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“Meu filho não é carinhoso”

Algumas crianças demonstram preferência por um dos pais e passam a ter uma relação distante com o outro. Ou pior: identifica um terceiro cuidador como sua figura materna. Isso acontece com o seu pequeno? Saiba o que fazer.

Por Bruna Stuppiello (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 21h22 - Publicado em 28 Maio 2015, 13h36

Ainda na gravidez os pais começam a desenvolver um grande amor pelo filho e o sentimento só aumenta quando o bebê nasce e se desenvolve.  Mas, o que fazer quando o afeto não é correspondido da maneira esperada? Isso pode ocorrer nos primeiros anos da criança, por diversos motivos. O pequeno se apega mais ao pai, à mãe ou a um cuidador específico e nem dá bola para os demais familiares. Descubra o que fazer em situações do gênero.
 
A criança prefere um dos pais

Nos primeiros meses do bebê, o comum é que ele seja muito apegado à mãe, já que é ela quem o nutre. Além disso, o hormônio ocitocina, muito presente na primeira infância, auxilia a criança a reconhecer a mãe e vice-versa, contribuindo para o fortalecimento dos laços entre os dois. E quanto ao pai? Como ele não tem leite e muito menos este hormônio, corre o risco ser deixado de lado.
 
Porém, nada de entrar em parafuso com a situação. O psicobiólogo Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que já enfrentou a situação, explica o que pode ser feito. “O pai tem que exercitar o amor incondicional e ter consciência de é só uma fase”, afirma. Tentar conquistar o pequeno por meio de brinquedos é uma péssima alternativa. “É importante conviver com a criança e mostrar proximidade, o que pode se feito por meio de brincadeiras. Eu conquistei minha filha quando resgatei a criança que fui e comecei a brincar de rolar com ela”, conta Monezi.
 
A mãe também pode colaborar com algumas atitudes para fortalecer o relacionamento entre o filho e o pai. Caso a criança estranhe o pai, o recomendável é que a mãe fique próxima a ele. “Se a criança se dirigir à  pessoa pela qual manifesta preferência, esta não deve pegá-la no colo e deixar o ambiente”, ensina Monezi.
 
À medida que as crianças crescem, é comum que ocorram fases em que ela prefere o pai ou a mãe. “O que torna as coisas mais fáceis é cada um dos pais assumir o seu papel na criação do filho. Um é a figura mais afetiva, com quem há maior aproximação e que oferece mais cuidados corporais e o outro representa as regras e limites”, afirma a psicanalista Leda Bernardino, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
 
Ao delimitar os papéis, apesar de a criança manter uma relação mais carinhosa com um dos pais, o outro também irá conquistará o amor dela, mas por meio do respeito. “Não é um afeto maior ou menor, mas sim diferente”, conclui a psicóloga Maria Luisa Valente, professora de terapia familiar na Universidade Estadual Paulista (UNESP).   
 
Mesmo assim, se a criança desenvolver uma preferencia muito acentuada por um dos pais, este deve tentar sempre incluir o outro na dinâmica da relação. Isso vale até quando a pessoa não está no local, por meio de menções a ela.
 
O bebê prefere outra pessoa
A relação com o seu filho estava ótima até o fim da licença-maternidade, quando ele teve que ficar com um cuidador, babá, avó, tia, professora, entre outros.  Após ter que passar muitas horas distante de seu pequeno, você começa a sentir  um comportamento diferente dele. Em compensação, a relação do pequeno com o cuidador dele está cada vez mais forte, em alguns casos chega ao ponto de a criança se referir a esta pessoa como mãe ou pai. “Essa inversão de papéis é preocupante e acontece bastante com mães que trabalham muito, o que acaba induzindo a um desapego forçado. A criança interpreta que a mãe dela não é aquela que a amamentou, mas sim a que está presente no dia a dia ela”, avisa Monezi.   
 
A criança tem a sua maneira de sentir a falta dos pais. A forma como ela os trata varia. O pequeno pode rejeitar a mãe, ser agressivo com ela, entre outras possibilidades. Para superar a crise, a mãe deve investir em momentos de qualidade com o filho, com muitas brincadeiras juntos, tolerância e paciência. “Por mais cansada que ela esteja, precisa dedicar um tempo exclusivo ao convívio com o filho”, afirma Monezi.
 
Também é importante que a mãe deixe os papéis claros para o filho. “É preciso explicar para a criança, dizendo: eu sou a sua mãe, mas quem cuida de você quando não estou é a fulana”, informa Valente. Também é importante conversar com o cuidador e explicar que ele não deve deixar que a criança o chame assim. Outra dica é o cuidador se referir à mãe com frequência, com frases como “olha lá, a sua mamãe chegou”.

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