Aula 9 – A prematuridade
O obstetra Marcelo Zugaib, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica quando as gestantes correm o risco de dar à luz antes da hora.
Uma gravidez tem duração de 40 semanas, mas, às vezes, o bebê nasce antes do tempo, entre a 22ª e a 37ª semana de gestação. Quando isso acontece, o parto é considerado prematuro. Afinal, como o próprio nome indica, o nascimento se dá antes que a criança esteja madura. Entre as gestantes, há aquelas que correm maior risco de ir para a maternidade antecipadamente. Nesse grupo estão as mulheres com histórico de prematuridade, ou seja, que já tiveram um bebê nessas condições. As grávidas de gêmeos também podem entrar em trabalho de parto antes da hora. Finalmente, fazem parte do grupo de risco as futuras mamães que tiveram sangramentos persistentes no primeiro ou no segundo trimestre da gestação. Se, além de apresentar um desses fatores de risco, a mulher ainda tiver um colo uterino curto, a probabilidade de a criança nascer prematura será ainda maior.
Existem testes capazes de prever o parto prematuro, mas não vale a pena aplicá-los em todas as mulheres – os médicos costumam indicá-los apenas para esses casos já mencionados, que formam o grupo de risco. Um dos exames é o da fibronectina, uma proteína colada à membrana do útero. Ele é feito por meio da coleta da secreção vaginal a partir da 22ª semana de gravidez e repetido a cada 15 dias. Se houver a presença da proteína, isso sinaliza ao médico que o parto pode acontecer nos sete ou 14 dias seguintes. Outro indicador de prematuridade é a medida do colo uterino, que costuma ser obtida com precisão por meio de uma ultrassonografia transvaginal, entre a 22ª e a 24ª semana. Trata-se de outro exame que pode ser repetido nas semanas seguintes para orientar o obstetra que acompanha a gestante de risco.
Quando esses testes confirmam ao médico que o parto prematuro pode, de fato, acontecer, ele costuma lançar mão de algumas medidas de prevenção. A primeira delas é o repouso. Em uma situação dessas, é preciso descansar tanto o corpo quanto a mente. Por isso muitos médicos propõem até mesmo o afastamento do trabalho. A atividade sexual também costuma ser suspensa e, para completar o pacote de medidas, o obstetra pode indicar medicamentos, como a progesterona natural, que vem obtendo resultados brilhantes – esse hormônio consegue evitar até 50% dos partos prematuros.
Dois tipos de parto prematuro
Existem aqueles casos em que o parto prematuro é o que chamamos de eletivo. Isto é, o médico marca a data do nascimento para poupar a mãe ou o próprio bebê de condições prejudiciais à sua saúde – por exemplo, quando a hipertensão foge do controle. E existem, também, os partos prematuros espontâneos, é claro. Quando a mulher dá sinais de que está entrando em trabalho de parto antes da hora, a primeira coisa a fazer é interná-la o mais rápido possível. Vale ressaltar: os médicos não conseguem bloquear o processo em 50% dos casos, mas pelo menos podem ganhar um tempo. E, no caso, estamos falando de umas 48 ou 72 horas – período que pode parecer curto, mas que faz uma imensa diferença. Nesse prazo, a gestante pode receber corticoides, por exemplo. O remédio é usado para acelerar o amadurecimento dos pulmões do bebê. Também é possível, se for o caso, transferi-la para uma maternidade com UTI neonatal.
Durante o parto, o obstetra toma alguns cuidados especiais. Ele evita, por exemplo, usar drogas que possam sedar a criança, aumentando o risco de complicações respiratórias ao nascer. Ele redobra a atenção para prevenir qualquer trauma mecânico – afinal, o corpo do bebê prematuro é ainda mais frágil. Enfim, faz de tudo para poupar o recém-nascido de algum sofrimento.
Em seguida, o bebê prematuro é levado para uma UTI neonatal, onde será acompanhado pelo médico neonatologista, que lhe dedicará uma série de cuidados complementares para garantir seu desenvolvimento. Felizmente, a evolução da obstetrícia e da neonatologia tem obtido ótimos resultados em casos de bebês que nascem antes da hora.