Grávidas não se sentem representadas em campanhas publicitárias
De acordo com pesquisa, mulheres gostariam de ver um retrato mais real da gestação na publicidade.
Que a gravidez é um período único e marcante na vida da maioria das mulheres que decidem ser mães não há discussão. Mas o apelo emocional criado pelas campanhas publicitárias, com foco em momentos mágicos e realização de sonhos, não gera identificação ou sensação de representatividade entre as gestantes. Ou seja, elas não se veem nesses anúncios.
Segundo a pesquisa “Hábitos e Tendências para Gestantes”, realizada pela agência Solo Propaganda em outubro de 2017, 83,67% das mulheres que já têm filhos ou são gestantes acreditam que tais campanhas publicitárias deveriam mostrar um retrato mais fiel da realidade, dando protagonismo à mãe, suas necessidades, dificuldades e desejos. Uma parcela bem menor dessas mulheres – 14,29% – desejaria maior evidência no papel e nas funções do pai, enquanto apenas 2,04% considerariam interessante o destaque estar nos bebês.
O problema de enfatizar apenas o lado positivo da maternidade são os sentimentos de culpa e inadequação despertados entre as gestantes – aquela impressão de que nunca estão fazendo o suficiente para serem tão boas, lindas, plenas e perfeitas quanto as mulheres que aparecem nas propaganda.
A psicóloga Marina Maluf explica: “Acredito que as mulheres tenham essa sensação frente à publicidade porque, de fato, não há apenas uma forma de viver a maternidade. O processo envolve uma série de medos, mudanças corporais e na própria identidade da mulher, que precisam ser incluídos. Os sentimentos negativos estarão presentes, como em qualquer rito de passagem. Neste caso, é a transição do papel social de filha para o de mãe.”
Áreas de interesse e comportamento das gestantes
A pesquisa detectou que 43,88% das mulheres consideram a moda o segmento que mais necessita de investimentos em produtos específicos para gestantes. Em seguida no ranking vêm alimentação (30,61%), higiene e bem-estar (18,37%) e cosméticos (7,14%).
Na nossa era digital, as mulheres que esperam para ter informações com os médicos sobre as questões da gravidez são poucas: apenas 18,37% têm esse comportamento. A maioria – 44,90% – recorre a grupos de redes sociais e influenciadores digitais para se informar. Portais e revistas são as fontes de conhecimento de 23,47% das entrevistadas e os aplicativos conquistam apenas 13,27% delas.
Há outros dados interessantes sobre o levantamento. Identificou-se que 56,25% das mulheres tiveram ou têm medo de não dar conta da nova rotina, com um bebê envolvido no dia a dia. Além disso, 15,63% se sentiram ou se sentem cobradas para serem mães perfeitas.
Quanto ao comportamento, 44,33% dessas mulheres adotaram hábitos mais saudáveis durante a gravidez para propiciar mais saúde ao bebê, a passo que 28,87% mudaram os hábitos pensando em uma gestação mais tranquila e saudável, no próprio bem-estar, saúde e estética. 26,80% não mudaram nada em seu modo de viver por causa da gestação.
Das 150 mulheres entrevistadas, 75% têm entre 30 e 44 anos de idade, 14% estão na faixa etária de 18 a 29 anos, 6% são menores de 18 anos, 4% têm de 45 a 59 anos e 1% tem mais de 60 anos. Além disso, 61% são mães de um filho, 34% têm dois filhos e 5% têm três filhos.
Por que estudar os sentimentos e hábitos das gestantes?
A pesquisa foi feita para despertar a discussão e a reflexão por parte dos profissionais da comunicação, para que eles se preparem e se adaptem a um novo perfil de mãe que está chegando com as novas gerações. Na opinião de Rogério de Souza, diretor da Solo Propaganda, é preciso haver um olhar mais sensível no papel da mãe, que passa por um período especial, com sensações únicas. “Ter empatia com o universo feminino é necessário para tocar de forma profunda e verdadeira as mulheres que estão esperando um filho”, afirma.