Luto gestacional: como enfrentar a dor e encontrar suporte emocional

Ao longo do tempo e com o suporte certo, é possível ressignificar a dor

Por Redação Pais e Filhos
1 jan 2025, 07h00
mulher triste
 (spukkato/Thinkstock/Getty Images)
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Descobrir a gravidez é um momento de intensas emoções e expectativas. Para muitas mulheres, o positivo no teste de gravidez traz o início de um sonho de maternidade, carregado de planos, dúvidas e desejos. No entanto, quando ocorre uma perda gestacional, seja em qualquer fase da gravidez, os sentimentos de tristeza e culpa são comuns e podem ser devastadores. Esse processo, conhecido como luto gestacional, é muitas vezes vivido em silêncio e sem o apoio necessário, mas ele exige atenção e cuidado.

O luto gestacional, que é o sentimento de perda após o falecimento do bebê na gestação, é uma experiência marcada pela dor e por um processo de adaptação emocional para os pais e a família. As complicações na mente e no corpo humano são extremamente individuais e únicas. Cada mulher e cada família enfrentam o luto à sua maneira, e reconhecer essa perda é fundamental para a recuperação.

O que é o luto gestacional?

O vínculo entre mãe e bebê começa a ser construído desde a descoberta da gravidez e se fortalece com as expectativas e planos que se formam ao longo dos dias. Quando há uma perda gestacional, esse vínculo interrompido deixa um vazio. Esse sentimento de luto acontece independentemente da idade gestacional e, segundo especialistas, pode resultar em sintomas ansiosos, depressivos e outros conflitos emocionais.

A perda gestacional ocorre em cerca de 15% a 25% das gestações, sendo mais frequente no primeiro trimestre. Em muitos casos, a mãe e a família não recebem o apoio necessário para lidar com a perda, e o luto acaba sendo um processo solitário. O impacto desse tipo de perda não é apenas físico, mas também emocional e psicológico.

 

Permita-se viver o luto no seu tempo

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Após a perda, é natural que a mãe e a família vivenciem uma mistura de emoções, incluindo tristeza, culpa e sensação de falha. É importante dar espaço ao luto e reconhecer que ele faz parte do processo de cura. 

Cada pessoa tem seu tempo para lidar com a perda e decidir sobre os próximos passos. Algumas famílias optam por tentar uma nova gestação em um curto período, enquanto outras preferem dar um intervalo maior ou até mesmo repensar o desejo de engravidar. O importante é que essas decisões sejam tomadas com base no bem-estar emocional e físico dos envolvidos, respeitando o momento que cada um está vivendo.

Além disso, buscar ajuda profissional pode ser fundamental. O acompanhamento médico e o suporte psicológico ou psiquiátrico são importantes para orientar e fortalecer a saúde mental da mulher e do casal. Em momentos de confusão e fragilidade, esses profissionais ajudam a lidar com as emoções de maneira saudável.

A importância da rede de apoio

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Ter uma rede de apoio é essencial para enfrentar o luto gestacional. O acolhimento por parte da família, amigos e parceiros faz toda a diferença para que a mãe e o casal se sintam amparados. Sentir-se ouvida e acolhida contribui para que a mulher se sinta segura para expressar sua dor, ao invés de silenciá-la.

No entanto, o apoio precisa ser oferecido com empatia e sensibilidade. Em momentos de luto, frases como “ainda bem que foi no começo” ou “daqui a pouco vocês podem tentar de novo” podem trazer sentimentos de culpa e minimizar a dor da perda. Em vez disso, o ideal é evitar conselhos ou comentários sobre o futuro e apenas ouvir e estar presente, respeitando o tempo e os sentimentos de quem está vivendo o luto.

Permitindo-se sentir e respeitar o processo

Cada mulher lida com o luto gestacional de maneira diferente. Algumas podem sentir necessidade de expressar abertamente sua dor, enquanto outras preferem vivenciar o momento de forma reservada. É importante que as mulheres possam sentir o que precisam sentir, sem culpa ou pressões externas. A perda gestacional é um evento triste, mas não significa que a mulher seja menos capaz de ser mãe ou que uma nova tentativa de gestação terá o mesmo desfecho. 

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O papel dos parceiros no luto gestacional

Para os parceiros, especialmente os homens cis, o luto gestacional também pode ser um processo de adaptação e de apoio emocional. É fundamental que os parceiros assumam a responsabilidade de apoiar e compreender as emoções da mulher, além de buscar sua própria maneira de processar a perda.

Cuidar da saúde mental, física e emocional é importante para que o casal esteja preparado para tomar decisões e, eventualmente, considerar uma nova gestação quando e se se sentirem prontos. O apoio mútuo fortalece o relacionamento e ajuda a reconstruir o sentido de segurança para enfrentar o futuro.

A importância de respeitar o próprio tempo e seguir com apoio

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Lidar com o luto gestacional é um processo profundo que requer acolhimento, tempo e compreensão. Respeitar o próprio tempo e ter uma rede de apoio são fatores que ajudam a enfrentar esse momento tão delicado. A mãe, o pai e a família precisam de um espaço para expressar seus sentimentos sem julgamentos e de pessoas que respeitem suas escolhas.

O luto gestacional é parte do caminho de quem vive a experiência da perda de um bebê, e cada pessoa lida com essa dor de forma única. Ao longo do tempo e com o suporte certo, é possível ressignificar a dor e reconstruir os sonhos de acordo com os desejos e a realidade de cada um.

Consultoria: Daniel Lafayette, psiquiatra

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