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Filme de Estela Renner mostra que meninas são mais que princesas

Em parceria com a Avon, o novo documentário da diretora de "O Começo da Vida" reflete sobre o impacto das palavras usadas desde a infância. Entenda!

Por Nathália Florencio
Atualizado em 19 out 2017, 03h32 - Publicado em 18 out 2017, 22h34

Princesa, linda e bonita. Se você é mãe (ou pai) de menina, provavelmente esses adjetivos fazem parte do seu vocabulário e, mais que isso, são os mais usados para se referir à sua pequena. É o que apontou uma pesquisa online feita pela Avon com cerca de mil pessoas em várias regiões do Brasil. 

Você pode estar se perguntando: e que mal há nisso? Nenhum, não fosse o fato de que enquanto as meninas são elogiadas apenas pela sua aparência, os meninos são valorizados por suas habilidades e chamados de “fortes”, “corajosos”, “espertos” e “inteligentes”! E é uma reflexão sobre o impacto dessa desigualdade no discurso que o documentário Repense o Elogio, lançado na última terça-feira, 17, propõe.

Dirigido pela cineasta Estela Renner (à frente também de O Começo da VidaMuito Além do Peso e Criança, a Alma do Negócio), o filme traz depoimentos de crianças, jovens e adultos – entre eles a cantora MC Soffia, de 13 anos, e as youtubers Carol Santina e Natália Correa – e demonstra como as palavras constroem estereótipos de gênero, que limitam tanto as meninas quanto os meninos.

Isso fica bem evidente ao longo dos 46 minutos do documentário, que teve uma produção que durou 10 meses e contou com mais de 80 pessoas entrevistadas nas cidades de São Paulo, Curitiba, Piracicaba, Santos e Recife. Há o relato de um garotinho, por exemplo, dizendo que “princesas são bonitas, mas não são inteligentes”, muito menos corajosas – essas são características do príncipe! Como também há um adolescente contando que nunca se sentiu livre para expressar seus sentimentos.

A atriz Tais Araújo esteve presente no lançamento de Repense o Elogio e falou sobre a experiência que tem em casa. “Meu filho é uma criança extremamente sensível e ‘sensível’, para menino, tem que ser um elogio e não um defeito”, defendeu a artista, que é mãe de João Vicente, de 6 anos, e de Maria Antônia, de 2 anos e 8 meses.

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Agora, quantas vezes você já não ouviu – ou até reproduziu – aquela velha frase de que homens são fortes e não choram? E isso é colocado na cabeça dos meninos desde muito cedo! Assim como é cultural afirmar que a mulher é o sexo frágil. Eles são racionais; elas, emotivas! São estereótipos amplamente disseminados na sociedade e que começam a se manifestar já na infância. “As palavras têm o poder de concretizar coisas”, disse um dos participantes do longa.

É por isso que estar atento aos adjetivos usados para definir as crianças não é um exagero! O desequilíbrio entre os elogios direcionados aos meninos e às meninas pode parecer inofensivo, mas eles são importantes instrumentos para a construção da autoestima dos pequenos, de quem eles acreditam que são e de quem poderão vir a ser no futuro.

“Elogiar é um julgamento favorável, mas que prende! E a criança pensa que se ela não corresponder a esses elogios ela não terá mais amor. As palavras moldam quem somos. Por isso, o documentário é um debate sobre igualdade de gênero e celebração às diferenças – diferença é a regra e não a exceção”, ressaltou Estela Renner durante a coletiva de imprensa.

Ao expandir o leque de adjetivos do nosso vocabulário, ampliamos a gama de possibilidades para que meninos e meninas sejam o que quiserem. Damos liberdade para que eles sejam independentes – sem padrões! Isso não significa que elogios como “princesa” ou “delicada” devam ser abolidos ou proibidos. Só é necessário ir além! “Eu sempre quis que me chamassem de heroína, vencedora. Não só de princesa”, afirmou Carol Santina no documentário. Elas podem ser fortes, guerreiras e determinadas. 

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“A gente quer ser linda, mas não SÓ isso. Esse é um movimento importante, de mudança do ponto de vista pedagógico, para educar as nossas crianças, e sociológico, pois a realidade também é construída por meio do discurso”, afirma a educadora Gabriela Tebet, pesquisadora da UNICAMP sobre temas voltados à infância.

“Estamos empenhadas em não deixar ninguém para trás, lutar contra a desigualdade e valorizar a diversidade. Dar condições para que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e direitos. Podemos começar escolhendo os nossos elogios”, finalizou Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, que também participou do lançamento do filme.

Assista ao documentário:

 

 

 

 

 

 

 

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