1. Quando devo ter um segundo filho?
Não existe regra. O importante é assegurar o desenvolvimento saudável aos dois filhos. Para isso, leve em conta sua disposição física, a estabilidade emocional e a tranquilidade financeira da família e a disponibilidade de tempo do casal para cuidar das crianças. Pense que o novo integrante da família exigirá mais tempo, paciência, energia, atenção e dinheiro, o que significa menos intimidade e lazer. Agora, nunca encomende um bebê porque seu filho quer um irmãozinho ou para tentar salvar seu casamento. Esse peso é demais para os ombrinhos de um e outro. O desejo tem de ser dos pais.
2. Preciso de quanto tempo para poder engravidar novamente depois do parto?
Fisiologicamente, seu corpo terá condições (mínimas!) para uma nova gestação quando a menstruação voltar. Isso significa de seis a nove meses para as mulheres que amamentam e de três a quatro meses para as que não deram o peito ao primeiro filho. Porém o ideal é aguardar de três a cinco anos para engravidar novamente, o que reduz o risco de problemas como anemia (baixo peso do bebê), abortamento espontâneo e parto prematuro.
3. Que tipo de parto devo fazer no segundo filho?
Depende, pois cada parto tem suas próprias características. Em geral, se o primeiro parto for normal, a chance de o segundo bebê nascer por vias naturais aumenta bastante. Em casos delicados, como no de mulheres com bacia óssea estreita ou doenças específicas que levam ao parto cesáreo, o procedimento cirúrgico será obrigatório. Agora, se o motivo da cesárea for circunstancial, nada impede que o segundo parto possa ser normal, embora nesse caso haja uma chance muito pequena, em torno de 0,5%, de ruptura de útero.
4. Posso engravidar enquanto amamento?
Pode, mas é melhor evitar. É comum, por exemplo, o filho mais velho achar que o recém-nascido roubou-lhe o peito, principalmente se a mãe interrompe a amamentação dele pouco tempo antes do parto. Além disso, é difícil para uma única mulher dar atenção a dois bebês muito pequeninos, mesmo que um esteja no ventre. Lembre-se de que uma criança com menos de 1 ano precisa muito da mãe. Os problemas podem ser ainda maiores se essa mãe tem uma relação difícil com o aleitamento. E vale o alerta: se você integrar um grupo de alto risco para parto prematuro, como é o caso de grávidas de gêmeos, a amamentação deverá ser interrompida. É que a sucção do peito, que estimula as contrações uterinas, pode precipitar o nascimento dos bebês.
5. Quais os prós de ter filhos com uma diferença de idade de um a dois anos?
Você passa pelo estresse de cuidar de seus bebês de uma vez só e consegue retomar tanto a vida conjugal plena como a social mais rapidamente. A pequena diferença de idade também favorece o companheirismo entre os irmãos, já que superarão praticamente juntos as mesmas fases da vida. Além disso, muitas vezes a dificuldade une ainda mais o casal e a maior competitividade dá mais traquejo aos pequenos para buscar soluções. Aqui uma dica preciosa é reservar um tempo do dia para dar atenção exclusiva do pai e da mãe ao filho mais velho para que ele se sinta afetivamente seguro.
6. Quais as desvantagens de ter um bebê logo após o outro?
É arriscado ter um bebê menos de um ano depois do primeiro parto. Seu organismo ainda não se recuperou totalmente da gravidez. Como já foi dito, a criança pode enfrentar problemas como anemia, abortamento espontâneo e parto prematuro. Do ponto de vista emocional, uma nova gravidez reduz a disponibilidade da mãe tanto para o filho mais velho como para o recém-nascido, o que tende a acirrar a competição afetiva entre ambos. Eles vão disputar tudo, de brinquedos a amigos, e as brigas podem ser francas e feias. E o pior: o marido tende a entrar também nessa disputa pela atenção da esposa. Além disso, dá muito trabalho cuidar de dois bebês pequenos ao mesmo tempo. Os pais de gêmeos que o digam! Pense que serão dois acordando de madrugada ou chorando por causa de fralda suja.
