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Piiê: quem foi o faraó egípcio que inspirou nome que cartório não quis registrar

Família de Belo Horizonte precisou de recurso na Justiça após nome de bebê ser repetidamente barrado sob alegação de que poderia gerar bullying

Por Maurício Brum
21 set 2024, 07h00
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Piiê reinou como parte da chamada 25ª dinastia do Egito, entre as décadas de 750 e 710 a.C. Originalmente, governou a partir da Núbia, região ao norte do atual Sudão. (wirestock/Freepik/Reprodução)
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Após 11 dias de impasse, uma família de Belo Horizonte conseguiu autorização judicial para registrar o nome desejado para o filho, que passou quase duas semanas sem certidão de nascimento. O casal queria chamar a criança de Piiê, uma referência ao primeiro faraó negro do Egito, mas o nome foi inicialmente pelo cartório e pela Justiça.

A alegação das autoridades era que ser chamada de Piiê poderia fazer a criança sofrer bullying quando crescesse, em função da similaridade da escrita e pronúncia com a palavra “plié” (lê-se pliê), um passo do balé. Após a repercussão do caso, a juíza que havia negado o registro voltou atrás e autorizou o registro, dizendo que a motivação cultural para a escolha do nome não havia sido apontada no pedido inicial.

Mas, afinal, qual a história do nome que gerou tanta polêmica?

Piiê, o primeiro dos faraós negros?

Piiê reinou como parte da chamada 25ª dinastia do Egito, entre as décadas de 750 e 710 a.C. Originalmente, ele governou a partir da Núbia, uma região ao norte do atual Sudão.

Seu período de reinado ocorreu em um momento de transição do Antigo Egito, quando o reino tentava se reunificar após uma época intermediária de desarticulação. Por isso, embora Piiê tenha podido se declarar um faraó sobre todo o território, ele passou a vida estabelecido em Napata, uma cidade núbia relativamente distante dos locais tradicionalmente associados ao Egito.

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Sua categorização como primeiro faraó negro também é controversa – e foi feita milênios depois do seu reinado. Essa diferenciação é considerada um anacronismo racista construído a partir da perspectiva de egiptólogos europeus, sobretudo no século 19 – a ideia seria vender o Antigo Egito como “não branco”, mais próximo da Europa do que da África, demarcando uma distinção de cor de pele que não era feita pelos próprios egípcios em relação aos reis vindos da Núbia.

O que significa Piiê?

O significado do nome é desconhecido. Sabe-se que Piiê também pode ser grafado como Pankhy ou Piankhi, o que rendeu algumas hipóteses – uma delas sugere, a partir das raízes de “pi” e “ankhi” que o nome poderia significar algo como “aquele que vive”. 

No entanto, com os registros que chegaram aos nossos tempos, não há como estabelecer com segurança o que o nome queria dizer. Hoje, a referência mais clara não é a um significado ancestral, mas à própria figura histórica que governou no Antigo Egito.

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