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5 estudos sobre como a obesidade na gravidez afeta a saúde do bebê

Cientistas do mundo todo têm se dedicado a entender os riscos que o excesso de peso na gestação oferece para a criança que vai nascer.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 29 out 2019, 13h13 - Publicado em 15 jun 2015, 17h33

O excesso de peso durante a gestação está associado a complicações como pré-eclâmpsia e diabete gestacional – que colocam em risco tanto a vida da mãe quanto a do bebê. Mas diversas pesquisas têm demonstrado que engordar além da conta ao longo dos nove meses ameaça também a saúde da criança tanto no período em que ela está dentro da barriga quanto após o seu nascimento. Levantamos alguns trabalhos científicos que investigaram a relação entre a obesidade e o bem-estar dos pequenos.

1. Imunidade comprometida

Cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, decidiram investigar a fundo o elo entre o excesso de peso na gravidez e o pior funcionamento do sistema imunológico do bebê. Para isso, eles analisaram o material sanguíneo do cordão umbilical de 39 recém-nascidos. As mães dos pequenos foram classificadas como magras, acima do peso ou obesas, de acordo com o seu Índice de Massa Corporal (IMC). Nenhuma delas era fumante, diabética ou apresentou complicações na hora do parto.

Os resultados da pesquisa mostraram que a obesidade, já antes de a mulher engravidar, tem impacto nas defesas do organismo do futuro bebê, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e asma. “Descobrimos que células imunológicas específicas dos filhos de mães com alto IMC eram incapazes de responder a certos antígenos bacterianos, quando comparadas às dos bebês cujas mães eram magras”, relata a professora de biomedicina Ilhem Messaoudi, líder da investigação.

Os pesquisadores também descobriram que anticorpos específicos que protegem contra alergias estavam significativamente reduzidos nos filhotes de mamães com excesso de peso. Daí porque casos de asma, por exemplo, são mais comuns nessas crianças.

2. Maior risco de autismo

Estudiosos do mundo inteiro têm se debruçado sobre a associação entre obesidade na gravidez e o autismo. Entre eles, estão cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, que acabaram de publicar uma pesquisa, na qual avaliaram mais de 333 mil indivíduos nascidos entre 1984 e 2007. O objetivo dos pesquisadores suecos era investigar a relação entre o IMC dos pais, o ganho de peso da mãe na gestação e o risco de autismo na criança. Para isso, eles mediram o IMC das mulheres na primeira consulta do pré-natal, o quanto elas engordaram ao longo dos nove meses e o peso dos pais.

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De acordo com os resultados, quanto mais alto o IMC da mãe, maior o risco de os pequenos desenvolverem autismo. A probabilidade de a criança apresentar o transtorno também se mostrou mais forte nos casos em que as mães engordaram bastante na gravidez. Os mecanismos envolvidos nessa ligação ainda não são totalmente conhecidos pela ciência. De qualquer forma, está aí mais uma evidência de que se manter no peso ideal só trará benefícios para a mãe e o bebê.

3. Coração em perigo

Diversas pesquisas já demonstraram que o excesso de peso na gravidez expõe o bebê a problemas cardiovasculares não só durante a infância mas também na vida adulta. No entanto, poucos estudiosos se dedicaram a entender o papel do percentual de gordura da criança nessa associação. E foi isso que fizeram cientistas da Universidade do Colorado e da Escola de Saúde Pública do Colorado, ambas nos Estados Unidos. Eles avaliaram 753 mulheres e seus bebês. Nas mães, mediu-se o IMC e o ganho de peso durante a gestação; nos pequenos, foi avaliado o percentual de gordura 72 horas após o nascimento.

Ao final da investigação, os estudiosos notaram que o peso da mãe antes e/ou durante a gravidez está associado, no bebê, a níveis mais baixos do colesterol HDL (considerado bom) e valores mais elevados de glicose e leptina (hormônio que regula a saciedade), independentemente do percentual de gordura no corpo do pequeno. Esta é, portanto, mais uma prova de que a exposição à obesidade pode trazer consequências no curto e no longo prazo para o bebê.

4. Maior probabilidade de parto prematuro

Em 2014, cientistas da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, realizaram a maior investigação já feita para avaliar a relação entre a obesidade materna e a prematuridade. Eles analisaram nada menos do que 1 milhão de nascimentos ocorridos entre 2007 e 2009 no estado americano da Califórnia. Foram excluídas do levantamento mulheres grávidas de gêmeos ou que apresentassem condições como diabete ou pré-eclâmpsia, importantes fatores de risco para o parto antecipado. Entre as voluntárias que participaram da investigação, foram levados em conta o IMC, a idade, a etnia e outros aspectos.

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De acordo com os resultados, a obesidade se mostrou um fator importante para o parto prematuro principalmente em mulheres que estavam na primeira gravidez. Gestantes obesas que esperavam o segundo ou terceiro filho também apresentavam maior tendência de ter o bebê antes da hora – embora isso fosse mais preocupante nas mamães de primeira viagem.

Os pesquisadores americanos pretendem investigar, agora, o quanto a inflamação provocada pelo excesso de peso influencia no parto prematuro. Segundo os líderes do trabalho, essa deve ser a principal causa do problema. De qualquer forma, o ideal é que a futura mãe converse com o seu médico para entrar em forma antes mesmo de engravidar. Com isso, uma série de fatores negativos pode ser evitada.

5. Mais tendência à obesidade

Esse foi um achado de pesquisadores do Hospital da Criança de Boston, nos Estados Unidos. Eles conduziram um estudo populacional com mais de 42 mil mulheres e seus 91 mil filhos, entre os anos de 2003 e 2011. O objetivo era investigar se a obesidade infantil tem alguma relação com condições da gravidez ou se está ligada apenas a fatores como genética, dieta e prática de atividade física. Os resultados foram curiosos: para cada quilograma que a mulher ganha durante a gravidez, o IMC da criança aos 12 anos de idade aumenta em 8%. Isso significa que quanto mais a grávida engordar, maior a probabilidade de o seu filho se tornar obeso no futuro – independente de outros fatores de risco.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para entender a fundo essa relação, os estudiosos alertam para a importância de controlar o peso antes e durante a gravidez. Mas calma: a futura mamãe não precisa adotar dietas extremamente restritivas, já que isso também faria mal a ela e ao bebê. Consultar o médico e seguir um cardápio balanceado são passos fundamentais para que mãe e filho estejam sempre saudáveis.

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