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Incontinência urinária no pós-parto

Entenda por que o problema acontece e como ele pode ser resolvido.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
15 ago 2017, 22h29

A gestação traz muitas transformações ao corpo da mulher, afinal, tudo precisa ser adaptado para gerar o bebê. E esse não é mesmo um processo fácil, pois pode trazer alguns inconvenientes que se prolongam no pós-parto, entre eles, a incontinência urinária.

“Os crescentes efeitos hormonais e as alterações nos tecidos musculares locais podem afetar o mecanismo de continência já durante a gravidez. A menor atuação dos músculos do assoalho pélvico também influenciam nesse mecanismo e a incontinência pode atingir cerca de 50% das mulheres no terceiro trimestre gestacional”, explica Alessandra Sônego, fisioterapeuta e acupunturista da área de reabilitação dos músculos do assoalho pélvico e obstetrícia, supervisora do curso de pós-graduação em Fisioterapia na Saúde da Mulher HC-FMUSP e responsável pelo ambulatório e enfermaria de Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo.

No pós-parto, principalmente quando o bebê vem ao mundo por via vaginal, a incontinência urinária também pode acontecer – e ela é mais comum do que se costuma imaginar. “Por volta de 19% das puérperas apresentam essa condição devido à perda significante da capacidade de contração da musculatura do assoalho pélvico por desnervação parcial”, diz a especialista. Isso significa que os músculos responsáveis pela continência ficam mais flácidos, afetando o controle da micção, e é por isso que acontecem os escapes de urina.

É importante lembrar que esses músculos do assoalho pélvico têm como função a sustentação de órgãos como a bexiga, o intestino e o útero e que, além da incontinência, podem causar dor, como a pubalgia – dor na região do baixo abdômen e da virilha. Mas, de acordo com a fisioterapeuta, os estudos indicam que esse quadro tende a voltar ao normal de forma natural. “Na maioria das vezes, essa condição desaparece, permanecendo em 9% dos casos. Entretanto, vale destacar que as mulheres que apresentam esse problema durante a gestação e no pós-parto apresentam maior predisposição a desenvolver incontinência urinária e disfunções pélvicas mais tardiamente”, explica Alessandra.

Por isso, é muito importante relatar essas questões ao médico que acompanha a sua gravidez, contando se estão acontecendo escapes de urina ou se você sente dor na região pélvica. É ele que vai avaliar e recomendar um tratamento, indicando um especialista. Ainda assim, já durante os primeiros meses de gestação, alguns exercícios podem ajudar a prevenir o problema.

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“A Sociedade Internacional de Continência (ICS) recomenda que as gestantes façam acompanhamento com um profissional para fortalecer a musculatura do assoalho pélvico no pré-natal, a fim de prevenir a incontinência urinária na gestação e pós-parto”, diz Alessandra. Ela também ressalta: “Os exercícios de fortalecimento perineal consistem em contrações repetitivas dos músculos do assoalho pélvico para melhorar a força e controle urinário e, quando realizados adequadamente na gravidez e/ou no puerpério, podem diminuir a incidência de incontinência urinária no período pós-parto”.

De acordo com a fisioterapeuta, esses exercícios são elaborados especificamente para cada paciente depois de uma avaliação, que vai direcionar a frequência e o tempo de tratamento.

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