Ter filhos não é só uma questão de saber educar e cuidar com amor e carinho. Uma casa com crianças exige certo grau de noções de administração. Sem ele, tudo vira um caos. A geladeira, de uma hora para outra, esvazia ou fica tão abarrotada que não é possível encontrar ali um alimento sequer que esteja no prazo de validade. Compromissos importantes como reunião na escola dos filhos e consultas médicas acabam sendo esquecidos ou – o que as vezes é ainda pior – lembrados na última hora. Os fins de semana viram um arremedo da correria que toma os outros dias só que, em vez de trabalho, você tem tantos eventos sociais que mal consegue descansar. Resultado: uma pilha de perdas e muito, muito cansaço. “Uma rotina desorganizada é sinônimo de desperdício, no mínimo, de dinheiro e tempo”, diz Villela da Matta, presidente da Sociedade Brasileira de Coach.
Para não cair nessa cilada, o segredo é ter o mínimo de planejamento. E existe até receita para isso. Segundo da Matta, o ideal é estabelecer metas de médio (entre 3 e 5 anos) e longo (entre 5 e 10 anos) prazo e dividir as tarefas do dia a dia em cinco grupos diferentes, visando atingi-las. Considere como objetivos desde uma nova posição em sua carreira até a conquista de ter formado crianças íntegras e com excelente nível de instrução. Veja abaixo a divisão dos grupos de ações descritas pelo coach:
Prioridades pessoais e profissionais
Tratam-se de tarefas que são imprescindíveis para que você atinja seus objetivos pessoais. Ou seja, se você pretende ser promovida, por exemplo, pode ser interessante fazer um MBA. Coisas assim devem caber na sua rotina, mas não precisam tomar mais do que uma hora diária
Prioridades para a família e amigos próximos
Fazem parte deste grupo aquelas tarefas que têm impacto a médio e longo prazo na vida de quem amamos: os filhos, o marido, os pais e os amigos mais caros. Quer exemplos do que seria? Sentar para brincar com os filhos e transmitir valores a eles; ir ao supermercado com as crianças e aproveitar para ensinar algo (o nome das frutas, cálculos de matemática ou simplesmente bons modos em público); fazer um almoço para seus pais; sair a sós com o maridão e reafirmar os vínculos do casamento. Você também não precisa gastar mais do que uma hora diária com este tipo de tarefa.
Atividades boas, mas não imprescindíveis
Neste grupo, está tudo aquilo que nos proporciona prazer imediato, mas não traz grandes benefícios para o futuro. Exemplos: ir a uma happy hour despretensiosa, bater perna no shopping, assistir à novela. “Esse tipo de programa só deve ser feito quando as prioridades estiverem concluídas”, explica Villela da Matta
Delegáveis
Aqui estão aquelas tarefas chatas, necessárias, mas que não precisam ser feitas necessariamente por você. O supermercado é um clássico. Você pode muito bem pedir para que seu marido ou sua empregada faça as compras ou decidir solicitar tudo pela internet. Assim você reserva seu tempo para os outros grupos de ações.
Elimináveis
Ou seja, tudo aquilo que não serve para nada, nem para o prazer momentâneo, nem para conquistar objetivos futuros. O tempo perdido no congestionamento ou em deslocamentos inúteis são dois bons exemplares delas. Quando não for possível simplesmente deixar de fazer esse tipo de ação, Villela aconselha a revertê-las em atividades positivas. Uma ideia é usar o tempo do trânsito para ouvir um audiobook ou esperar o pior passar em uma academia perto do trabalho.
Além destas orientações gerais, selecionamos uma série de sugestões práticas para ajudá-la a organizar a vida da família:
- Tenha uma agenda para a casa: pode ser no computador, sobre a mesa da cozinha ou até em uma lousa presa sobre uma parede em lugar visível. Ali, anote todos os compromissos familiares, das consultas ao médico aos dias de folga da empregada.
- Planeje o menu uma vez por semana: em vez de perder tempo e paciência todos os dias, pensando no que fazer para sua família comer – e, com muita frequência, sair correndo para comprar o ingrediente que está faltando -, organize um cardápio semanal e faça compras de produtos perecíveis de acordo com ele.
- Faça um diário do seu recém-nascido: não estamos falando aqui de anotações sobre as gracinhas e principais conquistas de seu filho. Ou, pelo menos, não só disso. A ideia é que você faça uma planilha e registre de forma rápida e objetiva (ticando ou escrevendo “sim” e “não”, por exemplo) dos horários e durações das mamadas, peito oferecido a cada uma delas, trocas de fraldas, conteúdo das fraldas (xixi ou cocô), entre outras informações importantes. “Assim será possível fazer uma análise mais precisa do que se passou naquele dia”, aconselha a enfermeira Denise de Paula, especialista em puericultura.
- Deixe a bolsa de passeio do bebê sempre pronta: nela, coloque tudo o que é necessário – fraldas, lenços umedecidos, pomadas contra assaduras, mamadeira limpa, troca de roupa, brinquedinho, carteira do plano de saúde.
- Envolva os filhos nas tarefas domésticas: ao contrário dos adultos, as crianças, sobretudo as pequenas, têm uma capacidade fantástica de encontrar divertimento em quase qualquer tarefa. Assim, arrumar uma cama, guardar as roupas no armário ou organizar os brinquedos pode se transformar em um programão para eles e um alívio para você.
- Disponha da tecnologia: hoje em dia, para quase tudo existe um aplicativo para telefone ou um site na internet que resolve o problema. Precisa abastecer a dispensa? Alguns cliques e seu supermercado preferido entrega as compras na sua casa – e tem aplicativo para isso também. Está atrapalhada com as mamadas do recém-nascido? Uma porção de programas para aparelhos móveis promete guardar informações sobre elas para você. Isso sem falar na agenda do celular, no alarme do Outlook, e por aí vai…
- Programe suas contas: para não correr o risco de esquecer dos pagamentos e fazê-los com pressa, cinco minutos antes de o banco fechar, assim que receber uma fatura, programe no site de seu banco o pagamento automático ou anote na agenda o vencimento um dia antes da data máxima.
- Deixe de lado a supermulher que existe em você: primeiro porque ela é uma fantasia. Segundo porque quem mais sai perdendo com esse tipo de atitude é você mesma, que se sentirá cansadíssima e muito pouco reconhecida pelos principais beneficiados: a família e os colegas de trabalho.
- Divida com o marido a tarefa de levar os filhos às festas de fim de semana ou à escola; considere ter o melhor corpo que você pode ter, não aquele das jovenzinhas da novela das nove; negocie com seu chefe e companheiros da empresa os seus compromissos e garanta que eles caibam na sua jornada de trabalho.