Prevenir câncer, fortalecer as defesas do corpo, proteger o coração e estreitar os vínculos entre mãe e filho: esses são apenas alguns dos benefícios do leite materno para o bebê. Não à toa, entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que a amamentação seja exclusiva nos primeiros 6 meses de vida e complementada por outros alimentos até os 2 anos ou mais.
É isso aí: mesmo comendo frutas, verduras, legumes, carnes e lácteos, os pequenos ainda tiram muito proveito do leite do peito da mãe. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que dois copos (500 ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades diárias de vitamina C, 45% da demanda de vitamina A, 38% do aporte de proteína e 31% do total de energia que a criançada precisa. Além disso, mesmo nessa fase, o aleitamento ainda protege contra doenças infecciosas. Portanto, se a amamentação é um momento prazeroso para a mãe e o filho, não há motivos para interromper esse processo – pelo contrário: é indicado que ele aconteça até quando a mulher e a criança desejarem.
Mesmo assim, muitas mães que tomaram a decisão de amamentar seus filhos por dois anos ou mais, na chamada amamentação prolongada, acabam ouvindo palpites e comentários desnecessários que, na maioria das vezes, não agregam em nada. Perguntamos às nossas leitoras no Facebook quais são as coisas que elas mais ouvem por terem feito essa escolha. Confira a seguir e veja se você também se identifica:
1. “Nossa, ele ainda mama?”
Muitas pessoas fazem esse questionamento para mostrar (de maneira equivocada) que a criança não precisa mais se alimentar com o leite materno. Milena Tomaz, que amamenta a sua filha de 2 anos e 8 meses, ouve com frequência comentários indesejados: “Ficam me perguntando se eu não tenho vergonha porque a minha filha já é uma mocinha. Eu tenho certeza que se cada um cuidasse da sua própria vida o mundo seria bem melhor. Qual é o problema de ela mamar se eu ainda produzo leite à vontade?”. Os especialistas recomendam que, enquanto o ato de amamentar for bom para a mãe e para a criança, não há necessidade de descontinuá-lo. “Vejo o quanto o meu filho ama mamar. Não pretendo fazer o desmame tão cedo, só quando eu perceber que eu e ele estamos prontos para isso”, afirma Rosana Rudinei Ferreira. Está certíssima!
2. “Será que ainda tem leite aí? A criança está fazendo o seu peito de chupeta!”
Esse é outro palpite que as mamães que optam pela amamentação prolongada escutam por aí. Ailaine Araujo fez essa escolha e continua amamentando a filha de 1 ano e 3 meses. Entretanto, vira e mexe perguntam quando ela pretende desmamá-la: “As pessoas esquecem do respeito ao próximo e que cada um cria o filho da melhor maneira possível. O interessante é que nesses questionamentos nós percebemos a inversão de valores, onde oferecer leite artificial é melhor do que o leite materno”, comenta.
3. “Você não tem vergonha de amamentar o seu filho até essa idade?”
Nossas leitoras relataram que já lidaram com esse tipo de comentário inapropriado várias vezes e ficaram sem entender qual é a vergonha de oferecer o leite materno para a criança. “Meu bebê tem 1 ano e 2 meses e mama somente no peito. A amamentação é muito importante, pois protege nossas crianças de doenças. Meu filho nunca precisou ir em hospitais e nem gastamos com remédios. Ele é forte e saudável”, revela Priscila Machado. Viviane Brustolon, que amamentou o seu pequeno até ele completar 3 anos, também recebeu críticas: “Ouvi de tudo: que o meu leite era veneno, que meu filho ia adoecer, que ele já estava mamando em pé e que logo morderia o meu peito. Hoje, ele está com 12 anos e é muito saudável! Eu mesma mamei até os 5 anos e acho normal – desde que se inclua, é claro, todas as etapas de alimentação“. É isso aí, Viviane!
4. “Quando você pretende parar de amamentá-lo?”
