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Quando nasce um bebê…

Com a chegada da maternidade, as mulheres escutam muitos palpites e acabam se cobrando para serem boas mães aos olhos da sociedade. Confira o relato de uma mãe que resolveu aceitar as suas próprias imperfeições e passou a considerar mais as escolhas que vêm do coração.

Por Luísa Massa
Atualizado em 26 out 2016, 19h48 - Publicado em 16 mar 2015, 10h39

Elaine Violini, 32 anos, é psicopedagoga e professora de educação física, mãe da Valentina, de 1 ano e 10 meses, e idealizadora do blog Boa Mãe. Aqui, ela conta sobre como decidiu encarar a maternidade com mais leveza. Confira!

“A frase “quando nasce um bebê, nasce uma mãe”, conhecida por todos, foi a que eu mais ouvi durante a minha gravidez. Pouco tempo depois que a Valentina nasceu li nas redes sociais: “quando nasce um bebê, nasce uma mãe. E quando nasce uma mãe, nasce a culpa”. Achei fantástica a constatação – era exatamente isso que eu sentia.

O tempo foi passando e com a minha experiência, fiz algumas considerações nessa citação: “quando nasce um bebê, nasce uma mãe, a culpa e as frases – agora você tem que fazer tal coisa e isso não pode”. A você que está lendo esse texto agora, peço que faça uma reflexão: quantas vezes nós, mães, não ouvimos a frase citada acima? Aposto que inúmeras!

Comigo não foi diferente. Eu recebi palpites e até críticas – desde a escolha do parto, o fato de não querer saber o sexo do bebê pelo ultrassom, a questão de escolher não oferecer nenhum alimento para minha filha até que ela completasse seis meses de vida. Tenho certeza de que a mãe que eu sou hoje traz reflexos da minha história de vida, do meu aprendizado diário desde que a Valentina chegou ao mundo, das experiências que troquei com as minhas amigas e do conteúdo que encontrei em livros e na internet sobre a maternidade.

Com isso tudo, eu aprendi que sou a mãe que posso ser para a minha filha. Alguém que se alegra e se emociona com um simples sorriso da pequena, mas que, por dentro, tem medo de não ser boa o suficiente. Uma mãe que ficou perdida muitas vezes, até mesmo quando leu que quem deixa o bebê chorar um pouco – principalmente antes de dormir – está contribuindo para o fracasso psicológico da criança. Detalhe: eu fiz isso.

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Também ouvi o discurso de que pai do século XXI TEM que trocar fraldas, dar mamadeiras, acordar de madrugada e dividir todas as tarefas da casa com a esposa. O meu marido, por exemplo, nunca trocou uma fralda da Valentina e, mesmo assim, ele é um pai exemplar para a nossa filha. Enfim, escutei várias outras constatações que diziam que os pais deveriam fazer obrigatoriamente tal coisa, que “isso” era certo e “aquilo” errado.

Mas depois que eu me tornei mãe, as coisas ficaram mais claras e percebi que não existe certo ou errado. Até pode haver para a sociedade, que tem um código de conduta preestabelecido que molda os seres humanos. Ainda mais quando esse indivíduo é mãe – aí as cobranças e os palpites não param mesmo de crescer.

Acontece que não somos mercadorias moldadas, e sim, pessoas. Acredito que existe o que é bom para a rotina familiar de cada um. O que realmente importa é o que funciona para a sua família, que muitas vezes, não tem nada a ver com o que é estabelecido para a minha. A partir do momento em que eu entendi que sou a melhor mãe que a minha filha poderia ter e que reconheci que faço o melhor para ela, as coisas começaram a esclarecer. Se você ainda não é mãe, acredite: mães erram tentando acertar.

Chegou a hora de nós, mulheres, entendermos que não temos que fazer nada por imposição da sociedade. Devemos agir analisando as escolhas do coração e da mente, escolhendo por aquilo que acreditamos que seja o melhor para os nossos filhos. A única obrigação que precisamos ter – a meu ver – é aprender a amar nossas crianças, pois com esse sentimento conseguimos proporcionar um ambiente acolhedor e aconchegante para eles.

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Dessa maneira, vamos educa-los como seres humanos e mostrarmos o verdadeiro valor da vida. Afinal, quem ama, educa. Se eu pudesse dar um conselho as mães que estão lendo esse texto seria: tirem o peso que vocês atribuem a própria culpa, ao medo de errar, a busca da perfeição e a expectativa de querer agradar a tudo e a todos. Permitam-se viver com mais leveza, principalmente a maternidade.

Nenhum filho fica traumatizado se chorar um pouquinho, não fica desnutrido se comer uma papinha industrializada em uma emergência. O pequeno também não vai deixar de amar os pais se eles o deixarem sobre os cuidados de alguém de confiança para resolver algumas pendências ou mesmo se eles quiserem sair para namorar. Ninguém sabe o que é o melhor para a criança do que a mãe e o pai. Pode parecer difícil, mas a resposta para a maioria das questões está no interior de cada um de nós. Por isso, ouça o que as pessoas têm a dizer, mas considere o que é viável levar para a sua vida.

Para terminar o depoimento, finalizo com um trecho que me identifico muito de um psicanalista: “vocês vão perceber que as coisas para mim são sempre uma questão de crescimento e desenvolvimento. Nunca penso no estado de uma pessoa aqui e agora, a não ser em relação ao meio ambiente ao crescimento dela desde a sua concepção até a época do nascimento” (D. W. Winnicott). Acredito que devemos pensar mais sobre isso!”

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