Milena Murno sempre quis ter filhos, mas acabou adiando a gestação. Depois dos 30 anos, descobriu uma falência ovariana e iniciou uma longa jornada para realizar o sonho de ser mãe. Agora, grávida de 7 meses aos 40 anos, ela relata como foi esse processo e a sua experiência com a gestação tardia. Confira:
“Sempre sonhei em ser mãe, meu lado materno é bem aflorado. Na infância, eu me imaginava com três ou quatro filhos. Com 12 anos, eu já era a babá das crianças do prédio, cuidava delas ao mesmo tempo, enquanto as mães saíam para resolver problemas.
Mais tarde, fiz magistério e trabalhei como professora de educação infantil por um tempo. O contato maior com crianças só aumentou o meu desejo de um dia ter os meus filhos. Queria ser mãe cedo, mas a vida acabou me levando por outros caminhos. Nunca consegui engravidar naturalmente. Já havia procurado ginecologistas por conta de problemas hormonais da adolescência, mas não obtive muita sorte nas consultas. Os médicos nunca deram muita atenção para isso, diziam que estava tudo certo comigo. E eu sempre acabei deixando pra lá, apesar da pulguinha atrás da orelha.
Até que, aos 34 anos, numa consulta com um endocrinologista especialista em hormônios, exames me reviraram do avesso e acabamos detectando o início de uma falência precoce dos ovários, a famosa menopausa que estava se instalando cedo demais em mim.
Foi quando me dei conta pela primeira vez de que talvez teria alguma dificuldade para engravidar. Receber essa informação foi um choque. Passei dias imaginando como seria passar por essa vida sem um filho. Logo eu que sempre quis três ou quatro?
Mas na época era mais jovem, estava solteira, trabalhando muito e acabei não dando a devida atenção para a tal menopausa. Achava que era apenas uma oscilação passageira de hormônios que seria ajustada com remédios. Nem me preocupei em realizar um procedimento simples que hoje recomendo a todas as mulheres que desejam preservar sua fertilidade para engravidar mais tarde: o congelamento de óvulos. Talvez assim não precisasse agora passar por tantos desgastes emocionais para conseguir uma gestação.
Enfim, o tempo foi passando, o problema se agravando e minha possibilidade de gerar um bebê diminuindo drasticamente. Chorava muito. Vivia um luto diário contido dentro do peito. Foi um período bem difícil. Quando a gente entra em contato real com a possibilidade de não gerar perde-se completamente o chão, a esperança, a confiança, a fé. Perde-se tudo!
Eu sentia meu tempo se esgotando, a idade passando e nada se resolvendo. Foi então que iniciei uma peregrinação por médicos em busca de uma solução – o que durou os últimos 4 anos. Saía chorando de muitas consultas com diagnósticos horríveis dados por profissionais sem a menor sensibilidade ao me dizer que tinha chance zero de engravidar.
Até que, na metade do ano passado, já com 39 anos, minha terapeuta me indicou uma médica. Fui meio desacreditada, mas me deparei com um anjo colocado no meu caminho. A médica me explicou tudo direitinho e me deu uma esperança enorme de gerar um bebê. Senti que, finalmente, tinha encontrado uma saída, mesmo com quase 40 anos e uma falência ovariana. Iniciei e segui o tratamento confiante. Fiz uma FIV (fertilização in vitro), um processo doloroso emocionalmente, um desgaste enorme. Minhas chances eram mínimas pelo meu histórico de idade e saúde.
Mas, em novembro do ano passado, na primeira tentativa, eu me dei um presente de aniversário de 40 anos: meu corpo respondeu bem ao tratamento e três embriões foram implantados. Desses, um se desenvolveu no meu ventre e se transformou no Pedro, o meu menino amado, o meu milagrezinho.
Sim, estou grávida de 7 meses. E com 40 anos! Quando recebi o positivo quase desmaiei de emoção. Brinco que meu milagre chegou aos 40 do segundo tempo, quase, quase no fim do jogo. E Pedro cresce saudável, me chutando muito e se desenvolvendo bem.
Desistir nunca foi uma opção pra mim e espero que não seja para outras mulheres nessa faixa etária que têm esse desejo grande da maternidade. Se não tivesse conseguido minha tão sonhada gestação, por conta da idade ou do meu problema de saúde, eu seria mãe de qualquer forma. Uma adoção nunca foi uma opção descartada (quem sabe assim ainda chegue aos quatro filhos que sempre quis). Não sabemos quais os caminhos da maternidade escolhidos para nós. Portanto, para quem quer ser mãe mesmo, não importa a idade nem quando. O importante é não deixar nossos sonhos morrerem”.