Continua após publicidade

Teste de sangue em gestantes consegue prever prematuridade em estudo

O teste analisa marcadores genéticos e poderia ainda determinar a idade gestacional do feto com mais precisão. Entenda como foi feita a pesquisa!

Por Chloé Pinheiro
18 jun 2018, 19h45

Reduzir o nascimento antes da hora, que ainda ocorre com 15 milhões de crianças ao ano no mundo, é um desafio para os médicos. Isso porque, embora conheçamos bem os fatores de risco, os mecanismos biológicos que desencadeiam o parto prematuro ainda não estão totalmente estabelecidos.

Até por isso, o cálculo da data prevista do parto não é uma medida exata, pois leva em conta só o tempo de duração de uma gestação de risco habitual – onde não se esperam complicações – e o desenvolvimento do feto no ultrassom.

De olho nesse problema, cientistas da Universidade de Stanford, na Inglaterra, desenvolveram um exame de sangue que poderia não só estimar com mais precisão o risco de parto prematuro, mas também calcular a idade gestacional em regiões mais pobres, onde o ultrassom não está disponível para todas as gestantes.

A saída, descoberta pelos pesquisadores ingleses, pode ser a genética. “Nós descobrimos que alguns genes conseguem predizer o risco de prematuridade com alta taxa de acerto”, apontou Mads Melbye, professora visitante da instituição e coautora do estudo, em comunicado à imprensa. “Há anos trabalho para entender o parto prematuro e posso dizer que esse é primeiro progresso relevante que fazemos em um bom tempo”, completou.

Como foi feito o estudo

Com uma amostra de sangue coletada durante a gestação e uma tecnologia desenvolvida pelo grupo, que mede a atividade dos genes da mãe, da placenta e do bebê por meio de partículas do RNA, moléculas mensageiras que carregam as instruções para que o organismo trabalhe e o feto se desenvolva, presentes no sangue da mulher.

Continua após a publicidade

Primeiro, os cientistas selecionaram 21 participantes que tiveram parto normal e que, ao longo da gravidez, doaram amostras de sangue semanalmente. A partir dessas coletas, eles conseguiram identificar nove dessas partículas ligadas a determinadas idades gestacionais. As estimativas estavam corretas em 45% das vezes – o que é comparável aos 48% de acerto do ultrassom do primeiro trimestre.

Com esse primeiro resultado em mãos, os pesquisadores convocaram mais 38 futuras mamães, dessa vez consideradas em risco para a prematuridade pois já tinham tido contrações fora de hora ou partos prematuros anteriores. Ao analisar as amostras de sangue delas, colhidas a partir do segundo trimestre, a equipe descobriu sete marcadores genéticos da mãe e da placenta que eram capazes de identificar quais gestações iriam terminar antes da hora.

O achado tem suas limitações, como o fato de ter sido feito com um número pequeno de mães, e precisará ser confirmado com novos estudos. Mas abre caminho para estratégias de prevenção mais adequadas e até mesmo para entender as origens deste problema. “São genes da mãe em sua maioria, então achamos que é o organismo das mães que manda o sinal de que está pronto para iniciar o trabalho de parto”, explicou Mira Moufarej, aluna de medicina de Stanford e participante do trabalho, no mesmo comunicado.

Publicidade