Grávidas não se sentem representadas em campanhas publicitárias

De acordo com pesquisa, mulheres gostariam de ver um retrato mais real da gestação na publicidade.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 18 jan 2018, 14h02 - Publicado em 18 jan 2018, 06h30
 (Wavebreakmedia/Thinkstock/Getty Images)
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Que a gravidez é um período único e marcante na vida da maioria das mulheres que decidem ser mães não há discussão. Mas o apelo emocional criado pelas campanhas publicitárias, com foco em momentos mágicos e realização de sonhos, não gera identificação ou sensação de representatividade entre as gestantes. Ou seja, elas não se veem nesses anúncios.

Segundo a pesquisa “Hábitos e Tendências para Gestantes”, realizada pela agência Solo Propaganda em outubro de 2017, 83,67% das mulheres que já têm filhos ou são gestantes acreditam que tais campanhas publicitárias deveriam mostrar um retrato mais fiel da realidade, dando protagonismo à mãe, suas necessidades, dificuldades e desejos. Uma parcela bem menor dessas mulheres – 14,29% – desejaria maior evidência no papel e nas funções do pai, enquanto apenas 2,04% considerariam interessante o destaque estar nos bebês.

O problema de enfatizar apenas o lado positivo da maternidade são os sentimentos de culpa e inadequação despertados entre as gestantes – aquela impressão de que nunca estão fazendo o suficiente para serem tão boas, lindas, plenas e perfeitas quanto as mulheres que aparecem nas propaganda.

A psicóloga Marina Maluf explica: “Acredito que as mulheres tenham essa sensação frente à publicidade porque, de fato, não há apenas uma forma de viver a maternidade. O processo envolve uma série de medos, mudanças corporais e na própria identidade da mulher, que precisam ser incluídos. Os sentimentos negativos estarão presentes, como em qualquer rito de passagem. Neste caso, é a transição do papel social de filha para o de mãe.”

Áreas de interesse e comportamento das gestantes

A pesquisa detectou que 43,88% das mulheres consideram a moda o segmento que mais necessita de investimentos em produtos específicos para gestantes. Em seguida no ranking vêm alimentação (30,61%), higiene e bem-estar (18,37%) e cosméticos (7,14%).

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Grávidas não se sentem representadas em campanhas publicitárias
A moda é o segmento que mais necessita de investimentos em produtos específicos para gestantes, de acordo com a pesquisa (blanaru/Thinkstock/Getty Images)

Na nossa era digital, as mulheres que esperam para ter informações com os médicos sobre as questões da gravidez são poucas: apenas 18,37% têm esse comportamento. A maioria – 44,90% – recorre a grupos de redes sociais e influenciadores digitais para se informar. Portais e revistas são as fontes de conhecimento de 23,47% das entrevistadas e os aplicativos conquistam apenas 13,27% delas.

Há outros dados interessantes sobre o levantamento. Identificou-se que 56,25% das mulheres tiveram ou têm medo de não dar conta da nova rotina, com um bebê envolvido no dia a dia. Além disso, 15,63% se sentiram ou se sentem cobradas para serem mães perfeitas.

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Quanto ao comportamento, 44,33% dessas mulheres adotaram hábitos mais saudáveis durante a gravidez para propiciar mais saúde ao bebê, a passo que 28,87% mudaram os hábitos pensando em uma gestação mais tranquila e saudável, no próprio bem-estar, saúde e estética. 26,80% não mudaram nada em seu modo de viver por causa da gestação.

Das 150 mulheres entrevistadas, 75% têm entre 30 e 44 anos de idade, 14% estão na faixa etária de 18 a 29 anos, 6% são menores de 18 anos, 4% têm de 45 a 59 anos e 1% tem mais de 60 anos. Além disso, 61% são mães de um filho, 34% têm dois filhos e 5% têm três filhos.

Por que estudar os sentimentos e hábitos das gestantes?

A pesquisa foi feita para despertar a discussão e a reflexão por parte dos profissionais da comunicação, para que eles se preparem e se adaptem a um novo perfil de mãe que está chegando com as novas gerações. Na opinião de Rogério de Souza, diretor da Solo Propaganda, é preciso haver um olhar mais sensível no papel da mãe, que passa por um período especial, com sensações únicas. “Ter empatia com o universo feminino é necessário para tocar de forma profunda e verdadeira as mulheres que estão esperando um filho”, afirma.

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