Ariane Oliveira, 32 anos, é mãe do Gabriel, de 3 anos, nutricionista, idealizadora do blog 20 Minutos Pra Tudo e autora do livro Descomplicando a Maternidade. Aqui, ela fala sobre como é importante ensinar desde cedo o valor do respeito para as crianças.
“Outro dia estava no elevador de um shopping. Havia uma moça grávida com dois meninos do lado e ouvi uma senhora perguntar: “É uma menininha?”. A moça respondeu: “Outro menino!”. A senhora disse uma coisa que está martelando até agora na minha cabeça: “Que sorte! Tive duas meninas, mas esse mundo é para os homens!”. Isso me incomodou muito. Sou mulher, amo ser mulher, sou mãe, sou feliz, mas como assim o mundo não é para mim?
Nas manchetes dos jornais e nas páginas da internet vemos casos e mais casos de violência contra a mulher – estupro, assassinato, surras. O mercado de trabalho é cruel: mulheres com salários menores do que homens que ocupam a mesma função, muitas demitidas, outras não conseguem voltar para o emprego depois de serem mães.
E então me pergunto: será que aquela senhora do elevador está certa? Dói. Dói no estômago saber da falta de respeito do mundo com as mulheres. Por que ainda há tanta discrepância? Para mim o grande problema é a falta de respeito. Não, não tenho que me “dar ao respeito” por ser mulher. Tenho que receber o respeito e tenho que respeitar. Isso é o que os meninos devem aprender desde cedo.
Como mãe de um menino, me pergunto o que posso fazer para que o meu filho respeite as mulheres e entenda que nós não somos objetos de desejos. Minha posição para acabar com essa desigualdade é ensinar a ele o que é respeito. E dizer que, sim, ele tem que respeitar as pessoas, precisa ver a mulher como alguém que tem com os mesmos direitos e deveres que ele. Quando um ser humano aprende o que é respeito, ele não enxerga cor de pele, não vê diferenças de gêneros, opções sexuais, crenças e ideais. Ele simplesmente respeita a cor, as decisões e diferenças alheias. Assim, o mundo evolui, a paz acontece.
Dou exemplos para o pequeno, mostro que devemos fazer com os outros o que gostaríamos que fizessem conosco, digo que ele deve agir de uma forma cordial, considerando as opções das pessoas porque cada um tem o direito de escolha, contanto que não prejudique o outro. Se uma criança aprende a ter respeito, ela entende o que precisa para conviver em sociedade com toda a diversidade que o ser humano tem.
Não adianta, essa atitude tem que começar de nós. Como mães e pais, devemos ensinar respeito, igualdade e amor. Eu tenho tentado e não vou desistir, pois ainda acredito nesses valores. Meu filho é o futuro, ele vai acreditar também que no mundo há, sim, muito espaço para as mulheres!”