Quando ela e seu filho quiserem, ok? Daiany Andreatta tem uma menina de 9 meses e dá o peito pela manhã e à noite: “Durante o dia ela vai para a escolinha, toma mamadeira e comidinhas. Apesar disso, temos o nosso momento de aconchego e eu vou amamentá-la até quando ela quiser. O pediatra apoia essa decisão e assim vamos curtindo cada momento. Faço o que o meu coração manda”, confessa. Com planejamento, determinação e informações certas é possível continuar a amamentação mesmo depois que a mamãe volta da licença-maternidade e que a criança vai para a creche. “Amamentei o meu filho até ele completar 3 anos e ele parou por conta própria. Os benefícios do leite materno são surpreendentes e muito me admira a indignação de terceiros quanto a essa questão. Amamentar é um ato de amor! Cada mãe sabe da necessidade do seu pequeno e tem autonomia para amamentá-lo até quando achar necessário”, reforça Thialla Reis. O jeito é não dar importância para comentários desse tipo e focar em oferecer o melhor para o filhote!
5. “O seu leite não tem mais nutrientes!”
E quem disse? O leite materno é, sim, rico em nutrientes e proporciona muitos benefícios para a mãe o bebê – mesmo há longo prazo. Mariângela Longatti, que amamentou o seu filho até ele completar 1 ano e 6 meses, afirma que já escutou muitas coisas dispensáveis: “Desde quando ele fez 6 meses, eu comecei a ouvir que o meu leite não era mais necessário, uma vez que ele já se alimentava com comidas. Em grande parte das conversas, eu via a cara de espanto das pessoas, como se eu estivesse fazendo algo errado. Mas Graças a Deus, meu filho é saudável, nunca precisei levá-lo ao médico de emergência e creio que devo isso à amamentação prolongada”. Moniqui Petri também passou por isso, só que – pasme! – o comentário veio de um médico: “Um dia fui à emergência porque estava com dor na coluna e contei que amamentava, por causa da medicação que o ortopedista ia prescrever. E aí ele falou: ‘deu, né? Já chega. Ele não come de tudo? Então não precisa mais mamar'”. Da próxima vez que alguém disser que o leite materno não oferece mais nutrientes para a criança, mostre o quanto isso é errado – mesmo que seja para um médico.
6. “Você deveria parar de amamentar porque os seus seios vão cair!”
Entendam: ninguém tem nada a ver com isso! “Eu me faço algumas perguntas: ‘o peito é de quem?’, ‘você que conseguiu amamentar, ainda tem leite e o seu filho solicita, consegue negar o alimento a ele?’. Quando respondo para mim mesma essas questões, sorrio sozinha e tenho orgulho de não ter lamentado uma vez sequer por ainda amamentá-lo”, comenta Caroline Crepin, mãe do Luca, de 1 ano. “Não me importo com opiniões alheias. O peito é meu, o leite que sai também, e se ainda tenho, não vou negar. Fora isso, meu filho ama fazer carinho quando mama. É muito lindo esse momento”, revela Flaviana Melo Bruno.
7. “Você não se cansa de amamentar?”
Há muitas mamães que ouvem essa pergunta. Leticia Oliveira, que tem um bebê de 1 ano e 1 mês, é uma delas: “Meu filho não dorme muito bem durante a noite, acorda e pede para mamar. Ouço muito que devo tirá-lo do peito porque ele só vai passar a adormecer quando não sentir mais a necessidade de mamar. Mas, assim como amamentei o meu filho mais velho até 1 ano e 8 meses e ele parou naturalmente, pretendo fazer o mesmo com o bebê”. Isso mesmo, Leticia: quando se trata de amamentar o seu filhote por bastante tempo, estar segura dessa escolha é fundamental. “Às vezes bate até uma insegurança por ouvir comentários contra a amamentação prolongada, mas quando vou dar de mamar para minha filha vejo a alegria em seu lindo rostinho e não tenho dúvidas de que estou fazendo a coisa certa”, admite Sintia Barreto.