Durante a gestação, Talita Rodrigues Nunes, hoje com 35 anos, ouviu muitos palpites negativos em relação à maternidade. Porém, depois que o pequeno Vinicius nasceu, ela percebeu que o otimismo era o melhor caminho e criou um blog para compartilhar suas reflexões e levar adiante a ideia de que tudo melhora conforme as fases passam – tudo no seu tempo, com paciência e amor. Conheça essa história!
“Sempre soube que um dia seria mãe, mas tentei adiar ao máximo, afinal, a vida de casada estava tão boa! Fazíamos planos de última hora, viajávamos apenas com bagagem de mão, podíamos passar um fim de semana inteiro no sofá…
Eu passei mais de três anos estudando para um determinado concurso público e, depois de ter passado para o cargo que almejava, queria aproveitar os benefícios de uma vida financeira relativamente tranquila. Claro que voltaria ao trabalho depois da licença-maternidade, mas ainda queria viajar muito antes de ter uma criança sob minha responsabilidade.
Até que chegou o dia em que a vontade de ser mãe ficou mais forte que tudo – eu estava com 31 anos de idade e sete de casada. É incrível como a gente muda o foco e só pensa em engravidar! Levamos três longos meses para conseguir um positivo no teste de gravidez e eu estava feliz com o momento da vida em que isso aconteceu: já tinha aproveitado alguns anos sozinha com o maridão, a vida financeira estava estável e o relógio biológico estava apitando.
Ah, estar grávida foi a experiência mais plena de toda minha vida! Eu me achava linda, era paparicada por todos (até mesmo desconhecidos!), só me permitia coisas que me fizessem feliz. Como não amar?
Porém, foi nessa época que eles começaram: os palpites. Toda mãe conhece bem o que é isso! Assim como os paparicos, os palpites vêm de todos os lados e envolvem diversos assuntos. Uma coisa que eu ouvi muito (e ainda escuto, é bem verdade) é que filho é como videogame: cada fase é mais difícil que a anterior.
Aliás, o fato de estar grávida parece que atrai comentários e histórias de todos os lados. É um tal de ter desconhecidos passando a mão na nossa barriga e pessoas que antes mal te cumprimentavam agora te contando longas histórias. Nem sempre são histórias com finais felizes – a maioria não é. Mas eu fui uma grávida bem tranquila, não me abalava muito com coisas assim.
Tanto que agora, quase quatro anos depois do nascimento do meu filho, posso dizer que eu discordo completamente daquele conceito do videogame! Eu penso que o filho, a nossa relação com ele e a vida, de um modo geral, só melhoram.
Os primeiros meses – especialmente os três primeiros – são mesmo um caos! A vida fica uma loucura com a chegada de um bebê. Leva um tempo até que as coisas voltem aos trilhos. Mas elas voltam! Devagar, com calma, no seu devido tempo, a gente vai percebendo que tudo melhora.
Não vou mentir: o primeiro ano de vida do filhote pareceu que levou um século para passar! Muita coisa nova para descobrir, aprender, entender, adaptar. No segundo ano as coisas já foram melhorando.
Melhora muito quando todos passamos a dormir 6 horas seguidas. Melhora muito quando não somos a única fonte de alimento deles. Melhora MUITO quando eles conseguem falar o que querem. Melhora um tanto quando eles conseguem passar um dia na casa da vovó. Melhora MUITO MESMO quando a gente consegue se entender – claro que isso nunca é 24 horas por dia, mas é a maior parte do tempo.
Sim, algumas pessoas podem me chamar de otimista. E querem saber de uma coisa? Penso que sou mesmo. Eu prefiro ver as coisas pelo lado bom. Minha mãe me ensinou a fazer essa escolha.
E fazendo essa escolha de olhar o filhote e o mundo com olhos otimistas tento levar a maternidade de uma forma mais leve. Certamente, virão novas fases e novos desafios. Mas assim como os anteriores, os novos também serão superados – no seu tempo. Alguns precisarão de um pouco mais de paciência, outros demandarão ajuda externa – lágrimas e sorrisos fazem parte da vida de toda mãe (e de cada pessoa). Mas já aprendi que a vida só melhora!
Ainda não sei se haverá uma segunda gravidez por aqui. Lembro da delícia que foi estar grávida e quero muito passar por isso novamente. Ao mesmo tempo, lembro do caos da chegada de um filho e fico receosa. Cabeça de mãe é mesmo muito confusa, como costumo dizer. Mas respiro fundo e sigo em frente.
Foi para compartilhar essa minha forma de ver a maternidade que surgiu meu blog. Não consegui pensar num nome mais adequado que esse: Só Melhora! É por lá que continuo fazendo minhas reflexões de vida pós-maternidade. Essas reflexões também são feitas em forma de poesia e de projetos de scrapbook. Mas não se enganem: apesar de acreditar que a vida só melhora, falo da maternidade real (não daquela de comercial de margarina).
Para mim, a maior riqueza de um blog é a possibilidade de trocar experiências. Acredito que ninguém precisa ser uma mãe perfeita ou a melhor mãe do mundo. Precisamos apenas ser mães (e pais) possíveis: o melhor que podemos ser. E é assim que a vida só melhora!”