Reprodução assistida: como funciona e para quem ela é indicada?
Esperança para casais que não conseguem conceber naturalmente, técnica combate – em laboratório – o drama da infertilidade
Em 25 de julho de 1978, nasceu na Inglaterra a primeira criança oriunda de uma reprodução assistida: Louise Joy Brown, à época identificada como um “bebê de proveta”, representou uma revolução para famílias que lutavam contra a infertilidade
Passado quase meio século, a técnica — aperfeiçoada ao longo dos anos — se converteu em uma esperança para casais que não conseguem realizar o sonho de ter um bebê naturalmente.
Como funciona a reprodução assistida?
A técnica basilar é a chamada fertilização in vitro, ou FIV, em que espermatozoides entram em contato com um óvulo em um ambiente controlado, em laboratório. Os gametas femininos e masculinos são coletados especificamente para o procedimento, com intervenção médica quando necessário.
Na FIV convencional, a fertilização emula o que ocorreria naturalmente no corpo da mulher. Em casos nos quais a equipe médica percebe que esse procedimento seria dificultado — por exemplo, quando os espermatozoides têm menor “qualidade”, em função de diversos fatores — pode ser indicada uma técnica conhecida como ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides): nela, um único espermatozoie é inserido dentro do óvulo.
Para quem a reprodução assistida é indicada?
A reprodução assistida é uma opção tanto para casais heterossexuais que têm dificuldades para engravidar naturalmente quanto para casais homoafetivos — que precisam recorrer à técnica em função das limitações biológicas para alcançar a concepção.
No caso de casais heterossexuais, considera-se que há uma “infertilidade conjugal” após 12 meses de relações sexuais sem camisinha que não geram uma gravidez. Ainda assim, alguns exames prévios são solicitados.
Para homens, é comum pedirem a realização de um espermograma, que determina a qualidade do sêmen considerando pontos como pH, volume de espermatozoides e a motilidade deles.
Para mulheres, além dos exames ginecológicos de rotina, é indicada a medição do hormônio antimülleriano, através de um exame de sangue — ele ajuda a verificar a reserva ovariana, isto é, a quantidade de óvulos que ainda existem.
A medição é importante para diagnosticar casos em que pode ocorrer uma infertilidade precoce, esgotando a reserva ovariana antes da idade em que isso normalmente ocorreria.
Qual a situação de casais homoafetivos?
Para casais homoafetivos femininos, é necessário utilizar espermatozoides de um doador. Qualquer uma das pessoas do casal pode engravidar, mas é comum que ocorra uma opção pela chamada gestação compartilhada — quando uma parceira doa o óvulo e a outra recebe o embrião em seu útero.
Em qualquer cenário, a recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM) é que a doadora dos óvulos não tenha mais de 35 anos, e que a gestante não ultrapasse os 50.
Há outras formas de preservar a fertilidade?
Tanto gametas masculinos quanto femininos podem ser congelados para preservar a fertilidade muito além do período que naturalmente seria considerado o ápice da fertilidade.
Para mulheres, o ideal é realizar o procedimento de congelamento dos óvulos antes dos 35 anos, quando a qualidade começa a declinar e as chances de produzir um embrião viável começam a se reduzir drasticamente. Por padrão, é realizada uma terapia de estimulação hormonal nas semanas prévias à coleta de óvulos, para garantir que haja o máximo possível para preservação.
No caso dos homens, a faixa etária indicada é maior: o congelamento dos espermatozoides deve acontecer até os 45 anos. Nesse caso, a coleta costuma ser feita através da masturbação em ambiente controlado (a clínica, com o sêmen sendo expelido em um pote esterilizado), mas, quando há alguma obstrução, pode ser necessário fazer a coleta através de punção, com uma agulha sendo inserida no epidídimo ou testículo para retirar os espermatozoides.