Mãe doa útero para filha em transplante pioneiro na Austrália
Kirsty Bryant foi a primeira mulher a passar pelo procedimento no país: "Possivelmente, vou carregar um bebê no mesmo útero em que eu cresci"
Amor de mãe é incondicional? Em algumas situações, podemos dizer que sim! Esse é o caso de Kirsty Bryant e Michelle Hayton. Kirsty tornou-se a primeira mulher na Austrália a fazer um transplante de útero – e a doadora do órgão foi sua mãe, de 54 anos, Michelle.
“Kirsty me ligou e disse: ‘Oi, mãe. O que você acha de me dar seu útero?’ Eu disse: ‘Sim, vamos nessa. Não tenho nenhum problema com isso'”, contou a mulher em entrevista para o Channel Nine’s 60 Minutes.
O transplante de útero, realizado pela primeira vez na Suécia, em 2013, não é um procedimento simples. Na Austrália, a cirurgia pioneira de Kirsty e Michelle foi financiada como parte de um estudo, em um ensaio clínico no Royal Women’s Hospital, em Sydney.
“As mulheres candidatas a um transplante uterino são aquelas nascidas sem o órgão ou as que tiveram o útero removido cirurgicamente devido a câncer ou a complicações no parto”, explica o hospital, que está planejando realizar mais seis transplantes como parte da pesquisa.
Kristy foi selecionada pelo programa após passar por uma histerectomia (retirada do útero) durante o nascimento de sua primeira filha, em 2021. No dia 10 de janeiro deste ano, ela e a mãe enfrentaram 16 horas de cirurgia para concluir o transplante, que contou com o apoio das cirurgiãs Mats Brannstrom, sueca pioneira do tratamento, e Rebecca Deans. “Tudo o correu como planejado e Kirsty está se recuperando perfeitamente”, contou Rebecca.
O sonho de Kristy era aumentar a família. Agora, ela está mais perto de realizar o desejo – e, em breve, milhares de mulheres australianas também estarão. “Possivelmente, vou carregar um bebê no mesmo útero em que eu cresci… Espero que seja uma ótima história para contar ao meu filho um dia. Mesmo que não saia como planejado, a pesquisa e as informações que eles obterão de tudo isso vai valer a pena”, disse.