Zika também causa deformidades nos braços e nas pernas de bebês, afirma estudo

Outra pesquisa concluiu que o vírus é capaz de permanecer no sêmen humano por mais tempo do que se imaginava.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 26 out 2016, 11h38 - Publicado em 15 ago 2016, 16h31
TongRo Images/Thinkstock/Getty Images
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Do início de 2016 até o dia 9 de julho, o Brasil somou 174 mil casos prováveis de infecção pelo vírus zika, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Desses, 14.739 se deram em gestantes, sendo que 6.903 foram confirmados por exames laboratoriais. Sabe-se que dentre os efeitos da contaminação por esse micro-organismo na gravidez estão diversas alterações congênitas no feto – as mais comuns são de ordem neurológica, tendo destaque a microcefalia, que leva o bebê a nascer com um crânio menor do que o normal.

Mas não para por aí: cientistas têm desvendado outros prejuízos do zika aos pequenos em formação. Entre eles estão deformidades nas articulações de crianças afetadas por esse agente infeccioso ainda na barriga da mãe. Um estudo recente conduzido por pesquisadores de Recife, capital de Pernambuco, descobriu que o que gera a dismorfia dos membros inferiores e superiores desses bebês é a artrogripose, que faz com que as juntas fiquem tortas e rígidas, em especial nos braços e nas pernas. O artigo, publicado no respeitado periódico científico The BMJ, é o primeiro a constatar o real problema por trás dessa malformação.

Para chegar a uma conclusão, os estudiosos brasileiros se debruçaram sobre exames de imagem do cérebro e das articulações de sete crianças nascidas com artrogripose e que tiveram diagnóstico de infecção congênita durante a gravidez. Foram descartadas contaminações por toxoplasmose, citomegalovírus, rubéola, sífilis e HIV, que também costumam causar malformações fetais. Portanto, a principal hipótese dos cientistas é que o quadro infeccioso na gestação tenha sido causado pelo zika mesmo.

Nas análises, os experts não notaram nenhuma anormalidade nas juntas em si. Então, eles supõem que o quadro tenha uma causa neurológica e que os efeitos do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti no cérebro se estendam também às articulações. No entanto, segundo os autores da investigação, todos esses achados ainda precisam ser validados por estudos maiores e mais aprofundados. Mas esse já é um indício de que bebês que nasceram com malformações causadas pelo zika devem receber, além do acompanhamento neurológico, a supervisão de ortopedistas ainda nos primeiros dias de vida.

Seis meses no sêmen

toeytoey2530/Thinkstock/Getty Images
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Não é só pela picada do Aedes que o zika é transmitido – estudos já detectaram que ele é capaz de se manter ativo no sêmen humano e contaminar outra pessoa por meio da relação sexual. Daí porque as principais entidades de saúde do globo – como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos – orientam que pessoas que vivem em áreas endêmicas para esse vírus ou que visitaram essas regiões pratiquem sexo apenas com preservativo durante seis meses. Essa recomendação se baseia em pesquisas que concluíram que o micro-organismo permanece no sêmen por até 93 dias após a infecção.

Mas dois achados recentes publicados na revista Eurosurveillance mostram que esse período pode ser o dobro que se imaginava. Em um dos trabalhos, o zika foi detectado em um homem 188 dias após a contaminação inicial; no outro, ele pode ser identificado 181 dias depois de ter entrado no corpo. Ambos os pacientes visitaram o Haiti, país que também sofre com a epidemia desse agente infeccioso. 

Por enquanto, não houve mudanças nas recomendações de órgãos como a OMS e o CDC. Até porque o fato de o vírus ter sido encontrado no sêmen tanto tempo depois da infecção não significa que ele está ativo e transmitindo a doença. “Se acharmos que há necessidade de mudar as orientações atuais, nós faremos isso assim que possível”, afirma John T. Brooks, conselheiro médico sênior do CDC, em entrevista ao site americano The Huffington Post. Além do sexo protegido, também é indicado que gestantes e mulheres que pretendem engravidar evitem visitar países ou regiões com casos autóctones. 

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