Vida de casal: não deixe a relação de lado após a chegada do bebê

Especialista ensina a resgatar a relação de marido e mulher depois que o filho nasce.

Por Manuela Macagnan (colaboradora)
Atualizado em 25 nov 2016, 17h17 - Publicado em 29 jun 2015, 02h22
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A chegada de um bebê muda tudo na vida do casal: a criança vira o foco da casa, o sono é alterado, a libido da mulher oscila. Mas, depois dos primeiros meses, é preciso retomar os papeis. A mulher não é apenas mãe, o homem não se tornou exclusivamente pai. Vocês ainda são um casal e, para ajudá-los nessa nova organização, conversamos com a psicóloga Beatriz Cardella, autora do livro Laços e nós, da Editora Ágora.

Quando o bebê nasce, é natural que a atenção da mulher se volte para esse novo ser. Como fazer o marido entender e participar desse período?
Sim. Ao longo de aproximadamente um ano, é natural que a mulher esteja em estado de devoção, para atender as necessidades do bebê e estabelecer o vínculo que será fundamental para o desenvolvimento da criança. O marido precisa assumir a posição de guardião da simbiose, protegendo mãe-bebê e autorizando essa ligação, sustentando suas próprias necessidades – que ficarão em segundo plano. Num segundo momento, será importante que ele reivindique atenção da mulher, para ajudá-la aos poucos a se abrir, pois isso também beneficiará o bebê.

Qual a importância de não virar só mãe e pai, não deixar de ser marido e mulher?
O casal vai precisar fazer muitos ajustes após o nascimento do bebê e, aos poucos, retomar sua intimidade, garantindo o lugar da relação e de tempos e espaços para cultivá-la.

O que, de prático, no dia a dia, o casal pode fazer para não deixar de ser marido e mulher?
Reservar um tempo para ficar a sós, compartilhar seus sentimentos, desejos, receios, necessidades e se interessar pelo parceiro. O diálogo mantém a intimidade.

Quando a mulher deve se dar conta de que passou do ponto, que deixou tudo de lado?
Quando seu bem-estar fica ameaçado, ou quando o parceiro já sinalizou repetidas vezes que tem sentido sua falta. Este é o momento de refletir e observar para ver se é preciso resgatar algumas posições.

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Qual a importância de dividir tarefas no cuidado com o bebê, com a casa, com os outros filhos?
Fundamental. O filho é dos dois. Assim como a mulher tem várias responsabilidades, o homem também. Compartilhá-las fortalece o casal e possibilita a cumplicidade, ou seja, o sentimento de que podem confiar e contar um com o outro.

Por que alguns casais lidam melhor com esse período pós-parto, brincam com a situação, enquanto outros se afastam e se entristecem?
O nascimento de filhos leva cada um a revisitar questões e conflitos da própria infância. Isso é inevitável e, dependendo de como cada parceiro lida com suas questões emocionais e relacionais, irá trazer para a situação atual o que não ficou bem resolvido no passado, como conflitos e sofrimentos. Se não houver disponibilidade em crescer ou até buscar ajuda, a relação poderá ficar abalada e, em alguns casos, sucumbir. A maturidade emocional e afetiva é fundamental para ajudar a superar as enormes mudanças que o nascimento de um filho traz para o casal.

Apelidos como mãezinha, paizinho e falar de modo infantil influenciam negativamente o relacionamento?
A questão é de onde parte o apelido. Se partir de uma redução do outro ao papel de mãe e de pai, a intimidade do casal como homem e mulher foi estilhaçada. Aqui vemos claramente como problemas antigos passam a interferir na vida do casal.

Como lidar quando a mulher não sente vontade de retomar a vida sexual e o marido sente muita falta?
É preciso muita conversa e disponibilidade para compreender o outro. Existem muitas formas de aproximação, que podem satisfazer o parceiro, como carícias, que podem trazer prazer e intimidade, sem necessariamente haver penetração. É importante namorar, se aproximar e se o sexo surgir, deixar acontecer naturalmente. O pior que pode acontecer é cobrar o parceiro ou a parceira. Cobrança provoca distância. Se o homem tem necessidade, deve expressá-la a sua mulher e se aproximar carinhosamente, independente de haver sexo ou não.

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