Sexo na gravidez sem preocupação

A maioria das mulheres não sabe conciliar a gestação e a vida sexual. Fique por dentro dos cuidados necessários para deixar a relação apimentada, mas sem correr riscos.

Por Fernanda de Almeida
Atualizado em 26 out 2016, 11h46 - Publicado em 15 Maio 2015, 15h30
s_lena/Thinkstock/Getty Images
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A gestação é um processo muito especial na vida do casal. Nessa fase, há uma infinidade de descobertas e mudanças – físicas e psicológicas –, que exigem muita calma e carinho dos parceiros. E o sexo – de qualidade, diga-se – também deve fazer parte desse momento. Para que você desfrute das suas relações com mais segurança e prazer, nós esclarecemos os principais mitos e alertamos para os eventuais riscos relacionados ao sexo na fase gestacional.
 
1. Existe algum risco de a penetração sexual afetar o bebê?
De maneira geral, não. “As mulheres podem ter relações até dias antes do parto”, garante Ana Canosa, psicóloga, terapeuta sexual e diretora da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, de São Paulo. O ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior, do Rio de Janeiro, afirma que o sexo promove efeitos positivos sobre a autoestima feminina, já que a mulher se sente desejada, apesar das mudanças em seu corpo. Há casos excepcionais, em que os médicos orientam os casais a não praticarem sexo. Mas só quando a gravidez é de risco. “Ameaça de aborto, de parto prematuro ou alterações na bolsa amniótica são as principais situações em que o especialista estabelecerá a restrição. Trata-se, apenas, de uma medida preventiva, já que o sexo faz parte da natureza humana e não tende a prejudicar o bebê de forma alguma”, explica Gerson Lopes, ginecologista e presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira Associações de Ginecologia e Obstetrícia), de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
 
2. Nos últimos meses de gestação, o orgasmo pode ocasionar um parto prematuro?
“Somente se o médico identificar o risco de parto prematuro devido a alguma complicação na gravidez. Especialmente se a mulher apresentar contrações uterinas precoces ou se tiver um histórico de abortamento ou parto prematuro em gestações anteriores”, diz Ana Canosa. “Isso porque o esperma do homem contém prostaglandina, uma substância que pode acelerar as contrações do útero, à medida que o momento do parto se aproxima”, complementa Amaury Mendes. Mas vale ressaltar que essa situação é rara e só acontece em condições especiais. Daí a importância do acompanhamento médico no pré-natal. O ginecologista Gerson Lopes explica que, até hoje, a Medicina não conseguiu determinar, com precisão, os fatores que antecipam o parto.
 
3. Meu marido não me procura para transar com a mesma frequencia de antes. Por quê? Existe alguma causa psicológica para a falta de interesse?
Sim. Há homens que recusam o sexo por não conseguirem lidar com as duas imagens atribuídas à mulher nessa fase: a erotizada e a de mãe dos filhos dele. Outros temem machucar a parceira ou o bebê, principalmente no final da gestação. O “ciúme” da mulher com a criança também pode afastá-lo, além da perda de desejo pelo corpo arredondado, principalmente quando a grávida engorda além do peso previsto. “É bastante natural que a frequência sexual diminua e o homem recupere o interesse depois do parto, após o período de adaptação do casal à nova rotina, o que pode levar de três a seis meses”, explica Ana Canosa. O ginecologista Gerson Lopes lembra que existem, ainda, casos em que a própria mulher não está tão interessada em sexo. Aí, não raro, o parceiro percebe e respeita esse distanciamento. “O melhor caminho é sempre a conversa”, sugere.
 
