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Substância presente no plástico pode gerar prejuízos ao feto, diz estudo

Trabalho indica que exposição excessiva durante a gestação aos ftalatos pode afetar os testículos do bebê, comprometendo a saúde reprodutiva a longo prazo

Por Carla Leonardi
Atualizado em 6 mar 2023, 17h58 - Publicado em 6 mar 2023, 16h51

Sabe-se que diversos componentes do plástico são prejudiciais à saúde. São os chamados desreguladores endócrinos, compostos químicos que interferem no nosso sistema hormonal, levando a alterações consideráveis no organismo, e que despertam largamente o interesse da comunidade científica. Recentemente, um estudo dinamarquês apontou mais uma descoberta da área: a exposição excessiva aos ftalatos durante a gravidez pode levar a problemas nos testículos do bebê, afetando a vida reprodutiva dele no futuro.

A pesquisa, liderada por Louise Scheutz Henriksen, do Departamento de Crescimento e Reprodução do Copenhagen University Hospital, foi publicada no Science of The Total Environment. Nela, os estudiosos avaliaram 100 rapazes entre 18 e 20 anos, cujas mães forneceram amostras de sangue para que fosse detectada a presença da ftalatos. Posteriormente, os pesquisadores analisaram a função testicular dos jovens, observando aspectos como qualidade do sêmen, níveis de hormônios reprodutivos, volume dos testículos, entre outros, e compararam com as concentrações do químico nas mães.

De acordo com os resultados publicados no artigo, a maior exposição materna ao ftalato foi associada a uma maior dosagem de hormônio luteizante (LH) e a menores proporções de testosterona total e livre, indicando que os efeitos da exposição à substância durante a gestação podem ter efeitos a longo prazo em seus filhos. Embora esse ainda seja um olhar inicial para a questão, a pesquisa deverá incentivar novos estudos.

Reprodução assistida e fertilização in vitro: Riscos e benefícios
(ADragan/Getty Images)

O que são os ftalatos e onde estão presentes

Os ftalatos são um grupo de compostos químicos utilizados como aditivos para tornar o plástico mais flexível, podendo estar presentes em diversos produtos, como canos PVC, embalagens para alimentos, copos, brinquedos e até esmaltes, hidratantes, desodorantes e sabonetes líquidos, assim como em aparatos médicos.

A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica os ftalatos como “possivelmente carcinogênicos para humanos” (grupo 2B) e seu uso tem sido limitado nos últimos anos ao redor do mundo, embora o químico ainda seja largamente utilizado na indústria.

Ao observar o rótulo dos produtos, vale se atentar à sua presença, em geral com termos como phthalates, dibutylphthalate (DBP), dimethylphthalate (DMP), diethylphthalate (DEP) ou, em português, como butila, benzila, dietila, dioctila, dibutila, diciclohexila, diisodecila e di-2-etilexila. Já aqueles sem ftalatos costumam vir com a indicação “sem PVC” ou “sem DEHP” (free HDPE, em inglês). Outra dica é observar o número do plástico – os que apresentam mais risco de conter e liberar ftalatos são os de número 1, 3 e 6.

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