Se ainda restam estereótipos sobre como uma mulher deve se exercitar enquanto espera um filho, Alysia Montaño está pronta para quebrá-los. A corredora norte-americana de 31 anos, grávida do segundo filho, divulga em seu Instagram vídeos incríveis com tutoriais para gestantes. Tudo enquanto empurra o carrinho da sua primogênita.
Ela ganhou fama em 2014, quando decidiu correr o campeonato nacional durante sua 34ª semana de gravidez. A ideia era aproveitar o evento para transmitir a mensagem de que grávidas podem fazer exercícios sem moderação. Sua participação virou notícia no mundo todo e ela não parou por aí.
Poucos meses depois do nascimento da sua primeira filha, Linnéa, em junho de 2015, a atleta disputou o nacional. Contra todas as expectativas, ela venceu. Hoje heptacampeã nacional nos 800 metros rasos, ensina na rede social os treinos que faz com seus treinadores, como esse, com direito a agachamentos e corridas de 50 metros:
Enquanto o caçula não nasce, Linnéa já segue os passos da mãe, é uma menina ativa e curiosa pelos exercícios. E está aí um dos pontos positivos da atividade física: os benefícios se estendem para os filhos.
“Hoje sabemos que transmitimos aos filhos não só o código genético, mas também o modo como esses genes se manifestarão. Na prática, sugere-se que os pais que fazem atividade física terão crianças com melhores parâmetros de saúde”, aponta Carlos Roberto Bueno Júnior, educador físico e professor da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.
Uma série de vantagens
Para as mães, há risco menor de desenvolver pré-eclâmpsia, a hipertensão específica da gravidez, diabetes gestacional e a possibilidade de controlar melhor o peso. “Além disso, mulheres que se exercitam nesse período têm menos dores lombares e pélvicas”, aponta Carlos. “De certa forma, é como se a atividade preparasse o corpo da mãe para o momento do parto. Tanto é que alguns estudos mostram que o exercício diminui a necessidade de cesáreas”, continua o especialista.
O incentivo vale também – e especialmente – para as sedentárias. A própria gravidez pode ser empurrãozinho para começar uma nova atividade. Nesse caso, vale checar com o médico se a malhação está liberada e partir em busca do que mais agradar. Para as mulheres que já estão acostumadas com a rotina de treinos, não há problemas em manter a carga se estiver tudo certo com a gravidez. Mesmo se ela for intensa!
Algumas condições, entretanto, proíbem a atividade física. Sangramentos vaginais, uterinos e doenças cardíacas e pulmonares restringem a prática, assim como a suspeita de estresse fetal ou não acompanhamento pré-natal. Já hipertensas e portadoras de diabetes precisam de maior supervisão e cuidado, mas podem e até devem fazer exercícios.
“Não gosto de usar o termo contraindicado, porque até pessoas que já estão doentes podem se beneficiar da atividade física, mas isso depende do profissional adequado para trabalhar com essas condições”, finaliza Bueno.