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Vérnix caseoso: tudo sobre essa proteção natural do bebê

Motivos não faltam para adiar o banho e manter a camada que envolve o recém-nascido intacto nas primeiras 24 horas de vida. Entenda!

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 27 nov 2017, 09h00 - Publicado em 27 nov 2017, 09h00
Recém-nascido coberto de vérnix deitado sobre tecido branco. Está com uma mãozinha em cima da boca/nariz e outra na testa
 (zlikovec/Thinkstock/Getty Images)
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Até o terceiro trimestre da gestação, forma-se uma substância sobre a pele do bebê que parece uma pasta. É o vérnix caseoso, que facilita a passagem pelo canal vaginal na hora do parto e muito mais do que isso!

Ainda na placenta, ele permite que a pele amadureça mesmo em um meio líquido. Composto de gordura e mais de 20 tipos de proteínas, essa espécie de creme é considerada uma importante frente de defesa no começo da vida, pois diminui o risco de infecções transmitidas pelo líquido amniótico.

Mas ele é produzido mesmo para quando o pequeno está pronto para ganhar o mundo. Tanto que bebês muito prematuros têm pouco vérnix, assim como os que nascem depois das 40 semanas de gestação. Meninas costumam ter mais, mas a quantidade varia mesmo de neném para neném.

Independente da quantidade, uma coisa é certa: mantê-lo é muito importante para a saúde do recém-nascido. “O vérnix faz com que o bebê perca menos calor, é cicatrizante e regula o ph da pele”, destaca Kelly Oliveira, pediatra de São Paulo autora da página Pediatria Descomplicada, no Facebook.  Para garantir a proteção, o ideal é adiar o banho por 24 horas depois do parto.

A questão da temperatura por si só já vale reconsiderar a limpeza. “O recém-nascido chega a perder meio grau de temperatura corporal a cada minuto, o que é perigoso, e o vérnix age como isolante térmico, mantendo-o aquecido”, aponta Domingos Mantelli, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo.

Pele frágil e sem bactérias

Ao nascer, a derme é sensível e as glândulas sudoríparas, que produzem o suor, ainda não estão totalmente prontas para trabalhar. Assim, a pele do bebê é mais alcalina, pois depende do ácido láctico do suor para se tornar ácida e menos suscetível à entrada de bactérias que podem causar doenças.

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“Depois do parto, praticamente não há bactérias na superfície corporal. E como o vérnix é ácido, permite a passagem só das bactérias que são necessárias para nossa sobrevivência, que colonizam a pele de maneira saudável”, comenta Silmara Possas, neonatologista do Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba.

Mais do que isso, os peptídeos presentes nele ajudam na formação das defesas do próprio pequeno para a vida toda. “Essas moléculas são agentes imunológicos importantes”, explica Silmara. Ou seja, uma barreira física e química contra ameaças externas.

Sem contar que, por conta da imaturidade dessas glândulas, o recém-nascido pode perder muito líquido pela derme. Eis outra ajudinha desse creme natural. “É como se a pele fosse aberta e o vérnix mantém uma camada que impede que o bebê desidrate”, continua a médica curitibana.

E os benefícios ainda não acabaram! “Ele tem ainda ação cicatrizante e repara possíveis danos  que possam ter ocorrido no parto, além de diminuir o risco de dermatites, que são comuns nos bebês”, conta Mantelli.

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Vérnix Caseoso: O creme natural que protege e aquece o recém-nascido
(dcdp/Thinkstock/Getty Images)

A hora certa de estrear na banheira

Em documento de 2015, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o banho não seja dado “antes das seis horas de vida” e que, mesmo assim, deve-se manter o vérnix. Mas os especialistas apontam que, se não há risco de transmissão de nenhuma doença, a espera deveria ser maior.

“Está comprovado cientificamente que o vérnix protege o bebê nas primeiras 24 horas”, aponta Silmara. É essa, aliás, a recomendação da Organização Mundial de Saúde. Mas esse ainda não é um consenso entre todas as maternidades brasileiras. “Geralmente o banho é dado entre seis e dez hora depois do parto”, esclarece a médica.

“Infelizmente, criou-se com o tempo uma noção de que o recém-nascido nasce sujo, o que precisa ser esclarecido. Não existe necessidade nenhuma de remover um benefício gratuito e inato como esse”, destaca Mantelli. “A conduta ideal é, depois do nascimento, apenas secar o bebê, sem esfregar ou remover o vérnix”, concorda Kelly.

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Algumas condições, entretanto, exigem a retirada mais rápida da barreira protetora. “Se a mãe for HIV positiva, tiver uma infecção genital importante ou no líquido amniótico, ele precisa tomar banho logo após o parto”, comenta Mantelli.

Se estiver tudo certo, vérnix liberado para ficar. Para garantir sua permanência, pense nisso antes do momento do parto. “Como nem todos os hospitais respeitam as 24 horas, o ideal é perguntar qual é a conduta adotada para o banho na hora de escolher a maternidade”, ensina Mantelli.

Quando o vérnix vai embora

Não existem comprovações dos benefícios depois das 24 horas. Mas, mesmo depois disso, a higiene da pele do recém-nascido não precisa ser pesada. O primeiro banho deve limpar, mas sem esfregar ou tentar remover manualmente o vérnix, que tende também a ser absorvido pela pele com o tempo.

“Por conta da fragilidade da pele, o bebê deve manter seu sebo natural no corpo”, orienta Silmara. “É claro que devemos manter a higiene, mas os alvos do sabonete devem ser somente os pés, axilas, cabeça e órgãos genitais. Nas outras regiões, basta passar água”, aconselha Silmara.

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