“Está muito gelado aqui ou sou só eu que estou sentindo?”. Se você se lembra de ter feito essa pergunta logo depois do parto, provavelmente se recorda também de ter tremido consideravelmente. A sensação, óbvio, é estranha – mas a explicação pode ser mais simples do que se imagina: frio.
“Na grande maioria das vezes, o tremor acontece pela própria temperatura do ambiente onde a paciente se encontra”, explica Elisabete Pinheiro, ginecologista da Clínica Mantelli, que acrescenta: “A temperatura corporal fica em torno de 36 graus, enquanto o ambiente hospitalar gira em torno de 25, até 21 graus. Assim, o soro e os outros medicamentos entram [na corrente sanguínea da paciente] com essa temperatura mais baixa, e o centro regulador de temperatura do nosso corpo percebe a mudança, gerando os tremores.“
Elisabete lembra ainda que, na cesariana, a mulher fica com a cavidade abdominal exposta, o que ajuda a abaixar ainda mais a temperatura dela. Além disso, a anestesia – que também pode acontecer em partos vaginais – causa alterações. “Alguns medicamentos da própria anestesia, por bloqueios no sistema nervoso periférico, levam à diminuição de pressão e da temperatura corporal”, afirma.
Descarga de hormônios e esforço corporal
Não podemos nos esquecer também das tão faladas alterações hormonais. “Há diversos hormônios sendo liberados durante o trabalho de parto e a cesariana; alguns deles também fazem com que os tremores aconteçam, além da própria ansiedade”, lembra a ginecologista. Vale destacar que, entre esses hormônios, estão a adrenalina e a noradrenalina, que causam contrações musculares.
Por fim, ela aponta ainda o esforço do parto vaginal, cujo trabalho pode durar muitas horas e acabar gerando tremores devido ao esforço muscular.
Ou seja, não é apenas a anestesia ou a cesariana que fazem a mulher tremer depois de dar à luz – quem traz o bebê ao mundo por via vaginal também pode ter essa mesma sensação. Segundo Elisabete, é algo comum e nada preocupante se não estiver associado a nenhum sintoma diferente (como uma dificuldade para respirar, por exemplo). A orientação é mantê-la aquecida após o parto deixar a equipe ciente sobre o que sentindo, “até para que possa se tranquilizar”, finaliza.