Quando completou 3 anos de vida, a pequena Marina já sabia qual seria o tema da sua próxima festa de aniversário: o super-herói Homem de Ferro. A escolha causou surpresa em seus pais, Renata e Marcelo – não porque o personagem é “de menino”, mas porque a garotinha ainda não era tão familiarizada com o mundo dos quadrinhos. “Na época, ela tinha uma admiração maior por salvamentos, bombeiros e desenhos de resgate, como Patrulha Canina e Transformers Rescue Bots”, conta a mãe de Marina, em entrevista ao Bebê.com.br.
Mas a menina foi se interessando cada vez mais pelos personagens salvadores da humanidade – em especial o Homem de Ferro, por ser “o mais forte de todos”, segundo ela. A família, então, embarcou de cabeça nos preparativos da festinha. E aí veio uma constatação: ainda há um pensamento muito conservador de que esse não é um tema adequado para uma festa de menina. “Foi realmente chocante ver como várias pessoas estranhavam, diziam ser ‘coisa de menino’ e, por vezes, ficavam sem reação diante da escolha dela”, escreveu Renata em um relato em seu Facebook.
Assim, os pais de Marina decidiram fazer do evento uma oportunidade de propagar valores e ideias sobre a importância de uma maior representatividade feminina na sociedade. Para isso, Renata e Marcelo elaboraram um pequeno livro, que foi a lembrancinha dos convidados. “Ele fala sobre todas as possibilidades que uma menina pode ter, um pouco da história de tantas heroínas da vida real e do empoderamento tão necessário para a nova geração“, conta a mamãe da aniversariante em seu relato.
A festa
A decoração não teve intenção de ser feminina, com detalhes cor-de-rosa, por exemplo, mas sim de ser lúdica e infantil. “A festa toda foi construída com figuras femininas junto ao grande herói dela e com cores bem vivas”, explica Renata. Para enfeitar os docinhos e outros elementos da festa, foram criados símbolos com as iniciais da aniversariante e a equipe de papelaria adaptou a máscara do personagem tema da festa para a imagem de uma menina. “Partindo dessa arte, desenvolvi o bolo decorativo com a releitura da mesma figura em crochê”, conta Renata. Os pequenos se divertiram com animações, músicas, coreografias, brincadeiras corporais e oficinas de pintura e de decoração de dedoches – que, aliás, tinham a forma de heróis e heroínas.
Muito além dos presentes
A festa da Marina rendeu muitos frutos além dos presentes que a pequena ganhou dos convidados. “Depois que escrevi sobre a festa no Facebook (e mais ainda depois da repercussão) recebi grande retorno de famílias que passavam pela mesma situação, de meninas que gostam de super-heróis”, revela a mãe da aniversariante. “Mas muitas me contavam sobre o preconceito que sofrem, várias vezes dentro da própria família, e que não sabiam como realizariam o sonho da festa de suas pequenas heroínas”, comenta.
O livro-lembrancinha, disponibilizado pelo Dropbox, teve mais de mil downloads em uma semana! Os pais de Marina tiveram até que criar um site para hospedar a obra, pois a ferramenta não suportou a quantidade de acessos. “Recebemos um retorno maravilhoso das famílias e amigos sobre o livrinho, todos adoraram ter em mãos uma forma lúdica de informar aos pequenos sobre um assunto que muitas vezes nunca haviam conversado, simplesmente por falta de problematização, de oportunidade mesmo”, diz Renata.
No fim, a festinha da Marina serviu para mostrar que todos devem lutar por um mundo mais igualitário e justo – dos pequenos aos adultos. “Nossas crianças estão chegando para nos desafiar a sermos pessoas melhores, a gerar movimento e mudar o que ainda há de errado. É preciso que a gente dê voz a elas, oriente e guie com respeito. Elas são muito mais do que uma benção, são nossa missão para com a humanidade”, afirma a mamãe da super-heroína.
A seguir, veja fotos da decoração da festinha: