A Universidade de Columbia, em Nova York, nos Estados Unidos, está lançando um novo estudo que avalia se um remédio indicado contra o câncer pode ajudar a retardar o envelhecimento dos ovários, estendendo os anos férteis da mulher e atrasando a menopausa.
Chamada de Validating Benefits of Rapamycin for Reproductive Aging Treatment (VIBRANT), a pesquisa está recrutando voluntárias para ingerir pequenas doses de rapamicina – um imunossupressor utilizado por pacientes que passaram por transplantes de órgãos. O medicamento é uma pílula semanal que atua no sistema imunológico e previne a rejeição do organismo após cirurgias.
A droga já foi reconhecida como um geroprotetor, ou seja, uma substância que pode retardar o envelhecimento, e suas propriedades estão sendo testadas no sistema reprodutor feminino pelos pesquisadores Yousin Suh e Zev Williams, líderes do estudo.
Para a análise, serão selecionadas 50 mulheres entre 38 e 45 anos que tentaram e não conseguiram engravidar naturalmente ou através da reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro. “Elas têm menstruação normal, mas apresentam sinais de menopausa precoce”, disse Yousin para o portal Insider.
A menopausa é um processo que marca o fim da vida reprodutiva feminina, e pode ser precedida pois dois a oito anos de perimenopausa, um período de transição. Além dos sintomas desconfortáveis causados por esta fase, de acordo com os cientistas, mulheres que passam por ela mais cedo envelhecem mais rápido e estão sujeitas a um maior risco de problemas de saúde.
“O processo de envelhecimento é abrupto”, disse Yousin, em entrevista ao Daily Mail. A partir dos 30 anos, os óvulos já estão diminuindo rapidamente e a menopausa costuma chegar por volta dos 50. “O ovário é o primeiro órgão a envelhecer no corpo feminino. Estamos interessados neste processo porque temos pouca percepção dele, se comparado a outros órgãos”, continua Suh.
A rapamicina contra o envelhecimento
O objetivo do uso da rapamicina é retardar a menopausa e preservar o maior número possível de óvulos saudáveis nas pacientes. “A substância é um ‘ouro’ entre os geroprotetores. Então, ficou claro para nós que os ovários podem ser alvo da rapamicina”, disse a pesquisadora.
O remédio atuaria em uma enzima chamada mTOR, que regula o processo de ovulação. Espera-se que a rapamicina desacelere a liberação de óvulos, resultando em menos gametas perdidos a cada mês, atrasando o fim do ciclo reprodutivo – em outras palavras, a mulher continuaria fértil por mais tempo.
“Não há controvérsia de que a rapamicina prolongue a saúde e a expectativa de vida em todos os animais que testamos até agora”, pontuou Suh para o Insider. Ainda assim, é muito cedo para dizer se isso, de fato, é a chave para retardar o envelhecimento dos ovários. No entanto, a pesquisadora está “animada para descobrir a resposta”, contou ao Daily Mail.