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Pais alertam sobre doação de órgãos com fotos da filha de 2 anos

Em luto, casal compartilhou imagens das últimas horas da filha em família para despertar a conscientização sobre o problema de coração que ela tinha.

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 9 fev 2018, 16h50 - Publicado em 8 fev 2018, 20h31

As últimas horas de vida da pequena Adalynn Grace Rogers, no dia 26 de janeiro, foram ao lado dos pais e dos três irmãos, que queriam aproveitar cada segundo que ainda tinham com ela. Também foram documentadas em fotos, para despertar a conscientização sobre o problema de coração que vitimou a garotinha de 2 anos de idade e a importância da doação de órgãos.

“É uma outra visão sobre a vida dela e o que ela passou. Foram nossos momentos finais com ela”, disse Justin Rogers, o pai de Adalynn, à revista People.

Adalynn nasceu no dia 11 de janeiro de 2016 com Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo (ou Hipoplasia de Ventrículo Esquerdo). De acordo com a Associação de Assistência à Criança Cardiopata – Pequenos Corações, trata-se de uma síndrome rara, que acomete um a cada cinco mil bebês nascidos vivos, corresponde a 8% das cardiopatias congênitas e afeta a circulação sanguínea pelo coração.

Por causa dela, a menina teve que ser operada com apenas dois dias de vida e só teve alta da maternidade aos dois meses.

A mãe, Kristi Rogers, contou que “ela tinha que ser alimentada por uma sonda, mas todo o resto ela fazia como um bebê normal”.

O desenrolar dos problemas

Tudo mudou quando Adalynn teve uma insuficiência cardíaca, em 8 de novembro de 2017. Os pais foram informados de que ela precisaria de um transplante e, um mês depois, uma bomba mecânica foi implantada para ajudar nos batimentos cardíacos dela. Tudo que a família podia fazer, àquela altura, era esperar pelo coração que a salvaria. “Dava medo, porque não sabíamos quando ou se esse coração viria”, lembrou Kristi.

A esperança foi abalada no dia 23 de janeiro de 2018. Por causa de uma hemorragia interna, Adalynn precisou passar por uma tomografia computadorizada. Logo depois do procedimento, enquanto sua respiração estava sendo mantida artificialmente, a menina vomitou.

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Os médicos acreditam que ela tenha aspirado o vômito para os pulmões e tenha ficado sem oxigênio por um período de 15 a 25 minutos. Resultado: danos cerebrais. A família foi informada que Adalynn não poderia mais receber o transplante e que, na verdade, nada mais poderia ser feito por ela.

(Suha Dabit/Reprodução)

“Ficamos perdidos”, recordou Justin. “Descobrimos que não havia nada que eles pudessem fazer para salvá-la. Toda a esperança que havíamos construído se foi. Era apenas uma questão de quanto tempo ainda tínhamos com ela até precisarmos desligar as máquinas”.

A decisão de fotografar os momentos finais

Nesse meio-tempo, uma assistente social contatou a fotógrafa Suha Dabit para falar sobre a possibilidade de registrar os últimos momentos da família. Alemã radicada nos EUA, Suha comanda a ONG World of Broken Hearts (em português, Mundo dos Corações Quebrados), em prol da conscientização sobre os problemas de coração congênitos e a importância da doação de órgãos. Ela tem uma filha que recebeu um transplante de coração.

Justin e Kristi concordaram com a ideia das fotos e Suha começou a fotografá-los às 9h da manhã do dia 26 de janeiro. Às 11h58, Adalynn morreu.

A família, naturalmente, estava despedaçada. “Ver nossas crianças terem que se despedir da irmã… Ninguém está preparado para isso”, desabafou Justin. “Dissemos a ela que sentíamos muito por tudo que havia acontecido. Não havia muito o que dizer, a não ser que tomaríamos o lugar dela, se pudéssemos”.

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(Suha Dabit/Reprodução)

A fotógrafa contou que teve que segurar as lágrimas enquanto trabalhava: “Foi muito, muito emocionante.”

Daqui para a frente: sem Adalynn, mas com uma missão

Agora, Kristi e Justin querem lembrar apenas de como Adalynn era feliz quando estava viva. “Não havia um momento ruim com ela. Ela estava sempre sorrindo e fazendo todos ao redor felizes”, recorda Justin.

Mostrando para o mundo um pouco do que a filha passou, o casal também tomou para si a missão de fazer todo o possível pela conscientização sobre a Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo e sobre como a doação de órgãos é importante. Para isso, criaram uma página no Facebook, onde transmitem informação e vendem camisetas para levantar fundos para a causa.

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