; e complicações no parto que comprometam a oxigenação do bebê.

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