“Nessa época de festa junina, posso tomar vinho quente, mesmo grávida?”
A pediatra Conceição Aparecida Segre, coordenadora do livro Efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido, publicado pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), afirma que não, grávidas não podem ingerir nada de álcool. Conceição salienta que “o álcool traz danos irreversíveis à criança. As consequências são para a vida toda e não existe tratamento, por isso é tão importante prevenir”. Entre as principais consequências do consumo de bebidas alcoólicas entre mulheres grávidas, destaca-se a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que compromete o sistema nervoso do feto.
No Brasil, estima-se que, a cada ano, surgem entre 1500 e 3 mil novos casos da síndrome. A criança que sofre da doença pode se tornar hiperativa (ou, em alguns casos, extremamente apática), agressiva, pode ter dificuldades para aprender, problemas de memorização e tem mais chances de se tornar alcoolista. “Se a mulher passa a gestação ingerindo bebidas alcoólicas, o bebê acostuma com o álcool que absorve, por meio do líquido amniótico. Na hora do parto, ao cortar o cordão umbilical, o bebê perde esse contato com o álcool e pode ter crises de abstinência, assim como um adulto”, explica Conceição. “Daí, pode manifestar tremores, apresentar alto grau de irritabilidade e, em casos extremos, convulsionar”, completa.
Os médicos não sabem se existe uma dose segura que possa ser ingerida pelas mulheres que esperam um bebê e, por isso, proíbem terminantemente o uso. “Não pode beber nem um pouquinho, nada!”, enfatiza José Hugo de Lins Pessoa, ex-presidente da SPSP. Não vá pensando que depois que o pequeno nasce, enquanto você amamenta, está liberado dar uma bebericada. Não pode também. “O álcool passa para o leite e faz com que o bebê fique inquieto e tenha menos apetite”, explica Hermann Grinfeld, pediatra e um dos autores do livro. “Além disso, a mãe produz menos leite”, acrescenta Grinfeld.
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