4. Como conversar com meu marido para propor uma melhoria na nossa vida sexual durante a gravidez?
“A gravidez é uma ótima oportunidade para explorar situações novas, já que tudo na mulher está mudando. Viajar juntos na descoberta pode trazer muito prazer a essa fase do casamento”, garante Sandra Maia, especialista em psicoterapia psicanalítica, de São Paulo. Ana Canosa concorda e aconselha que a mulher comunique ao companheiro sua carência sexual e explique como ela se sente insegura com o afastamento dele. “Por fim, procure tentar entender, durante o diálogo, quais são os grilos que pairam sobre a cabeça de seu companheiro”, ensina Ana Canosa.
 
5. Estou me sentindo inchada, feia, com acne no rosto. O que fazer para melhorar a aparência e me sentir mais desejável sexualmente? Que truques posso usar?
O ginecologista Gerson Lopes explica que o primeiro e terceiro trimestres da gestação deixam a mulher fisicamente indisposta, com náuseas e vômitos, o que, consequentemente, diminui a libido. “Em compensação, no segundo trimestre, o desejo costuma ir às alturas. Muitas gestantes contam que a melhor experiência sexual que tiveram na vida ocorreu nessa fase”, diz Gerson. “Tente usar roupas mais decotadas, que valorizem as mamas fartas e bonitas. Há muitas confecções para grávidas. Adquirir duas ou três peças curinga pode fazer com que se sinta mais bonita. Procure um dermatologista para cuidar da acne, sem prejudicar o bebê. Usar maquiagem também ajuda a encobrir as irritações da pele”, orienta a psicóloga Ana Canosa. O ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior ressalta que os cuidados com a higiene não devem se deixados de lado. Consultar um dentista é fundamental. Isso porque, durante a gravidez, o útero comprime o estômago, provocando, às vezes, esofagite de refluxo. O resultado, além da sensação de acidez, é o mau hálito. Uma limpeza de pele periódica também é essencial. A progesterona, hormônio produzido durante a gravidez, deixa a pele mais oleosa, acumulando impurezas. Por fim, os especialistas recomendam atividade física orientada e moderada para prevenir a retenção de líquido, que ocasiona inchaço nos membros inferiores.
 
6. Minha libido diminuiu. Por quê? Existem razões hormonais que expliquem alterações de desejo sexual nessa fase? Qual a solução?
Grande parte das mulheres percebe uma melhora na libido durante a gestação. Principalmente após o terceiro mês, quando estão sob uma verdadeira enxurrada hormonal. O fluxo de sangue, nas regiões genital e pélvica, também tende a aumentar, o que proporciona orgasmos bastante intensos. Mas, em casos de alterações hormonais não esperadas ou de doenças associadas, a libido pode despencar. O emocional também conta muito e é diretamente influenciado por diversos fatores: aceitação ou recusa da gravidez, mudanças no corpo, relação com o parceiro etc. Outras razões para a perda do desejo podem ser os enjoos, problemas de pressão e inchaço, que acometem algumas mulheres. “Sem dúvida, fazer sexo durante a gravidez aproxima o casal e diminui as fantasias de ciúme e rejeição de ambas as partes. Discuta com o médico as questões hormonais. E tente se conectar com o sexo, lendo livros ou assistindo a filmes eróticos, o que pode servir como estímulo”, aconselha Ana Canosa.
 
7. A lubrificação e a sensibilidade na região vaginal se alteram durante a gravidez? Por quê?
Sim. No segundo trimestre da gestação, ocorre uma maior produção do hormônio folículo estimulante (FSH), considerado um dos responsáveis pela expressão da feminilidade e da sexualidade. Por esse motivo, a libido aumenta e o corpo feminino fica sensível. Mas, infelizmente, o bem-bom não costuma permanecer pelos nove meses. O ginecologista e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior avisa que, “no final da gravidez, a vagina tende a se ressecar devido à produção excessiva do hormônio progesterona. Após o parto, a produção do outro hormônio, a prolactina – que induz a produção de leite – faz com que o desejo diminua ainda mais”. “É como se o corpo informasse à mãe que, naquele momento, ela precisa cuidar do seu filho antes de se concentrar em ter relações sexuais”, finaliza o ginecologista Gerson Lopes.

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