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Sexo na gravidez sem medo ou preconceitos

Carinho, cumplicidade e uma forcinha dos hormônios para elevar a libido esquentam o clima na cama entre você e seu parceiro durante a gestação. É só afastar os preconceitos para curtir esse prazer sem reservas.

Por Cristiane Ballerini
Atualizado em 26 out 2016, 11h46 - Publicado em 16 Maio 2015, 15h30
Kuzmichstudio/Thinkstock/Getty Images
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Alguns casais perdem meses preciosos de prazer por uma série de medos infundados. A não ser em casos bastante específicos, quando a saúde do bebê ou da futura mãe está sujeita a risco, o sexo não tem contraindicação durante os nove meses de gestação. Para muitos casais, inclusive, a gravidez reforça os laços afetivos e esquenta ainda mais a relação.
 
Ver a barriga crescer, os seios aumentarem e os quadris ganharem alguns centímetros pode ser motivo de orgulho para as mulheres e despertar ainda mais o interesse de seus parceiros. Além disso, a pele fica mais bonita, o cabelo brilhante… Infelizmente, muitas grávidas não percebem o efeito que exercem sobre os homens e se envergonham do próprio corpo, chegando a fugir de situações íntimas com o parceiro. Conversar abertamente com o parceiro continua sendo uma das melhores estratégias para superar esse tipo de dificuldade no relacionamento.
 
Antes de se convencer de que os quilos extras a deixaram pouco desejável, é uma boa ideia expor os temores abertamente para ele. “Nessa hora, a vergonha ou o medo de magoar devem ficar, de preferência, longe da conversa”, aconselha o psiquiatra Alexandre Saddeh, especialista em sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Durante a gravidez, é importantíssimo manter um diálogo franco e aberto, pois muitas vezes os desejos se desencontram. Por exemplo, o marido pode sentir o desejo diminuído, mas a mulher, não. O que impede que ele dê prazer a ela mesmo sem penetração?”, questiona Saddeh. Essa cumplicidade entre os parceiros e a abertura para novas possibilidades podem, inclusive, melhorar a vida sexual futura de ambos, garante o especialista.
 
Dança dos hormônios
Os sintomas intensos no início da gravidez, como mal-estar, enjoos e vômitos, também podem afetar a disposição para o sexo. É compreensível. Afinal, isso também acontece quando ficamos resfriadas, mesmo sem estar grávidas. O importante é lembrar, inclusive ao parceiro, que esses sintomas são passageiros e que logo você estará bem para levar a vida sexual adiante. Outra boa notícia é que a natureza dá uma forcinha para a libido não decair durante a gestação. Entre as mudanças hormonais da fase, há um aumento na produção de estrogênio e androgênio, que atuam positivamente sobre o desejo. Mas as mulheres reagem à gestação de maneiras diferentes.
 
“É uma experiência intensa e multifacetada, que envolve valores religiosos e morais, além de aspectos psicológicos e físicos. Algumas perdem o interesse pelo sexo durante esse período, enquanto outras sentem a libido aumentar, especialmente no segundo trimestre, quando se livram dos enjoos e a barriga ainda não dificulta determinadas posições”, explica o ginecologista Mauro Abi Haidar, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele próprio já atendeu uma gestante que vira e mexe ligava para o marido no meio da tarde pedindo-lhe que voltasse para casa, pois ela “precisava” de sexo. “Não é comum, mas pode acontecer”, diz o médico.
 
Machucar o bebê
Um mito difícil de derrubar é o medo masculino de machucar o bebê durante a penetração. É um receio totalmente infundado. O feto está protegido por várias camadas de músculos e envolto no saco gestacional, que é formado pela bolsa que abriga a criança e pelo líquido amniótico, criando uma espécie de amortecedor em torno do bebê. “Há ainda o tampão mucoso, membrana que fecha a entrada do útero, protegendo-o de contaminações e contatos”, explica Haidar. Portanto, durante o sexo, não há risco de o pênis entrar em contato com o bebê. Relaxe…
 
Mulher, amante… e mãe!?
É natural que a gestação modifique a visão que o parceiro tem da mulher. Além de esposa e amante, ela passa a ser mãe. Em alguns casos, as confusões com esses novos papéis podem derrubar totalmente o desejo masculino. “Se o parceiro transforma a mulher em um ícone inalcançável por causa da maternidade, será difícil que sinta excitação por ela. Para muitos, o sexo envolve ainda uma certa dose de agressividade, de transgressão. E isso não combina com a ideia de mãe”, analisa Saddeh. Por isso, se notar que seu parceiro esfriou de repente, é hora de uma boa conversa para descobrir a origem desse desinteresse. A maioria dos homens, mesmo diante de sentimentos contraditórios, sensibiliza-se com a gravidez e desdobra-se em carinhos e preocupações. Mas, se é uma gestação desejada e, apesar disso, o parceiro mostra-se cada vez mais distante, não chegando sequer a tocar na grávida, é melhor buscar ajuda especializada antes que um abismo se abra entre os dois.
 
Adaptações necessárias
À medida que a barriga cresce, por volta do sétimo mês, algumas posições sexuais se tornam incômodas e inadequadas. Mas não é razão para abrir mão do erotismo e do prazer. Talvez fique impossível realizar posições que exijam destreza física ou pressionem o abdome, mas é um bom momento para usar a criatividade para dar e receber prazer. Com a clássica papai-e-mamãe fora do cardápio, é hora de ousar. Que tal experimentar outras posturas, como você ficar sobre o parceiro, o sexo oral ou a masturbação a dois? Do oitavo mês em diante, os médicos costumam recomendar que os casais evitem penetrações profundas. “Nessa fase, quando toca o colo do útero, o pênis pode provocar contrações uterinas mais intensas e desencadear um trabalho de parto prematuro”, esclarece Haidar. Para evitar esse risco, a posição mais recomendada é com o casal “coladinho”, ambos deitados de lado.
 
Fugindo da rotina
As mudanças trazidas pela gravidez podem ser uma boa oportunidade para injetar uma dose extra de emoção na relação a dois. Para não deixar o assunto “bebê” dominar completamente a cena, a ponto de você e seu parceiro perderem contato com a própria sexualidade, um conselho é fugir da rotina e namorar mais. Uma volta no quarteirão para um sorvete, uma ida ao cinema, um carinho durante as compras no supermercado, bilhetes, ligações picantes. O fato de esperar um filho não é motivo para deixar tudo isso de lado. Pelo contrário. Esses momentos de carinho e intimidade são fundamentais para fortalecer os laços afetivos e criar um ambiente favorável ao sexo. “Na gravidez, a vida deve continuar com seus prazeres, para o homem e para a mulher. Tirar as dúvidas com os especialistas afasta os preconceitos e permite ao casal aproveitar esse período com muita satisfação”, garante Saddeh.
 
Longe da cama
Em alguns casos, os obstetras recomendam a interrupção das relações sexuais durante certo período. O ginecologista Mauro Abi Haidar aponta as situações em que o melhor a fazer é seguir o conselho do médico e voltar todas as atenções para se manter saudável durante os nove meses. Segundo ele, as relações sexuais são desaconselháveis quando: 

  • A mulher sofreu repetidos abortos e está no início de uma nova gestação;
  • Há infecção genital ou dor durante as relações;
  • Há risco de trabalho de parto prematuro;
  • Existe perda de sangue ou de líquido amniótico;
  • A bolsa se rompeu antes da data estimada para o parto.
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