OMS lança novas recomendações para incentivar parto natural
Ideia é reduzir a "medicalização" e o uso de técnicas que aceleram o nascimento, além de garantir atendimento seguro e saudável para mãe e bebê.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou nesta quinta-feira, 15, novas diretrizes para tornar a experiência do parto mais positiva para mãe e bebê. A entidade se apoiou em mais de 200 publicações científicas para elaborar o documento, que possui 56 recomendações direcionadas aos serviços de saúde e segue a tendência de valorizar o nascimento natural.
A meta é reduzir o número de intervenções médicas que podem ser desnecessárias, como a cesárea ou o uso de medicamentos que aceleram o parto. Isso não quer dizer que os procedimentos não tenham sua importância. Em algumas situações, eles salvam vidas. A crítica é justamente para o excesso.
Como argumento, estudos mostram que toda gestante ou seu bebê passam por pelo menos uma intervenção clínica durante o nascimento, mesmo se ambos estiverem saudáveis. E que todos os dias 830 mulheres morrem na gravidez ou durante o trabalho de parto, número que poderia diminuir com um atendimento mais qualificado.
Duração do parto
Um dos destaques do texto é a crítica à medida padrão de 1 centímetro de dilatação por hora no primeiro estágio do parto. O ponto é que cada mulher evolui de uma maneira e, por isso, a velocidade dessa abertura varia muito.
O ideal é que o progresso mais lento não seja por si um gatilho para indicar uma intervenção e que a futura mãe saiba desde o início que não há uma regra igual para todas. Mesmo assim, há um limite razoável para a duração dessa fase, de 12 horas no primeiro parto e de 10 horas nos partos subsequentes, até que os 5 centímetros sejam atingidos.
Aceleração e uso de medicamentos
A aplicação de ocitocina, hormônio que induz o trabalho de parto, e outros fluidos intravenosos, é uma prática comum nas maternidades e deveria ser evitada.
Para aliviar o desconforto de mulheres sem outras condições de saúde, mas que sintam dor durante o nascimento, a OMS sugere priorizar métodos de relaxamento muscular, respiração, música, massagens e outras técnicas, de acordo com a preferência da parturiente.
Além disso, a entidade recomenda que, quando qualquer procedimento for necessário, a mulher participe da tomada de decisões junto com a equipe médica. Parte das diretrizes do documento já haviam sido previamente divulgadas em outros artigos da OMS, como o banho só depois de 24 horas de vida e outros cuidados para os recém-nascidos.
Corrente de humanização
A redução de medicamentos e intervenções é uma tendência crescente na saúde pública mundial. Em março de 2017, o Ministério da Saúde anunciou uma série de diretrizes para assegurar um atendimento mais humanizado para bebês e mães brasileiras.
Diversas delas estão também no documento da OMS, como a liberdade de posição durante o parto, o jejum não obrigatório e métodos de alívio da dor que podem ser feitos sem remédios.
A publicação completa pode ser conferida aqui, em inglês.