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Estudo associa falta de vitamina D com infertilidade e aborto espontâneo

Trabalho mostra relação ainda pouco esclarecida, mas indica que medir a vitamina D pode ser interessante para mulheres que desejam ser mães. Entenda!

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 19 jun 2018, 16h11 - Publicado em 19 jun 2018, 16h10

Não é nenhuma novidade que a vitamina D é essencial para a formação dos ossos do bebê, que ocorre a partir da 12ª semana de gestação. O que um novo estudo apontou é que os níveis dela podem ser importantes bem antes disso, na pré-concepção.

O trabalho, conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, analisou amostras de sangue de mais de 1100 mulheres com idades entre 18 e 40 anos que estavam tentando engravidar, mas já haviam perdido um ou dois bebês. Mais da metade delas exibiam níveis insuficientes de vitamina D, abaixo de 30 ng/ml, enquanto o time que estava acima desse limiar tinha 10% de chances a mais de engravidar e um risco 15% menor de aborto.

O sangue foi colhido em dois momentos: antes da concepção e na 8ª semana de gravidez. Curiosamente, a associação entre baixa vitamina D e eventos negativos como o aborto não foi encontrada neste período. “O trabalho mostra que a vitamina D pode até ser mais importante antes de engravidar do que depois, e que sua dosagem pode ser parte do planejamento da mulher que deseja engravidar”, comenta Marcio Coslovsky, ginecologista membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).

Os mecanismos por trás disso ainda não estão muito bem esclarecidos. “O que se sabe que o sistema reprodutor feminino todo tem receptores para a vitamina D, o que significa que ela atua ali”, continua o médico, que ressaltou a importância da descoberta. “É uma ferramenta nova, que demonstrou ter potencial para reduzir o índice de abortos no primeiro trimestre, que é o mais comum hoje”, emenda. 

Limitações do trabalho

Embora o estudo aponte que é interessante averiguar o nível de vitamina D, não dá para dizer que toda tentante deve tomá-la e muito menos qual seria a quantidade ideal para todas. Só se beneficia da suplementação quem realmente tem deficiência dela. Até mesmo porque ela se acumula no organismo e pode ser tóxica se consumida em excesso. Portanto, nada de sair por aí comprando cápsulas antes conversar com o seu médico e fazer a dosagem deste nutriente.

E durante a gravidez?

Nesse campo, diferente do que indica o estudo, há mais benefícios conhecidos. Uma pesquisa sobre o assunto, assinado pela Cochrane, instituição especialista na revisão de estudos realizados no mundo, concluiu que a vitamina D suplementada na gravidez, seja em dose única ou contínua, pode reduzir o risco de problemas como pré-eclâmpsia, baixo peso ao nascer e parto prematuro.

Mas há ponderações. Por exemplo, faltaram dados sobre os efeitos adversos da suplementação nos trabalhos apurados pela Cochrane. E, se utilizado junto com cálcio, outro nutriente importante na gestação, há um aumento no risco de prematuridade.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), sugere consumir 600 UI de vitamina D ao dia para manter os níveis do mineral adequados em gestantes, o mesmo número utilizado para a população em geral. Lembrando que a vitamina D pode ser absorvida com banhos diários de sol e em alimentos como salmão, leite e a clara do ovo.

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