Como é a gravidez de gêmeos

E agora? Um mix de alegria e susto acompanha a notícia de uma gravidez dupla. E ela tem sido cada vez mais comum.

Por Priscila Boccia (colaboradora)
Atualizado em 12 Maio 2017, 12h48 - Publicado em 22 Maio 2015, 14h33
Mari Camargos
Mari Camargos (/)
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As técnicas de fertilização assistida são a principal causa do boom de barrigas dois-em-um nos dias de hoje (veja por que elas favorecem o aparecimento de gêmeos e, ainda, as causas naturais de gestações gemelares). Felizmente o aumento dessas gestações, mais delicadas por natureza, vem sendo acompanhado de perto por incríveis avanços da Medicina fetal.

As peculiaridades de dar à luz gêmeos começam bem antes de os bebês irem para casa, quando são necessários dois berços, dois colos e fraldas que não acabam mais. “A gravidez gemelar não pode ser encarada simplesmente como duas gestações normais e simultâneas”, frisa o médico Sang Choon Cha, do Laboratório Fleury. E a futura mamãe não demora para perceber isso.

Os enjôos, o inchaço, a dificuldade para dormir, as alterações de humor e o ganho de peso costumam ser mais severos. Além disso, a fome devastadora precisa ser barrada. Só é permitido comer, em média, 500 calorias a mais que uma grávida de feto único – cuja dieta deve ter em torno de 2,5 mil calorias.

“O médico precisa acompanhar mais de perto o desenvolvimento dos bebês e a saúde da gestante”, ressalta o ginecologista e obstetra paulista Flávio Garcia de Oliveira, autor do livro Bebê a Bordo, Guia para Curtir a Gravidez a Dois, editado recentemente pela Matrix. Nele fez questão de incluir observações sobre gravidez múltipla em cada capítulo. “O corpo feminino reclama, afinal a natureza não o preparou para sustentar dois bebês ao mesmo tempo”, nota o especialista.

A grávida precisa estar preparada. Ou melhor, bem informada. Complicações como hipertensão, diabete, problemas renais e taquicardia são mais comuns quando se esperam gêmeos. E a necessidade de repouso também costuma ser precoce, surgindo lá pela vigésima semana de gestação. Isso porque, no caso desses bebês, há um alto risco de prematuridade.

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Cerca de 65% dos gêmeos nascem sem completar 37 semanas na barriga. Por isso, os obstetras ficam em alerta, de olho no comprimento do cólo do útero de sua paciente. “Se ele estiver muito aberto, há maior risco de os bebês nascerem antes da hora”, explica o ginecologista e obstetra Renato Kalil, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

Em alguns casos, a ameaça é contornada com uma cerclagem – espécie de ponto feito para amarrar a saída do útero. Outra medida preventiva é aplicar uma dose de corticóides na mãe quando ela entra na vigésima oitava semana de gestação. “Isso acelera o amadurecimento dos pulmões dos bebês, que são os últimos órgãos a se formarem por completo”, esclarece Kalil.

O monitoramento constante também é importante para rastrear o surgimento de contrações uterinas, levando a mulher à mesa de cesárea ao menor sinal delas. “Para um parto normal, o ideal é que os dois bebês estejam de cabeça para baixo e que o primeiro da fila de saída seja o mais pesado”, afirma Luiz Claudio Bussamra, do Hospital e Maternidade Santa Joana, também na capital paulista. “Como isso nem sempre acontece, atualmente, por medida de segurança, prefere-se que os gêmeos nasçam em cesariana.” Mas não pense que o parto vai demorar o dobro do tempo. Serão quase os mesmíssimos 40 minutos de um nascimento único. É que os irmãos costumam vir ao mundo correndo um atrás do outro, com no máximo dois minutos de diferença.

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