Pertencer a comunidade LGBTQIA+, como é o caso desta repórter que aqui escreve, é trilhar uma jornada de orgulho, mas também de luta por respeito e contato com algumas inseguranças diante de situações que podem, em um piscar de olhos, refletirem a homofobia que ainda nos ronda.
O desabafo do professor Gustavo Porcino, no Facebook, viralizou os últimos dias de setembro e mostra isso ao revelar que foi surpreendido por uma avalanche de perguntas dos seus alunos sobre a suposta namorada dele e, mais tarde, pelo acolhimento ao revelar sua orientação sexual.
Na época, os estudantes não sabiam que Gustavo é noivo de um homem e isso levou o professor a tentar se desvencilhar das constantes perguntas sobre seu relacionamento. “O fatídico dia chegou. Estou eu, dando aula tranquilamente, quando no meio de uma divisão me surge o seguinte questionamento: ‘professor você namora?’ e ‘qual o nome da sua namorada?’, duas perguntas tão simples mas que para alguns é um frio na espinha (e eu me incluo dentro dessa)”, escreveu na publicação.
Só que os alunos continuaram tentando saber. Perguntaram qual era o nome, pediram a primeira letra para tentarem adivinhar, a cor do cabelo e até brincaram que eles contavam tudo para o professor e ele não queria sequer dizer quem era a sua namorada. “Até que de tantos nomes femininos, eu ouço lá do final da sala ‘É VICTOR?’. Eu disse que sim e fiquei esperando a reação”, lembra Gustavo.
O carinho quando menos se espera
Nesta hora, uma série de possíveis situações homofóbicas passam na nossa mente, com os comentários mais doloridos que já ouvimos e poderíamos nos deparar novamente. Mas o professor foi surpreendido com o respeito dos pequenos, ouvindo perguntas preocupadas sobre o seu noivo gostar daquela turma e se eles um dia poderiam conhecê-lo.
“A próxima pergunta foi: ‘ele dá aula aqui?’, ‘ele também é professor?’, ‘traz ele aqui pra gente conhecer’, ‘ele gosta da gente?’. Senti uma tranquilidade que não coube em mim. Crianças de dez, 11 anos, já entendem que existe o amor independente do sexo. Ninguém ficou chocado por ser dois homens, mas sim, preocupados se o Victor iria gostar deles e se ele iria um dia lá”, conta Gustavo na publicação.
O professor ainda fez uma reflexão sobre o quanto o mundo ainda nos priva da liberdade de demonstrar o amor, independente da sua forma. Mas para os menores, a situação tende a ser mais simples. Inclusive, para tranquilizar ainda mais o coração de Gustavo, ele recebeu um cartaz carinhoso da sua aluna Lívia, celebrando o casal. O amor vence!
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