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Violência obstétrica é retratada em projeto fotográfico

O projeto '1:4 Retratos da Violência Obstétrica' busca, por meio de fotos, informar e denunciar casos de violência que acometem mulheres na hora do parto.

Por Luísa Massa
Atualizado em 25 out 2017, 21h10 - Publicado em 31 mar 2015, 16h18
Carla Raiter
Carla Raiter (Carla Raiter/Divulgação)
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Depois de nove meses de espera, o maior desejo de qualquer gestante é conhecer seu bebê por meio de um parto tranquilo e humanizado. Mas nem sempre é o que acontece! Os relatos de violência obstétrica têm crescido no Brasil e, segundo a pesquisa “Mulheres Brasileiras e gênero nos Espaços Público e Privado”, divulgada em agosto de 2010 pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Foi diante desta triste estatística e de uma terrível experiência vivida pela produtora cultural Caroline Ferreira que ela e a fotógrafa Carla Raiter decidiram criar o projeto 1:4 Retratos da Violência Obstétrica.

Lançado em março de 2013, o projeto tem levantado a discussão sobre as agressões físicas ou emocionais que inúmeras mulheres sofrem em consultórios e hospitais das redes pública e privada de saúde. “Chegou uma enxurrada de e-mails de pessoas que queriam participar e compartilhar suas histórias”, revela a fotógrafa. Desde então, ela vem coletando depoimentos e registrando imagens de vítimas da violência obstétrica, com o intuito de suscitar “uma reflexão sobre as condições do nascimento no Brasil e as intervenções desnecessárias que ocorrem no momento do parto”.

As fotografias retratam partes dos corpos destas mulheres (cujas identidades são preservadas) com trechos de seus depoimentos aplicados com uma tatuagem temporária. “As fotos são anônimas e a proposta é mesmo que seus rostos não apareçam. Queremos mostrar como elas são tratadas: como pessoas sem voz, direito ou igualdade”, explica Carla.

Durante o ensaio, que é feito na própria casa das vítimas, as idealizadoras têm a oportunidade de saber, em detalhes, pelo que cada mulher passou na hora de dar à luz o filho. “Uma frase muito recorrente que ouvimos é: ‘eu não sabia que isso era necessário, eu não sabia que isso era violência’ ou mesmo ‘é a primeira vez que eu estou contando isso para alguém que vai me entender'”, exemplifica a fotógrafa. É por isso que, segundo a produtora Caroline, o projeto também passou a ser um meio de secar as feridas das mães que as procuram para quebrar o silêncio. Feridas estas que permanecem marcadas não só na pele, mas também na alma destas mulheres que, ao serem submetidas sem autorização a procedimentos como a episiotomia, tiveram um dos momentos mais felizes de suas vidas afetados pelo desrespeito.

Você sofreu violência obstétrica? Denuncie e saiba como participar do projeto 1:4 Retratos da Violência Obstétrica

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