7. É verdade que o melhor intervalo de idade entre irmãos é de dois a cinco anos?
Em tese, sim. Passados dois anos, a mulher já está fisicamente recomposta, o casal se acostumou aos novos papéis, marido e mulher tiveram tempo para matar a saudade sexual e o primeiro filho já anda, come sozinho, largou a fralda e até vai à escola. Se financeira e emocionalmente for viável, esse é um bom intervalo. Mas há desvantagens. Imagine uma criança pulando perto da escada enquanto você amamenta o recém-nascido. Sim, você obrigatoriamente precisará de ajuda. Além disso, o ciúme do mais velho fará com que ele volte a ter comportamentos de bebê. E mais: apesar da proximidade da idade, os dois passarão por etapas diferentes de desenvolvimento, o que requer a energia e a atenção dos pais.
8. E se eu esperar mais de cinco anos para ter o segundo filho?
Se estiver disposta a trocar fralda depois de tanto tempo, essa é uma opção para quem busca tranquilidade. A competitividade entre os irmãos provavelmente será menor, o que reduz tanto a agressividade das crianças em busca de atenção como o estresse dos pais. Agora, o filho mais velho teve pelo menos cinco anos para aprender a se sentir único e pode reagir mal à chegada do bebê. Não são raros os casos de crianças com problemas de comportamento porque não tiveram a oportunidade de aprender a esperar sua vez, conviver com primos e amigos, dividir suas coisas e assim por diante. Outro erro comum é transformar o filho maior em babá e privá-lo da infância. Claro que ele pode ajudar, e isso é uma grande vantagem, mas a responsabilidade deverá ser sempre do adulto. Pense também que você terá de administrar necessidades muito diferentes.
9. Vou ter tempo para dar a atenção de que meu filho necessita e merece?
Um bebê precisa, sim, de muita atenção. Por isso, avalie bem a situação. Eu realmente desejo mais um filho? Terei o tempo e o suporte necessários para cuidar dele como quero? Poderei contar com a ajuda de avós, tios e padrinhos para dedicar a mim alguns momentos, nem que seja para dormir? Se a resposta for sim para essas perguntas, seu segundo filho estará bem acolhido.
10. Consigo dar conta de duas crianças pequenas?
Se forem muito pequenas, você precisará de ajuda muitas vezes. Nessa hora, o pai, os avôs e mesmo uma babá podem ser bastante úteis. Agora, se o mais velho já é independente para executar algumas tarefas, como comer e brincar, a missão fica menos complicada, embora a ajuda também seja bem-vinda e algumas vezes necessária. É preciso apenas tomar cuidado para não dar só atenção ao caçula.
11. Meu filho vai gostar de ter um irmão?
Ele vai gostar e odiar ao mesmo tempo. É uma ambivalência natural. Até porque o ciúme faz parte do processo. É comum e normal que o filho mais velho volte a fazer xixi na cama, peça chupeta e mamadeira, tenha dificuldade para dormir ou se alimentar e torne-se mais dengoso com os pais. Aqui o importante é tratar com naturalidade a situação. Tome cuidado apenas com atitudes muito agressivas.
12. Qual é a importância de ter um irmão?
É uma oportunidade para a criança aprender a lidar com a competição e a rivalidade. Com o irmão, aprende-se a dividir as coisas, a esperar para ter um desejo satisfeito e também a tolerar a frustração. São aspectos fundamentais para a boa convivência em sociedade. Pode ser doloroso perder a condição de exclusividade de um filho único, mas é gratificante ganhar o status de primogênito, de filho mais velho. Além disso, possibilita que se dilua entre os irmãos a responsabilidade de corresponder às expectativas dos pais.
