8 dúvidas sobre o intestino da grávida solucionadas
Descubra quais são as alterações que ocorrem nesse período e saiba como prevenir e aliviar os desconfortos que podem surgir ao longo dos noves meses.
Durante a gestação, várias mudanças ocorrem com o corpo da mulher. Algumas delas são visíveis, como o crescimento da barriga, já outras acontecem internamente – como é o caso do intestino. Entre os relatos das grávidas, a prisão de ventre é um dos incômodos mais frequentes. Para ajudar as futuras mamães ao longo dos nove meses, conversamos com Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo. Confira abaixo e tire todas as suas dúvidas:
1. Ocorrem alterações intestinais nas mulheres durante a gestação?
Sim. Uma delas que é bem constante é o aumento da taxa de progesterona, que diminui o ritmo intestinal e causa distensão e maior incidência de prisão de ventre. A segunda causa é progressiva, já que quanto maior a idade gestacional, mais o útero comprime o intestino, causando menor movimentação e maior acúmulo de gases.
2. O que as grávidas devem fazer em caso de constipação?
Elas podem tomar laxantes naturais – como, por exemplo, à base de ameixa ou de fibra para estimular o bolo fecal – que são encontrados em farmácias. E também consumir os probióticos e lactobacilos que acabam estimulando o intestino. É importante ressaltar que tudo isso só funciona se a grávida tomar água – pelo menos dois litros por dia – associado com atividades físicas e boa alimentação. Se for necessário, ela ainda pode fazer uma lavagem intestinal no hospital.
3. Na reta final da gravidez, o intestino é pressionado pelo útero. Isso pode trazer alguma consequência para a mulher?
Sim. Facilita a constipação e, se não tiver movimento bom, pode causar hemorroida, que são varizes internas e externas no ânus. O efeito diminui a vascularização, o vaso fica saliente e se a área estiver ressecada, pode acabar sangrando. Nesse caso, entramos com remédio para hemorroida, muita água, dieta com fibra e, às vezes, até indicação de anestésicos.
4. E as mulheres podem ficar com o intestino solto ao longo dos 9 meses?
Não é comum. Às vezes, as pessoas têm uma sensibilidade ao complexo B (ácido fólico, vitaminas B1, B2, B3, B6, B12) adquirida na gestação. Normalmente, a tendência é prender mais o intestino, mas o ferro também pode acabar melhorando o ritmo intestinal e deixá-lo mais solto para algumas mulheres. Não como diarreia, mas sim aumento da frequência.
5. Quantas vezes por dia é normal a grávida ir ao banheiro para defecar?
É igual em outras fases da vida: tem gente que vai duas ou uma vez ao dia. Para a grávida, dia sim, dia não está dentro do esperado. Às vezes, pode até ser dia sim e dois não, desde que as fezes estejam pastosas. O problema maior é o endurecimento delas. Por isso é importante estar sempre atenta.
6. Quais são os alimentos que podem ser consumidos na gravidez e que ajudam (ou prejudicam) a regular o intestino?
As piores comidas são aquelas que vão fermentar e distender a barriga, como massas, queijos, brócolis, berinjela, repolho, refrigerantes – especialmente no período da noite, porque comemos e deitamos, acumulando gases. Os doces também entram nessa conta: é preferível consumi-los no almoço do que no jantar. Das frutas, a que mais prende o intestino é a maçã e a que mais solta é o coco, porque ele é muito oleoso. Fibras ajudam a regular o intestino, assim como folhas verdes. Tudo o que for integral – como farelo de aveia, granola – forma bolo fecal.
7. O que a grávida deve fazer se estiver com gases?
Esse sintoma surge devido ao efeito compressivo. Para prevenir, pode-se evitar os alimentos mencionados anteriormente e, se for necessário, tomar remédios para eliminá-los, mas sempre com a orientação do ginecologista.
8. E qual é o papel dos exercícios físicos durante a gravidez em relação ao intestino?
Todo esporte que fazemos melhora nosso ritmo intestinal – seja caminhada, natação, bicicleta. Qualquer coisa que você fizer e movimentar as pernas também contribui para aumentar o ritmo intestinal. Mas vale lembrar mais uma vez que é imprescindível conversar com o obstetra sobre os esportes antes de começar a praticá-los.