Sabe aquelas notícias que parecem ficção científica mas que, na verdade, já estão acontecendo no mundo real e deixando muita gente impressionada? É essa sensação que a novidade divulgada pela revista New Scientist está causando: de acordo com a publicação, veio ao mundo há cinco meses, no dia 6 de abril, o primeiro bebê que nasceu a partir de uma nova técnica que combina o DNA de três pessoas.
O tratamento de fertilização in vitro foi desenvolvido por especialistas americanos sob a liderança de John Zhang, do Centro de Fertilidade New Hope, de Nova York, nos Estados Unidos. E o que aconteceu no procedimento foi um troca: o núcleo do óvulo de uma doadora foi retirado e, no lugar dele, foi inserido o núcleo do óvulo da mãe. Depois dessa transferência, o óvulo foi fertilizado com o espermatozoide do pai. De acordo com as informações divulgadas, cinco embriões foram formados, mas apenas um se desenvolveu corretamente e foi implantado na mãe, que gerou um bebê saudável, com 0,1% do seu DNA do doador (DNA mitocondrial) e todo o restante do código genético – que definiu o tipo de cabelo e cor dos olhos, por exemplo – vindo da mãe e do pai.
Até o momento, essa forma de fertilização só foi aprovada no Reino Unido, mas o caso foi acompanhado pela equipe americana no México. Esse foi o local escolhido para o nascimento do pequeno (filho de pais jordanianos) exatamente por não ter regras quanto à realização desse tipo de procedimento – mas para Zhang, a inciativa se justifica pelo fato de poder salvar vidas. Em entrevista à New Scientist, ele afirmou que, a partir da transferência mitocondrial, o novo método tem o objetivo de ajudar famílias cujos pais têm alto risco de transmitir doenças genéticas aos filhos.
Essa era a situação da família da Jordânia: embora não tenha a doença, a mãe carrega genes da síndrome de Leigh, um distúrbio genético que danifica o sistema nervoso em desenvolvimento e é fatal. Além disso, os danos afetam o DNA da mitocôndria (estrutura da célula que funciona como uma espécie de bateria, gerando energia para ela) e são passados para o bebê. Em decorrência desse problema, a mulher passou por quatro gestações que terminaram em abortos espontâneos. Ela ainda deu à luz uma menina, que viveu só até os seis anos de idade, e um menino, que morreu aos oito meses de vida.
Vale ressaltar que essa não é a primeira vez que os cientistas criam um embrião que carrega o DNA de três pessoas – isso já é feito desde o fim dos anos 1990. O diferencial é a técnica utilizada, que é inteiramente nova e chamou a atenção da comunidade científica. O feito será apresentado em outubro no Congresso Científico da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.