13. Como diferencio a atenção às necessidades de dois filhos?
Se eles tiverem uma diferença de idade importante, isso fica mais evidente. Mas a tarefa de atender a suas necessidades vai exigir habilidades especiais para lidar com um filho bebê e outro em idade escolar ou adolescente, por exemplo. Ou um filho adulto e outro em idade escolar. Como já foi dito, é importante não transferir para o mais velho responsabilidades que são dos pais. Por outro lado, fique atenta para não tratar em bloco filhos em etapas de desenvolvimento semelhantes. As necessidades não são sempre as mesmas. Cada filho tem características e desejos próprios.
14. O novo bebê pode piorar a relação com meu marido?
Sim, principalmente se ela já não estivar boa. Portanto, acredite: filho não salva casamento e não deve vir ao mundo com essa missão! Diante de uma crise, o melhor a fazer é resolvê-la para depois pensar em um segundo filho. Agora, um segundo bebê pode criar desgastes na sua relação conjugal mesmo que tudo pareça bem. É que um quarto membro torna as relações familiares mais complexas, despertando sentimentos e situações que antes não eram experimentadas, como a rivalidade e o ciúme. As decisões são mais difíceis, o estresse tende a aumentar e o tempo para curtir a vida, ou simplesmente recarregar a bateria, fica menor. Paralelamente, o interesse sexual cai e os custos sobem. Portanto, olhe no olho do seu marido e veja se realmente vocês estão prontos para passar por tudo isso.
15. Vou conseguir conciliar minha carreira com as crianças?
Sem dúvida, mas será preciso organização, tranquilidade e definição de prioridades. Se optar por abandonar o trabalho durante um ano ou mais para se dedicar exclusivamente aos filhos, faça isso de maneira consciente e segura, sabendo que terá de recomeçar quase do zero, o que nem sempre é fácil. Também precisará de maturidade para não responsabilizar os filhos pelo rumo de sua carreira. Se a ideia for continuar trabalhando, isso terá um impacto na sua disponibilidade aos filhos e você precisará se esforçar para não sucumbir à culpa. Pense que cuidar de uma criança não significa passar 24 horas com elas. Escolher pessoas de confiança e capacitadas, que compartilhem de seus valores, para ficar com seus filhos também significa educar e amar, em uma escola, creche ou em casa. Em suma, fique em paz consigo mesma que tudo se resolve.
16. Como ficam os gastos com mais um filho?
Uma criança precisa ter o necessário e o suficiente, de acordo com as condições dos pais. A chegada de um segundo filho impacta o orçamento doméstico desde a gravidez. A família gasta com cuidados com o pré-natal, roupas novas para a mãe, enxoval do bebê, estruturação da casa, do quarto, berço, carrinho, plano de saúde, pediatra, babá ou creche… Enfim, não são poucos os gastos necessários para receber mais um filho. Além disso, é preciso estar consciente de que serão gastos por um longo tempo na vida, já que os filhos têm saído da casa dos pais cada vez mais tarde.
17. Devo me preocupar com a transmissão de doenças?
É claro que um irmão mais velho pode trazer doenças infecciosas da rua e transmiti-las ao mais novo. Mas os pais também podem. O que é importante para prevenir isso é tomar cuidados com a higiene de ambos, além de lavar as mãos para trocar o bebê e evitar o contato com o irmão gripado.
18. Já tenho um filho do primeiro casamento e meu segundo marido quer outro. O que faço?
Primeiro, veja se você também quer mais um filho. Se os dois estiverem de acordo, não há por que não tê-lo. Mas é importante considerar que as relações serão um pouco mais complexas do que as de famílias tradicionais. Isso porque orbitarão no núcleo da família não apenas os quatro avôs e demais parentes, mas também seu ex-marido e os avôs do seu primeiro filho, além de tios e primos. Certifique-se de que não haverá grandes conflitos nessa convivência.